A insondável tendência dos preços

Coluna Econômica

É procedimento padrão. Sempre, às vésperas da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) cria-se um clima de terrorismo em relação à inflação.

É manjado o repertório de truques. Se a inflação passada foi baixa, salientam eventuais pressões futuras, sem relação com o histórico de preços. Se a inflação passada foi alta, recorre-se a ela, mesmo que os fatores de alta não estejam mais no horizonte.

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NosuNos últimos dias, por exemplo, o noticiário esteve repleto de matérias sobre a inflação de 2010.

Os principais fatores de pressão não deverão se repetir. Um deles é o preço dos Alimentos. Em 2010 houve recordes de cotação internacional das principais commodities agrícolas, refletindo-se nos preços dos alimentos, da alimentação fora de casa.

Para que os alimentos continuassem pressionando, seria necessário que as cotações internacionais aumentassem ainda mais, em cima de preços recordistas. Como inflação é variação de preços, seria necessário que os preços das commodities aumentassem ainda mais para pressionar a inflação.

Exemplo:

Situação 1: uma determinada cotação salta de 800 para 1.000, houve uma inflação de alimento de 25%.

Situação 2: para que a mesma inflação se repetisse no período seguinte, seria necessário que os preços aumentasse mais 25%, saltando para 1.250. Se ficam nos 1.000 (depois de um salto sempre é difícil que ocorra outro), a inflkação de alimentos seria zero.

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Vamos a um pequeno apanhado do Índice de Preços ao Consumidor da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) para a cidade de São Paulo, para uma análise de tendência.

O índice é dividido em 7 subgrupos. A cada semana é feita uma divulgação parcial comparando a média das últimas quatro semanas com a média das quatro semanas anteriores. Montando um índice semanal e comparando com o de quatro semanas antes, é possível se ter um desenho relativamente claro das tendências de preços.

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O primeiro grupo, Habitação, por exemplo, bateu no pico em novembro, com 2,35% de variação mensal. Depois foi caindo até ficar abaixo de 1%. Na última quadrissemana estava em 0,89%.

O segundo grupo, Alimentação, chegou a ficar em 14% de variação mensal em novembro. Depois, refluiu rapidamente, está em 7,57% agora com perspectivas de acomodamento.

O terceiro grupo, Transportes, sempre é pressionado no início do ano. Está em 3,41% agora. Em fevereiro do ano passado chegou a bater em 19,8% de pressão, mostrando claramente que não terá um peso relevante nos índices de preço deste ano.

O quarto grupo, Despesas Gerais, está caindo lentamente desde novembro, quando chegou a 3,32%. Na última pesquisa, ficou em 2,22%.

O quinto grupo, Saúde, bateu no pico de 6,72% em maio passado. Atualmente, está em 1,02%.

O sexto grupo, Vestuário, continua pressionando, mas também em queda. Em dezembro estava em 5%. Caiu para 3,22%. Até fevereiro deve registrar deflação, à medida que os índices pegarem plenamente as liquidações do início de ano.

O sétimo grupo, Educação, também é pressionado no início do ano. Na última pesquisa bateu em 3,56%. Em fevereiro passado superou os 17%, mostrando que não pressionará os índices de 2011 com a mesma intensidade de 2010. 

Luis Nassif

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