A melhora nas contas públicas

Por Marco Antonio L.

Do iG

Diferença entre risco Brasil e de países desenvolvidos deve cair 

Para analistas, economia brasileira está mais sólida, o que tende a melhorar as notas de dívida 

Aline Cury Zampieri 

Pela primeira vez na história, os investidores enxergaram mais risco de calote dos Estados Unidos que do Brasil. Para analistas, essa inversão é um indicador de que o Brasil fez a lição de casa e tem uma economia cada vez mais confiável.

Os especialistas acreditam que a tendência é de um estreitamento cada vez maior entre o risco do Brasil e de outros países desenvolvidos. Nesta quarta-feira, o colunista do iG Guilherme Barros mostrou que o Credit Default Swap (CDS) de um ano do Brasil tem sido negociado abaixo do norte-americano. A inversão vem ocorrendo desde 20 de maio, de acordo com dados da Bloomberg. O CDS é um seguro usado como proteção para eventuais calotes e a nota brasileira fechou nesta quarta-feira em 39 pontos-base, antes 49,8 nos EUA.

Nos CDS de um ano o Brasil também já passa países como a Itália (48 pontos) e o Japão (38). Reino Unido tinha 19 pontos e a Suécia, cinco.

Os analistas lembram que a taxa do CDS de curto prazo é mais volátil e, portanto, sujeita a variações mais bruscas. Vinícius Brandi, professor do Ibmec, conta que o Congresso dos Estados Unidos discutirá, até 2 de agosto, a renegociação do teto da dívida do país. As discussões são comuns e ocorrem de forma periódica desde 1917 (data em que foi estabelecido um limite legal para o endividamento do país), mas enfrentam um impasse no momento. “Com isso, o risco de curto prazo dos Estados Unidos sobe”, diz.

Já o risco de horizonte mais longo, de cinco anos, ainda mostra um Brasil com 114,7 pontos-base (no fechamento de quarta-feira) ante 52 pontos dos EUA. Mas os especialistas acreditam que a perspectiva é de estreitamento progressivo dessa janela.

“O mundo ficou um pouco pior e o Brasil está melhorando”, resume Álvaro Bandeira, diretor da Ativa Corretora. Entre os fatores que fazem o mundo piorar está o próprio crescimento da dívida dos Estados Unidos e os problemas de solvência de países europeus, como Espanha, Portugal e Grécia, após a crise financeira de 2008.

Nessa semana, a Grécia tem inclusive provocado quedas nas bolsas mundiais, com os investidores preocupados com uma possível moratória. O primeiro-ministro grego, George Papandreou, anunciou aformação de um novo governo nesta quinta-feira e disse que vai buscar um voto de confiança do Parlamento do país, depois de fracassarem suas conversas com a oposição para a formação de um governo de unidade nacional.

Enquanto isso, o Brasil fez a lição de casa e colhe os frutos positivos. “Nossa economia vai crescer novamente acima da média este ano e está mais ajustada”, afirma Bandeira. “Temos um melhor equilíbrio fiscal e, com o risco mais baixo, ganhamos mais visibilidade, atratividade, e podemos até ver nossas classificações de agências de risco aumentarem”, acredita Brandi.

 


Luis Nassif

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