Cunhei a expressão “cabeça de planilha” para me referir aos economistas que, em vez de fazer análises econômicas, procuravam adivinhar os resultados da “planilha do Ilan” – no caso, Ilan Goldfjan, diretor de política monetária do Banco Cental, e responsável pelo monitoramento das metas inflacionárias.
O sistema criou um modelo de auto-alimentação de expectativas que era entrópico. Teoricamente, o BC deveria se monitorar pela média das expectativas do mercado. Mas como o ganho ou perda de uma instituição não está em acertar a inflação ou o PIB do ano, mas em chegar perto do que o BC pensa sobre o tema, a amostra ficava viciada. Aliás, o fenômeno persiste até hoje. Na ocasião, Armínio Fraga me telefonou reclamando da matéria e sustentando que Ilan não era “cabeça da planilha”.
E não é mesmo. Prova disso é o artigo de hoje na página dois do Estadão (“A ‘mexicanização” da economia”). Ilan investe contra o otimismo em relação ao “grau de investimento” da economia brasileira. E alerta que, nada ocorrendo de grave no cenário econômico mundial, nada ocorrerá de bom na economia brasileira, que continuará marcando passo e exibindo índices pífios de crescimento por falta de consenso político sobre os passos a serem dados para retomar o desenvolvimento.
Discordo dele quando enfatiza que o exagero de um ano, nos juros, é a bonança no outro, porque o controle da inflação permite a redução dos juros. Como se exageros de um ano fossem passado a limpo no outro ano, e não deixassem como herança mais dívida e mais serviço da dívida consumindo mais recursos públicos.
De qualquer modo, é um economista que foge dos chavões e das simplificações.
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