A visão do trabalho na sociedade automatizada

Coluna Econômica

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) montou três macrossetores – nas áreas de comércio, serviços e logística -, para discutir o desenvolvimento brasileiro e os impactos sobre o mercado de trabalho.

Com a automação acelerada , tem-se uma mudança estrutural no mercado de trabalho, especialmente no setor de serviços,.

Nos bancos, todo serviço de BackOffice está automatizado. Os caixas eletrônicos e os bancos online ganham espaço a cada dia.

No comércio, os sites de venda também crescem, assim como outras formas de venda, valendo-se da Internet.

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Em todo processo de mudanças radicais nas formas de produção, o trabalho foi arrasado. Foi assim na Revolução Industrial inglesa, na era do fordismo, nos Estados Unidos. E isso porque as mudanças foram inteiramente conduzidas pelas empresas, devido à desorganização e à própria falta de compreensão do processo pelos trabalhadores.

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Agora o jogo é outro. Há consciência sobre a irreversibilidade das mudanças e a necessidade de uma visão estratégica.

A estratégia correta é a de mapear o futuro, entender as características da mudança, para poder participar das discussões e mitigar os efeitos negativos sobre o emprego.

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Tome-se o caso do sistema bancário.

Nas últimas décadas investiu-se fortemente em automação e descuidou-se do recurso humano. Algumas especialidades desapareceram – como o contador e os demais BackOffices de cada agência.

Em compensação, surgiram novas funções nobres, os gerentes de conta, os gerentes de produtos, os técnicos em informática etc.

Agora, que a redução da Selic pela primeira vez provocou a competição dos bancos por crédito, aumentou substancialmente a importância do fator humano,  gerente de conta, fazendo a intermediação entre o cliente e os computadores.

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O início de tudo é o mapeamento das profissões que irão desaparecer e das novas que surgirão. No caso das novas, um levantamento minucioso das competências requeridas.

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O passo seguinte será discutir as formas de reciclagem.

Há uma diferença geracional injusta. Os jovens que chegam ao mercado de trabalho vêm muito melhor aparelhados do que os mais velhos. Em geral, possuem diploma superior, domínio do inglês e da informática.

Por outro lado, experiências relevantes dos anos 90 comprovaram a extraordinária versatilidade do brasileiro para se reciclar.

No final dos anos 90, a Mercedes Benz mecanizou uma área, eliminando o trabalho metalúrgico e introduzindo o eletroeletrônico. A área de Recursos Humanos convocou os metalúrgicos – a maioria dos quais com baixíssimo nível de escolaridade – e ofereceu-lhes um curso. Depois de um mês – segundo me contou na época o diretor Luiz Adelar Sheuer, os brasileiros conseguiram níveis de produtividade comparáveis aos alemães.

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A reciclagem não poderá se prender a formalismos com diplomas. O verdadeiro conhecimento se revela no trabalho diário, na forma como se aprendem as novas funções.

Outro ponto relevante da atividade sindical deverá ser o de discutir no âmbito do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) os financiamentos que provocam concentração econômica – perniciosos para fornecedores, trabalhadores e consumidores.

Luis Nassif

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