Instituição, fundamental no desenvolvimento da agropecuária brasileira e no aumento da oferta de alimentos, hoje busca caminhos para continuar inovando
Redação
Há 40 anos, em 26 de abril de 1973, nascia a Embrapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. O Brasil no início da década de 70 era bem diferente, no campo e, consequentente, na oferta de alimentos, para o morador das cidades.
Em 1972, a safra brasileira de grãos foi de 30 milhões de toneladas, colhida em uma área de 28 milhões de hectares. Hoje esta proporção é bem diferente: a área cultivada com grãos no País é de cerca de 50 milhões de hectares e a produção deve ser superior a 180 milhões de toneladas, segundo estimativa da Conab divulgada na primeira quinzena de abril. O crescimento da oferta de alimentos nos últimos 40 anos fez com que o Brasil passasse de importador para grande exportador de alimentos e foi responsável por uma queda de cerca de 50% no valor da nossa cesta básica.
Atualmente o Brasil ostenta diversos títulos na produção e exportação de produtos agropecuários: é o maior exportador mundial de café, açúcar, suco de laranja, etanol de cana-de-açúcar, frango e soja; o segundo maior exportador de carne bovina, e o terceiro de algodão.
Nas ruas também a situação é bastante diferente. Se no início da década de 70, sentíamos os efeitos da crise do petróleo para abastecer os nossos fuscas e opalas, hoje escolhemos entre abastecer com gasolina ou etanol os nossos carros flex.
Esses avanços, frutos de uma verdadeira revolução no campo brasileiro são resultado da inovação, promovida pela Embrapa e outros centros de excelência em pesquisa agropecuária no Brasil, como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e o Iapar, do Paraná. Entre essas inovações, destacam-se o melhoramento genético, que gerou cultivares de plantas adaptadas às condições de produção tropicais; os avanços na correção e fertilidade do solo, que possibilitaram o cultivo de grãos nas terras antes inférteis do Cerrado brasileiro e o aumento da produtividade com a fixação de nitrogênio no solo, por exemplo; o controle de pragas e doenças, a rotação de culturas e a recuperação de pastagens degradadas; as melhorias na genética e sanidade animal; e, atualmente, programas como a integração lavoura-pecuária-floresta.
Novos caminhos
As oportunidades do agronegócio brasileiro atraíram outros players e a estatal Embrapa, que já chegou a ter 60% do mercado brasileiro de sementes de soja e 30% do de milho, hoje vê essas participações caírem para 9% e 1%, respectivamente, com a entrada das multinacionais de defensivos agrícolas nesse mercado.
A saída, novamente, é inovar, e desta vez no modelo de negócios. Com um orçamento total da ordem de R$ 2 bilhões e sem condições de competir com essas empresas globais que chegam a investir US$ 1 bilhão por ano apenas em pesquisas, a Embrapa vê na cooperação com a iniciativa privada e em novas áreas de atuação uma saída. Essas novas áreas, enumeradas pelo novo presidente da instituição, Mauricio Antônio Lopes, em entrevista ao jornal Valor Econômico em 22 de abril, são a automação, os alimentos nutracêuticos e a sustentabilidade, escolhidas de acordo com as tendências da produção de alimentos, fibras e energia.
Outra saída deverá ser a criação, aprovada em dezembro pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, da subsidiária Embrapa Tecnologias S.A. (Embrapatec), empresa de capital fechado, mais ágil que a estatal e que poderá comercializar tecnologias, produtos e serviços gerados por ela.
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