Alta recorde do dólar vai provocar a falta do arroz na mesa do brasileiro?

A pesquisa do Procon mostrou que a maior variação mensal do ano de 2020 ocorreu no mês de setembro, 21%, quando o pacote que custava R$ 16,87 em agosto passou para R$ 20,35.

Uma pesquisa do Núcleo de Inteligência e Pesquisas do Procon-SP em convênio com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), revelou que o preço médio do pacote de 5 kg de arroz aumentou 71% durante a pandemia da COVID-19.

Segundo o levantamento divulgado na última terça-feira (27), o pacote de 5 kg de arroz em fevereiro desse ano, antes de ser decretada a pandemia, custava R$ 12,78 e passou para R$ 21,83 em outubro.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Alexandre Azevedo Velho, presidente da Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul), o estado maior produtor de arroz do país, atribuiu o aumento do preço de arroz nas prateleiras a diversos fatores, entre eles, o cenário mundial vivido por outros países produtores do cereal.

“A mudança de patamar do preço do arroz faz parte de uma conjuntura mundial em 2020, grandes países produtores como a China, Índia e também a Tailândia diminuíram suas exportações em função da pandemia e da questão da segurança alimentar”, declarou.

A pesquisa do Procon mostrou que a maior variação mensal do ano de 2020 ocorreu no mês de setembro, 21%, quando o pacote que custava R$ 16,87 em agosto passou para R$ 20,35.

O levantamento foi realizado em 40 supermercados distribuídos nas cinco regiões do município de São Paulo e abrange 39 itens dos grupos de alimentos, higiene pessoal e limpeza doméstica.

Outro motivo que levou ao aumento do preço do arroz nos supermercados brasileiros, de acordo com Alexandre Azevedo Velho, é a taxa de câmbio, com a desvalorização do real em relação ao dólar.

“Isso favoreceu muito a competitividade do arroz brasileiro e consequentemente a exportação teve volumes maiores durante este ano. Temos também uma paridade maior com relação ao Mercosul e isto dificulta a entrada de arroz do Mercosul valorizando o mercado interno”, destacou.

O produtor também explicou que a área plantada do arroz no Brasil diminuiu muito. Alexandre Azevedo Velho calcula que só no Rio Grande do Sul, que corresponde por 70% da produção nacional, a área plantada do arroz diminuiu mais de 250 mil hectares.

“Essa diminuição de área também provocou um ajuste na oferta e demanda. Justamente neste ano de 2020, em função da pandemia, nós tivemos uma mudança de comportamento por parte do consumidor que ficou mais em casa e consequentemente aumentou o consumo de produtos como o arroz”, disse.

Alexandre Azevedo Velho disse que o consumo de arroz no Brasil aumentou para quase um milhão de toneladas durante a pandemia.

“Se calcula que o aumento do consumo de arroz no Brasil passa de 10%, isso significa dizer que nós aumentamos para quase um milhão de toneladas o consumo anual, já que a demanda brasileira de arroz está calculada em pelo menos 900 mil toneladas por mês”, afirmou.

Apesar de a pesquisa do Procon ter detectado um aumento de 71% nos preços do arroz, Alexandre Azevedo Velho calculou um aumento de 28,5% no preço do arroz e disse que o produto continua acessível para os consumidores brasileiros.

“Essa mudança já era prevista e uma família de quatro pessoas, mesmo pagando R$ 4,50 pelo quilo do arroz que consome todos os dias, não vai gastar mais do que R$ 25 por mês. Isso demonstra que o arroz ainda é um produto acessível”, defendeu.

Segundo o produtor, o preço do produto não representa uma grande fatia do valor geral da cesta básica.

“O cálculo da participação do arroz na cesta básica é somente de 2% a 3%, isso mostra que o arroz mesmo nesse novo patamar continua sendo um produto acessível aos consumidores”, declarou.

O presidente da Federarroz disse que o Brasil vende o produto principalmente a países da América Central.

“A maior venda para o mercado externo se deve a este câmbio acima de R$ 5, muitos mercados da América Central são os principais compradores do arroz brasileiro”, explicou.

Outro ponto salientado por Alexandre Azevedo Velho é de que não há riscos de faltar arroz nas prateleiras dos mercados do Brasil.

“O mercado nacional está abastecido, o governo brasileiro acabou diminuindo a Tarifa Externa Comum para trazer arroz de fora para garantir esse abastecimento, mas nós temos arroz suficiente para chegar até a próxima safra que já deve iniciar a partir do mês de janeiro”, afirmou.

Redação

8 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    1. Todos pobrezinhos com sua picapes reluzentes, enquanto isto o país passa fome. O grande governo brasileiro além de financiar a safra gasta mais dólares (pagando mais caro, outra “jenialidade”do trio Teresa, Guedes e Jair) importando o produto e tentando segurar os preços que ele mesmo ajudou a construir.
      Pelo que me consta todos os anos batemos recordes de produção e nunca enfrentamos tal desajuste (só para constar tenho 56 anos e não nasci ontem) e não vale atribuir ao consumo na pandemia.

      Parafraseando eu uso a frase mequetrefe….Pobre país rico mas de muito fácil explicação (conselho troca por espoliação).

      Talvez eu siga o conselho do sujeito que ocupe cadeira de presidente e vá comprar o produto na Venezuela pois eles compraram quase 20% da safra e provavelmente por lá o Kg esteja mais barato.

      Putz haja saco.

      1. “Todos pobrezinhos com sua picapes reluzentes, enquanto isto o país passa fome.” Qual o sentido da ironia? Compare-os com os grandes plantadores de soja, milho, carne. Me ache os latifúndios produtores de arroz no RGS.

    2. Todos pobrezinhos com suas picapes reluzentes, enquanto isto o país passa fome. O grande governo brasileiro além de financiar a safra gasta mais dólares (pagando mais caro, outra “jenialidade”do trio Teresa, Guedes e Jair) importando o produto e tentando segurar os preços que ele mesmo ajudou a construir.
      Pelo que me consta todos os anos batemos recordes de produção e nunca enfrentamos tal desajuste (só para constar tenho 56 anos e não nasci ontem) e não vale atribuir ao consumo na pandemia.

      Parafraseando eu uso a frase mequetrefe….Pobre país rico mas de muito fácil explicação (conselho troca por espoliação).

      Talvez eu siga o conselho do sujeito que ocupe cadeira de presidente e vá comprar o produto na Venezuela pois eles compraram quase 20% da safra e provavelmente por lá o Kg esteja mais barato.

      Putz haja saco.

    3. Todos pobrezinhos com suas picapes reluzentes, enquanto isto o país passa fome. O grande governo brasileiro além de financiar a safra gasta mais dólares (pagando mais caro, outra “jenialidade” do trio Teresa, Guedes e Jair) importando o produto e tentando segurar os preços que ele mesmo ajudou a construir.
      Pelo que me consta todos os anos batemos recordes de produção e nunca enfrentamos tal desajuste (só para constar tenho 56 anos e não nasci ontem) e não vale atribuir ao consumo na pandemia.

      Parafraseando eu uso a frase mequetrefe….Pobre país rico mas de muito fácil explicação (conselho troca por espoliação).

      Talvez eu siga o conselho do sujeito que ocupe cadeira de presidente e vá comprar o produto na Venezuela pois eles compraram quase 20% da safra e provavelmente por lá o Kg esteja mais barato.

      Putz haja saco.

  1. O Brasil produzia historicamente 12 mi de ton; com a redução da rentabilidade entre 2016 e 2019, diminuiu a área plantada e a produção baixou para 10,5 mi de ton; com mercado em baixa, o governo deveria ter entrado e feito estoques reguladores, o que não fez; até 2015, os estoques finais eram em torno de 900 mil ton; de lá para cá somente baixou, e este ano vai fechar em 400 mil ton; a produção reduziu para 10,7 mi de ton nas duas últimas safras e exportação em torno de 1,3 mi de ton/ano. A liberação de tarifa zero para importar 400 mil ton até o final do ano representa o consumo de 15 dias; tem empresa importando mesmo com a tarifa de 12% para honrar compromissos. Agora é rezar que a nova safra, que vai entrar no mercado somente em fev/mar de 2021, seja a estimada de 12 mi de ton.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador