Antes da luz, as trevas

Não adianta. Por mais que se decrete o fim da história, os ciclos econômicos e políticos se repetem.

Nos anos 20, o fim do sonho do liberalismo exacerbado levou, ainda durante a Segunda Guerra, à formação da estrutura de governança mundial que, com todos seus defeitos, conduziu o mundo por caminhos mais justos nos trinta anos seguintes. Mas, antes, houve o nacionalismo exacerbado, o nazismo, o fascismo.

O novo mundo que emergirá da crise será melhor. Haverá a volta do trabalho solidário, a afirmação da defesa do meio ambiente, o combate ao consumismo desvariado, o controle das grandes jogadas financeiras.

Mas antes, agora, estamos no meio do terremoto e das sombras. Ataques xenófobos contra a brasileira na Suiça, manifestações contra imigrantes na Europa, manobras protecionistas se disseminando.

Um dos desafios será impedir que essa loucura coletiva contamine as próximas eleições presidenciais. Se bem que há muito esgoto apostando na barbárie.

Luis Nassif

10 Comentários

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  1. Ricos,pobres,homens,mulheres,
    Ricos,pobres,homens,mulheres,jovens,velhos,não importa o status que se pegue,em situação de desespero,todos tem o mesmo tipo de atitude.
    Este é o DNA humano.

  2. Nassif.

    “Não adianta. Por
    Nassif.

    “Não adianta. Por mais que se decrete o fim da história, os ciclos econômicos e políticos se repetem.”

    Faltou o senhor mencionar outro fator que sucede as “crises capitalistas”.

    Historicamente as crises capitalista levam ao protecionismo, a formação de blocos econômicos fechados, em seguida a criação de blocos militares e de auto ajuda em caso de agressões de blocos antagônicos e por fim …..É só consultar os livros de história escolares.

    Não quero ser pessimista, mas parafraseando o Galeano.

    “”A história é um profeta com o olhar voltado para trás”.

  3. A barbárie já anda por aí. É
    A barbárie já anda por aí. É curioso como esses tempos se parecem aos anos de 1920.

    Se a catarse for mais rápida, pulam-se os nazismos e uma grande guerra.

    Não imagino o que fará a Europa. Saiu-se bem da enrascada que ela mesma gestou desde o final do séc. XIX até as vésperas da guerra de 1939.

    Aproveitou-se magistralmente da polaridade que se iniciava entre os EUA e a Rússia. Conseguiu por o que de melhor havia nos EUA a pensar e a pagar uma fantástica reconstrução.

    Portou-se, nos anos subsequentes, como se pouco devesse, tanto aos EUA, quanto aos russos. Manejou a coisa para que não fosse apenas suborno, mas propriamente reconstrução.

    É a verdaeira responsável pela crise que anda por aí. Isso, a despeito dos efeitos finaneiros mais evidentes estarem nos EUA. A Europa é a maior responsável porque é a origem intelectual da atuação norte-americana.

  4. Nassif,
    A agressão
    Nassif,
    A agressão dos neonazistas suiços poderia ser considerada apenas mais um ato de selvageria de grupos extremistas. Infelizmente, foi mais que isso. Envolveu tb a polícia daquele país que, ao que parece, protege os agressores e desrespeita nossos representantes diplomáticos. E ainda há quem louve em nossa terra a “civilidade” européia.

  5. Nassif, não é só o esgoto que
    Nassif, não é só o esgoto que aposta na barbárie, não. O FHC aconselhou os psdbistas a endurecer a oposição ao governo, mesmo nas medidas que tentem amainar os efeitos da crise no Brasil. Ou seja, vamos apostar no desemprego, no empobrecimento do povo, no descontentamento que gera violência. Uma barbáriezinha para ferrar o Lula e a Dilma. Esse é o grande intelectual, o estadista moderno, orgulho da mídia?

  6. Concordo com o Andrei,
    Concordo com o Andrei, especialmente com o último parágrafo.

    Penso que há a possibilidade de um futuro próximo tenebroso, especialmente na Grã Bretanha, que, pelo que entendi das minhas leituras sobre a atual crise, foi o berço da onda liberal globalizante dos anos 80 e 90 – peço desculpas se isso for grande besteira, sou muito ignorante quanto à Economia, essas minhas impressões são todas formadas por leitura de jornais. Nunca estudei o assunto.

    Curiosamente, acabo de ler no “Guardian”, online, a história de um ex-banqueiro suiço (bem, o banco com certeza é suiço), de nome Rudolf Elmer, que tem consigo milhares de informações sobre contas nas ilhas Cayman (de correntistas físicos e jurídicos), levadas por ele depois de iniciada uma batalha jurídica com o banco para o qual trabalhava. Essas informações já estão em mãos de investigadores norte-americanos, e autoridades suiças o acusam de violação do direito, vigente naquele país, de manter tais informações em segredo.

    Nassif, é a primeira vez que leio uma referência, felizmente acompanhada de breve mas excelente explicação, às trevas que antecederam as luzes no século passado, em ocasião sememlhante à de agora, e à possibilidade (melhor dizendo, probabilidade) de repetição do ciclo no nosso presente. Muito bom esse post.

  7. já se vão 3 dias desde este
    já se vão 3 dias desde este post, mas aí vai, para o caso de alguém se interessar pela matéria no Guardian – que é parte de uma série de reportagens chamada “the tax gap”:

    http://www.guardian.co.uk/business/2009/feb/13/tax-gap-cayman-islands

    há menção a dois clientes latino-americanos, um chefe de polícia anti-drogas mexicano e um político brasileiro (ambos teriam constituído fundos próprios para conservar escondidas suas fortunas ilícitas), mas a maioria da clientela, que também fez isso, parece ser norteamericana e européia.

    abs
    fernando amaral

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