Do Valor
Mesmo com baixa contábil, analistas veem boas perspectivas para a Vale
Por Tatiane Bortolozi e Daniela Meibak
As baixas contábeis de US$ 4,2 bilhões, que serão realizadas pela Vale no balanço do quarto trimestre, consequência da avaliação das operações de níquel de Onça Puma, no Pará, e de ativos de alumínio, foram consideradas positivas pelo mercado, apesar da possibilidade de levarem o resultado da mineradora para o vermelho no quarto trimestre.
O BTG Pactual afirmou em relatório que “o movimento foi antecipado e é parte da ‘limpeza’ em curso no balanço da empresa”.
A expectativa do BTG é de um resultado misto para a companhia no quarto trimestre. Da perspectiva operacional, a mineradora deve mostrar melhora, ajudada por maiores volumes e preços para o minério de ferro. Mas taxas não recorrentes, que devem chegar a cerca de US$ 4,5 bilhões, podem ter grande impacto sobre o resultado.
“Acreditamos que esses efeitos estão em boa parte precificados, e os maiores preços do minério de ferro devem ajudar a ação da Vale no curto prazo”, afirmam os analistas Edmo Chagas, Antonio Heluany e Gregory Goldfinger, do BTG Pactual, em relatório.
A equipe vê mais espaço para ganhos da ação, considerados os meses sazonalmente mais fortes no quarto trimestre. Os investidores também estão confortáveis com os problemas recorrentes, como o excesso de diversificação, os elevados gastos e o aumento de custos, diz o BTG.
“Com a melhora do momento global diante de melhores dados na China, acreditamos que a ação terá suporte”, afirmam os analistas. O banco mantém a recomendação de compra para os recibos da ação nos Estados Unidos (ADRs, na sigla em inglês).
O Bank of America Merrill Lynch (BofA) compartilha a opinião. Para o banco de investimento, as perdas devem ter um impacto limitado no mercado, uma vez que a baixa já era esperada, representa um fluxo de caixa neutro, os desafios operacionais eram conhecidos e a empresa pode ter um benefício fiscal.
A casa de análise manteve a classificação neutra para as ações da companhia e um preço-alvo de US$ 22 para os ADRs.
“A baixa contábil é um sinal claro de que a empresa está limpando o seu balanço. Nós gostamos da nova abordagem da gestão de resolver as pendências fiscais, com foco nos projetos com alto retorno”, afirmaram os analistas Felipe Hirai, Thiago Lofiego e Karel Luketic.
Nesta semana a Vale anunciou acordos para colocar fim a pendências tributárias. No caso da disputa dos royalties com o DNPM, a empresa acertou o pagamento de R$ 1,4 bilhão para um débito de R$ 5,6 bilhões. No caso do ICMS em Minas, a dívida de R$ 2,1 bilhão foi negociada para R$ 663 milhões em vários pagamentos. No caso dos tributos do governo suíço, a Vale acertou pagar impostos adicionais reivindicações pelas autoridades locais no valor total de 212 milhões de francos.
Por volta das 10h50, as ações PNA da companhia caíam 2% na bolsa, para R$ 39,99, e as ON recuavam 2,1%, para R$ 41,35 O Ibovespa tinha baixa de 1,1%, com 60.607 pontos.
(Tatiane Bortolozi e Daniela Meibak | Valor)
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