De O Globo
Mantega admite que país não cumpriu meta de economia para pagar juros e rebate crítica do FMI
Martha Beck
BRASÍLIA – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que o setor público consolidado (que inclui governo central, municípios, estados e estatais) não cumpriu a meta de superávit primário – economia para pagar juros da dívida – em 2010, de 3,1% do PIB, e, por isso, a equipe econômica teve que abater os investimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do resultado. Mas Mantega também rebateu o FMI, que criticou em relatório a deterioração das contas do Brasil.
– Em relação a estados e municípios, eu acredito sinceramente que eles não vão cumprir integralmente (a meta de 2010), então, vai faltar alguma coisa para completar os 3,1% e se usará parte do PAC. Mas estamos melhorando. Fizemos em 2009 e 2010 exatamente aquilo que o FMI sugeriu, fizemos política anticíclica aumentando investimento e gasto. O próprio diretor gerente em diversas ocasiões sugeriu isso. Fizemos à risca. E agora o Fundo diz que houve uma piora. Não procede isso.
OresO resultado do setor público consolidado será divulgado na segunda-feira pelo Banco Central.
‘Velho ortodoxo’
Segundo Mantega, a conclusão do FMI é equivocada e deve ter sido tomada por um “velho ortodoxo”:
– O diretor gerente do FMI (Dominique Strauss-Khan) deve ter saído de férias, e aí algum daqueles velhos ortodoxos do Fundo Monetário escreveu esse monitor e falou essas bobagens em relação ao Brasil – disse o ministro.
Para Mantega, uma prova de que a política fiscal brasileira caminha no sentido certo é o fato de o governo central ter conseguido cumprir a meta de superávit primário fixada para 2010, 2,15% do Produto Interno Bruto (PIB). O ministro adiantou ainda o resultado nominal do ano passado, que será divulgado pelo Banco Central na segunda-feira:
– O déficit nominal de 2010 será entre 2,4% ou 2,7% do PIB, que é menor que o déficit nominal do ano anterior, de 3,34% do PIB. A dívida pública também diminuiu em relação a 2009. Foi de 42,5% do PIB e, em 2010, fechou em torno de 41%. Entre os países citados no monitor do FMI, o Brasil continua como o menor déficit nominal. Portanto, tem uma situação fiscal invejável.
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