As críticas dos FMI aos EUA

Da Folha

Para FMI, falta credibilidade aos EUA

Fundo alerta que deficit publico americano pode chegar a 10,8% do PIB, um risco para uma nova crise global

Relatório fiscal prevê que dívida dos países desenvolvidos superará suas economias; Obama fala hoje sobre tema

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O FMI atacou ontem a”falta de credibilidade” dos EUA para controlar o deficit público e afirmou que o país não só está atrapalhando a consolidação fiscal das economias avançadas como é um risco para nova crise global.

As críticas constam do último relatório “Fiscal Monitor”. Pela projeção do Fundo, a dívida das economias avançadas vai ultrapassar o tamanho das suas economias em 2016, pela primeira vez desde a Segunda Guerra.

O relatório do FMI foi divulgado em um momento em que países europeus enfrentam a crise da dívida e elevados deficits públicos.

Ontem, no entanto, as críticas do FMI foram voltadas para os EUA. Para o Fundo, a previsão de aumento do deficit americano é um contraste em relação ao aperto que deverá ser feito pelos europeus, que vai levar à queda do rombo nesses países.

O deficit público é o quanto as contas do governo ficam no vermelho depois de pagar despesas e os juros da dívida. Quanto maior essa dívida, mais cara ela se tornará, o que faz aumentar o deficit.

RISCOS
Segundo o FMI, “os EUA são a única economia avançada [sem contar o Japão, com problemas por conta do terremoto do mês passado] que está aumentando o deficit neste ano, apesar de uma melhoria no crescimento”.

“[A piora do deficit] apresenta riscos de consequências muito sérias para o resto do mundo”, disse ontem Carlo Cottarelli, que chefia assuntos fiscais do FMI. “É importante que os EUA implementem um ajuste fiscal rapidamente.”

O Fundo diz que o pacote de estímulos adotado em 2010 contribuirá para levar o deficit do país para 10,8% do PIB, o maior entre mercados desenvolvidos neste ano.

E sugere que, pela velocidade de recuperação, já seria possível reduzir o endividamento dos EUA.

A projeção para o crescimento da economia em 2011 está em 2,8%. O deficit para 2011 deve chegar a US$ 1,5 trilhão.

A dívida pública está hoje em US$ 14,26 trilhões.

As críticas chegam no momento em que o presidente Barack Obama se prepara para falar hoje ao país sobre o Orçamento 2011 -ainda à espera de aprovação após acordo bipartidário para cortar US$ 38,5 bilhões- e a diminuição da dívida pública no longo prazo.

O tema vem dominando o cenário político americano nos últimos meses. Os maiores motores da dívida americana, os programas de saúde pública para idosos e pobres e a seguridade social, são exatamente as áreas em que o FMI vê os maiores desafios para o corte de gastos. 

Luis Nassif

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