Boeing pressiona governo brasileiro para fusão com Embraer

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Divulgação
 
Jornal GGN – Como forma de pressionar para que o governo brasileiro libere a fusão da Embraer com a Boeing, para que a fabricante de aeronaves norte-americana passe a ter a maior parte do controle sobre a brasileira, as empresas decidiram aprovar os termos da parceria joint venture. Ainda, dentro dos termos, a Embraer aceita criar um segundo acordo que entrega 49% do controle do avião multimissão militar da brasileira à Boeing.
 
A conclusão do acordo precisa ainda da autorização do governo brasileiro, uma vez que a União detém hoje de ações denominadas “golden share” sobre a Embraer, que mesmo que de pequenas porcentagens, concede a ela o poder de decisão e de veto sobre temas importantes, como é o caso atual da tentativa de fusão.
 
Faltando apenas a resposta do governo brasileiro, a empresa norte-americana tenta pressionar para o fechamento do acordo o quanto antes. Neste contexto, decidiu aprovar junto à fabricante de aeronaves brasileira os termos da “parceria estratégica”, como denominaram, que teria como objetivo “acelerar o crescimento em mercados aeroespaciais globais”.
 
“Os termos aprovados definem que a joint venture contemplando a aviação comercial da Embraer e serviços associados terá participação de 80% da Boeing e 20% da Embraer. A parceria está sujeita à aprovação do governo brasileiro, após o que as empresas deverão assinar o acordo”, divulgaram as empresas.
 
Somente após a liberação do governo brasileiro é que os termos seriam submetidos aos demais acionistas de ambas fabricantes de aviões. 
 
Estes 80% garantidos à Boeing, dos Estados Unidos, representam um total de US$ 4,2 bilhões para a norte-americana. Ainda de acordo com os cálculos, espera-se que a transferência de 80% do controle da Embraer à empresa não afetará no lucro direto da Boeing em 2020. 
 
E, a partir de 2021, as expectativas são de que a empresa americana comece a ter lucro: “A joint venture deve gerar sinergias anuais de cerca de US$ 150 milhões – antes de impostos – até o terceiro ano de operação”, informaram.
 
Apesar de até então ambas as empresas serem consideradas rivais no mercado de aeronaves, ainda que com diferenças de investimentos, seja em jatos empresariais ou aeronaves comerciais, o CEO da Boeing manifestou como se as empresas fossem parceiras.
 
“A Boeing e a Embraer possuem um relacionamento estreito graças a mais de duas décadas de colaboração. O respeito mútuo e o valor que enxergamos nesta parceria só aumentou desde que iniciamos discussões conjuntas no começo deste ano”, disse Dennis Muilenburg, presidente, chairman e CEO da Boeing.
 
Com o acordo descrito, a nova empresa, que terá o domínio do controle da norte-americana, não terá mais a liderança dos executivos da Embraer, mas de uma equipe, incluindo um presidente e CEO, que serão decididos posteriormente. Ainda, a Boeing será responsável pelo controle operacional, ou seja, todas as decisões de operações da Embraer e estratégicas, além de gerir a nova empresa, que responderá a Dennis Muilenburg.
 
Já para o presidente da Embraer, que terá poder de decisão somente “para alguns temas estratégicos”, como a transferência das operações do Brasil para outro local, como por exemplo, Estados Unidos, a medida “será de grande valor para o Brasil”, porque acredita que “esta aliança fortalecerá ambas as empresas no mercado global e está alinhada à nossa estratégia de crescimento sustentável de longo prazo”.
 
Ainda, além do próprio termo de joint venture atual, a Embraer acabou cedendo à Boeing a possibilidade de controlar outros 49% sobre a criação de uma estratégica aeronave brasileira, o avião militar multimissão KC-390. É hoje o maior avião produzido na América Latina e criado para substituir todas as aeronaves de carga das Forças Aéreas. 
 
“As empresas também chegaram a um acordo sobre os termos de uma segunda joint venture para promover e desenvolver novos mercados para o avião multimissão KC-390. De acordo com a parceria proposta, a Embraer deterá 51% de participação na joint venture e a Boeing, os 49% restantes”, anunciaram.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

16 Comentários

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  1. Que vendam logo. Mal posso

    Que vendam logo. Mal posso esperar pra ver todos aqueles imbecis do ITA sem saber aonde enfiar o diploma de engenharia aeronáutica.

    Aliás, porque não dão de graça?

    1. Os engenheiros formados no

      Os engenheiros formados no ITA em sua grande maioria trabalham em bancos. Eles não estão nenhum pouco preocupados com o que vai acontecer com a Embraer, para eles o mais importante são os juros que o contribuinte brasileiro pagan aos bancos que asseguram seus salários.

      1. Eles trabalham em

        Eles trabalham em bancos?!

        Mas que cacete… pra que estudam engenharia de alto nível então? Pra que existe o ITA então, senão para suprir uma necessidade nacional de engenheiros aeronáuticos?

        É de brincadeira?

  2. O manual do perfeito idiota
    O manual do perfeito idiota latino americano.
    Vão entregar metade de um projeto militar brasileiro estratégico para uma grande fornecedora de equipamentos bélicos de um pais estrangeiro. e ninguem desconfia dessa “ajuda” da Boeing?

  3. Esse é o governo dos

    Esse é o governo dos militares brasileiros! Quem tem forças armadas como as brasileiras não precisam de inimigos. Quem deveria defender os interesses nacionais são aqueles mais empenhados em destruir o país e entregar nossas riquezas às potências imperialistas.

  4. QUAL A VANTAGEM ECONÔMICA QUE TIVEMOS?

    Não tem nada a ver com Ideologia, nem submissão colonialista ou qualquer argumento nesta linha. Em dezenas de matérias em diversos Jornais e Veículos de Imprensa, ainda não ouvi ou li uma única linha esclarecendo qual a Vantagem Econômica que obteremos com esta junção. Qual será a melhoria na qualidade e aumento dos Empregos e na colocação de Profissionais Brasileiros de Altissima Qualidade que formamos nesta Área. Até as pedras, qualquer ‘analfabeto’ que escreve na área dos comentários sabe que os Vôos Regionais serão o ‘filé-mignon’, a ‘maior fatia’, o ‘nicho de mercado’ deste século. Transporte de massas em mais de 300 Kms serão feitos por aviões.; Algo semelhante ao que acontece dentro dos EUA. Como acontece na Europa, que mesmo assim com séria concorrência com Transporte Ferroviário. Imaginem dentro de um país continental como o Brasil? Este fatia maravilhosa do transporte só começou a ser explorado. Hoje, que Nordestino que volta à sua terra, que visita seus parentes, que não vai de avião? Imaginem em 10 anos? E isto replicado pelo Mundo todo, que começa a disponibilizar estas possibilidades às suas populações?  Lançamentos recentíssimos de grandes aeronaves produzidas por Boeing e Airbus, já começam a encalhar por falta de mercado para Vôos longos  que exigem aviões com alta lotação. Aviões médios são mais baratos e eficientes. Mais operacionais e mais vantajosos. Está exposto isto diariamente nas Mídias e Cadernos Especializados. Qual a vantagem em darmos nossa Tecnologia e nosso “Passaporte Brasileiro” aceito em todo o Mundo, principalmente nos novos mercados de Países Muçulmanos, África e antigas Repúblicas Socialistas que ainda possuem grande aversão à imagem, política e produtos MADE IN USA. O que iremos ganhar com esta parceria, que de parceria nada tem?

  5. Dois fatos não mencionados
    Primeiro, a EMBRAER é uma montadora. Embora muito mais complexa que a atividade automobilistica, a industria aeroespacial guarda com esta uma similaridade. Depende da capilaridade de uma extensa rede de fornecedores de serviços, tecnologia e componentes embarcados. É obscura qual será a relação de nossa industria local com essa nova empresa. Com a EMBRAER a rede era incipiente, ainda estava se expandido, e, não nos esqueçamos, anos atrás as investidas da EMBRAER em mercados como o europeu, China e EUA, criando polos locais de desenvolvimento de produtos, foram criticados pelos brasileiros como sendo a expressão da pouca vontade da empresa em se capilarizar no país. Na época de Celso Amorim o comandante da aeronautica, Juniti Saito, indagado em uma feira de defesa sobre a possibilidade de se desenvolver turbinas no país, por parte de representantes de uma empresa do setor, ironizou dizendo que “turbina é commoditie, a gente procura no mercado externo e compra”. Com essa mentalidade e iniciativa, estamos a anos luz de termos algo sequer parecido com um complexo aeroespacial no pais. A simples existencia de uma montadora, com produtos e insumos produzidos fora, não faz dela uma industria. Estará mais para uma maquiladora de luxo seja em mãos de fundos de investimentos internacionais, seja em mãos da Boeing. Outra menção esquecida, a empresa foi desnacionalizada em 2006, no governo LULA, que atendeu um pouco convincente argumento que era melhor para a empresa ster uma administração pulverzadas. Extingui-se a diferenciação de ações ON, com direito a voto, em mãos de fundos de pensão federais e do Bamnnco Bozzano Simonsem, e as Pn, com direito a rentabilidades de dividendos apenas. O governo Lula por inocencia, inexperiência oudesejos ocultos, aceitou a trampa. A custo zero fundos estrangeiros tornaram-se seus controladores. Resumo da opera: com governantes com essa visão estrtégica é perda de tempo falarmos em decisções racionais e em defesa da soberania nacional. 

    1. Embraer

      Classificar a Embraer como “montadora” é má fé ou ingenuidade. A Embraer é uma empresa de altíssima tecnologia. Produz aeronaves no verdadeiro estado da Arte. Compara-la com uma montadora de automoveis é ignorância!! Seu principal ativo é sua engenharia. Invejada por todas as grandes corporações. Seus projetos raramente sofrem atrazos e seus resultados são sempre superior as espectativas do projeto. O que esta acontecendo no Brasil é ionacreditável!! Perdemos completamente a noção de cidadania. Safatle tem razão, não somos um país, apenas moramos no mesmo lugar. 

    2. …”a empresa foi

      …”a empresa foi desnacionalizada em 2006, no governo LULA, que atendeu um pouco convincente argumento que era melhor para a empresa ster uma administração pulverzadas. Extingui-se a diferenciação de ações ON, com direito a voto, em mãos de fundos de pensão federais e do Bamnnco Bozzano Simonsem, e as Pn, com direito a rentabilidades de dividendos apenas. O governo Lula por inocencia, inexperiência oudesejos ocultos, aceitou a trampa.”

      Nem inocência nem inexperiência e menos ainda desejos ocultos. Lula fez o que qualquer capitalista social-democrata faria. E ainda há quem acredite que o PT é de “esquerda”…

      Claro que um estado de bem-estar social seria infinitamente melhor do que o capitalismo real (não o da propaganda) que assola não apenas nosso país e mas todos os países atrelados ao dólar, destruindo democracias como gafanhotos destróem plantações. Mas com uma diferença: gafanhotos não concentram o produto da depredação em meia-dúzia de gafanhotos do bando.

      1. CUIDADO COM A PATRULHA IDEOLÓGICA EM DIZER A VERDADE

        Caro Lazzari é complicado constatar o AntiCapitalismo de Estado Tupiniquim que assola este país durante décadas, passando por diversos Governos. Ainda lutamos contra a obviedade que a melhor forma de ascenção social, política e econômica é através de Empregos e Salários numa Classe Média fortalecida. Mais uma MultiNacional Estrangeira ( e pior a partir de uma Espetacular Empresa Brasileira 100% Nacional). Como no Setor Automobilistico onde sonos 0 4.o Maior Produto e Consumidor Mundial, nos restará apertar parafusos e não possuir marca brasileira alguma,  neste setor. Privatarias ao invés de Industrialização. Não nos faltam nem as penas. 

  6. Pelo que entendi….
    Eles vão
    Pelo que entendi….

    Eles vão engolir a Embraer que vai ceder os direitos das aeronaves e ainda vao ganhar vendendo pro governo brasileiro????

    E o que a Embraer ganha afinal???

  7. A famosa parceria CARACU. USA

    A famosa parceria CARACU. USA entra com a CARA e o Brasil com C*. Nossos militares não passam de soldadinhos pra paradas de sete de setembro. NOJO.

  8. Dá uma tristeza sem tamanho

    Dá uma tristeza sem tamanho ver meu país ser retalhado…

    Pelo menos que tirem o nome Embraer, que o preservem e o guardem, que assumam que virou tudo Boeing. Mas isso não farão, não, que o nome Embraer tem prestígio… É o que dá quando juntam traidores babões e malandros oportunistas…

    (Lembrei da trsiteza que sinto quando vejo o Edifício Altino Arantes, na Praça João Brícola, comecinho da “caetaneada” Av. São João. Foi sede do Banespa e era cartão postal do estado de São Paulo. E não é que o Santander tem a cara-de-pau de manter a bandeira de São Paulo tremulando lá em cima? O que esses espanhóis fizeram ou fazem de bom no nosso país?

  9. Segue o samba do crioulo doido pós-verdade
    O toque de caixa nos últimos dias do governo do Temer golpista deve ser para evitar o perigo de que algum general maluco do capitão, em um arroubo improvável de nacionalismo atávico, ponha na veneta o imperativo de vetar tal negociata entreguista de lesa pátria.

    No mais, graças ao Temer, de eterna memória, vamos todos celebrar o fato de que a Boeing é uma empresa tão altruísta e generosa, a ponto de seu desprendimento ianque-cristão a predispor a enterrar suas doletas em “uma empresa a beira da falência”. Que sorte essa nossa de contribuintes brasileiros, pois assim estaremos livres de tamanho mico preto, tá ok?

    Afinal de contas, como os comentaristas inteligentes observaram, nas entrelinhas, nosso país vai poder se dedicar com mais afinco as suas vantagens comparativas históricas de produtor privilegiado de produtos primários para a exportação, coisa que o direitista do Lula conspirou contra, na maior ignorância.

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