Números da inflação pressionam bolsa para baixo

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Em um período de poucos indicadores e muitos balanços financeiros para se acompanhar, a bolsa de valores teve uma quarta-feira das mais instáveis, e tudo indica que as negociações de quinta-feira não devem ser muito diferentes.

Depois de passar boa parte do dia em alta, a bolsa de valores inverteu a curva e fechou o dia em queda. Às 17h46, o Ibovespa (índice da Bolsa de Valores de São Paulo) registrava uma perda de 0,83%, aos 55.804 pontos e um volume negociado de R$ 7,804 bilhões.

“Aparentemente, lá fora está tudo bem, mas aqui começou a ter um movimento mais forte de realização. Ainda não vi nenhuma notícia que justificasse algo nesse tipo, mas podemos perceber que o desempenho reflete os dados do setor de siderurgia, com o balanço da Gerdau vindo ruim ontem, e também tivemos os dados do IPCA logo pela manhã, que mostraram piora”, disse Bruno Gonçalves, analista fundamentalista da WinTrade/Alpes Corretora.

De fato, existia uma grande expectativa em torno da divulgação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que encerrou o mês de abril em alta de 0,55%, resultado 0,08 ponto percentual acima dos 0,47% contabilizados no mês anterior. O número do mês levou o total em 12 meses para 6,49%, enquadrando-se novamente na banda de variação tolerada pelo governo, cujo teto é de 6,5%.

Ainda assim, Gonçalves não considera o resultado positivo. “Acho que os dados do IPCA vieram piores do que o mercado esperava e, mesmo dentro da meta, ele ficou em 6,49%, bem próximo de romper. Isso é ruim porque atrapalha o poder de compra da população, atinge principalmente empresas do setor de consumo e afeta as projeções para a taxa de juros”.

Outro destaque do dia envolveu as ações da OGX. A companhia de Eike Batista anunciou na última terça-feira a venda de participação de 40% nos blocos BM-C-39 e BM-C-40, localizados na Bacia de Campos, para a empresa malaia Petronas por US$ 850 milhões. Os blocos BM-C-39 e BM-C-40 contêm o Campo de Tubarão Martelo e as acumulações de Peró e Ingá, e estão localizados a aproximadamente 95 km da costa brasileira em lâmina d’água de cerca de 110 metros.

Porém, depois de avançar mais de 6% na parte da manhã, o papel inverteu a rota e fechou o dia em queda de 6,67%, a maior perda do dia. A falta de informações sobre o pagamento a ser efetuado pela Petronas aumentou a incerteza do mercado. Na visão de Gonçalves, vai ser importante acompanhar a teleconferência que a companhia fará aos investidores por conta da divulgação de seu balanço financeiro, programada para esta quinta-feira, onde a empresa vai detalhar seus dados e possivelmente comentar a respeito da operação.

Entretanto, não se deve esperar euforia. Na visão de Gilberto Coelho, analista técnico da Ativa Corretora, a bolsa brasileira está operando em descompasso com relação ao mercado internacional. “O índice futuro encontra-se abaixo do Ibovespa, e isso não é comum de acontecer faltando 24 pregões para o fechamento do mês. Isso mostra uma pressão vendedora. A tendência é de baixa desde que o índice perdeu os 58 mil pontos – a referência para a bolsa são 57.950 pontos, e abaixo disso a tendência é de baixa. As recentes subidas que vimos recentemente foram um repique nas negociações”.

Não há um indicador de peso a ser divulgado nesta quinta-feira. Entre os dados aguardados, estão os dados de safra agrícola e da produção industrial regional do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indicadores industriais da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e o IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor, medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). No exterior, o foco está no anúncio da taxa básica de juros do Banco da Inglaterra, além dos dados de estoques no atacado e de seguro-desemprego nos Estados Unidos.

O analista técnico da Ativa também pede atenção para o relatório mensal do Banco Central Europeu (BCE), que vai detalhar o que levou ao último corte da taxa básica de juros. “Isso vai sair antes da nossa abertura, e dependendo do teor pode dar um tom mais positivo para as bolsas e aliviar nossa queda”, diz Coelho, ressaltando que o comportamento da inflação ainda deve afetar os negócios. “Nós vimos o IGP-DI caindo, mas o IPCA em alta foi forte para a gente. Temos que esperar os próximos dados na ponta dos dedos, e ficar de olho lá no exterior – se o setor externo ficar firme, pode segurar nossa queda. Estamos realmente descolados, e amanhã não deve mudar muito”.

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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