Brasil tem poucos itens estrangeiros em produtos exportados

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – O Brasil é uma das economias que registra o menor nível de utilização de componentes estrangeiros nos itens que vende para o exterior, o que pode ser interpretado como um sinal de que a economia do país é fechada, seja pela forte produção de matérias primas ou porque produz poucos bens que demandam componentes vindos do exterior.

Levantamento preliminar elaborado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e pela OMC (Organização Mundial de Comércio) mostram que cerca de 10% dos itens que o país comercializa com o exterior possuem componentes estrangeiros que agregam valor aos seus produtos e, sem considerar o México, o Brasil e a América Latina ficaram praticamente à margem das cadeias globais de valor. “Além de pouco peso nas cadeias globais, apresentam também uma integração produtiva regional pouco significativa, ao contrário da América do Norte, Europa e Ásia”, afirma o IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).

Contudo, a contribuição brasileira enquanto valor adicionado nas exportações dos outros países, um indicador para frente da integração nas cadeias globais de valor (CGVs), é a segunda maior entre os países em desenvolvimento, principalmente por conta das exportações de insumos e matérias-primas. “O comentário pertinente sobre estas constatações é que o Brasil não está totalmente fora das CGVs, mas seu lugar é mais como fornecedor de insumos para empresas de outras origens adicionarem mais valor na cadeia produtiva, do que como exportador de produtos com maior valor adicionado”, ressalta o IEDI.

Além disso, as empresas multinacionais têm buscado o mercado brasileiro e o latino atraídas pelo mercado interno ou a exploração de recursos naturais, além da posição que o país possui entre os BRIICS (Brasil, Rússia, Índia, Indonésia e África do Sul) enquanto receptor de investimento direto externo. “Em outras palavras, o país não é visto como um local para agregar valor na cadeia global”, ressalta a entidade, em relatório.

Segundo o instituto de estudos, as políticas econômicas e industriais devem levar em consideração que a divisão internacional do trabalho não considera apenas o nível das indústrias, mas também os estágios, atividades e tarefas conforme cada cadeia de valor. “A mudança de unidade de análise não é trivial e torna mais complexa a tarefa de formular políticas, ainda mais se são considerados os incentivos concedidos por outros países para atrair investimentos das diversas empresas das CGVs”, diz a entidade.

Embora exista um componente de incerteza ligado à geopolítica corporativa internacional – e isso dificulta a política industrial -, o relatório do IEDI afirma que também é “inequívoca” a importância das políticas domésticas para participar das CGVs, a começar pelas condições de competitividade industrial, como a melhora das estruturas de logística e de tecnologia da informação, fatores cruciais do sucesso no comércio internacional, além de fomentar através de políticas industriais o desenvolvimento de segmentos e ramos onde é maior a atividade das CGVs.

“Em suma, o que se pode afirmar com certeza é que as CGVs estão ganhando mais poder e relevância econômica, de forma que o Brasil não pode se furtar a desenhar e implementar políticas econômicas e industriais considerando as CGV – principalmente o regime macroeconômico e cambial, as políticas de comércio e acordos internacionais, políticas de atração de investimento, de competitividade e inovação”, diz o IEDI.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

1 Comentário

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  1. CGV: em que isto é bom p o Brasil.

    Alguém pode me explicar o que está escrito no texto? 

    Sou um simples cidadão mortal, mais para ir às ruas do que para intelectual.

    Dá uma força, aí.

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