Carlos Ghosn deixa prisão em Tóquio para responder em liberdade

Executivo e ex-presidente da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi pagou fiança de R$ 33,8 milhões e não poderá sair do território japonês

Jornal GGN – O ex-presidente da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, Carlos Ghosn deixou a prisão em Tóquio nesta quarta-feira (06) às 16h32 no horário local (4h32 de Brasília). O executivo passa a responder em liberdade as acusações de fraude fiscal e uso de verbas do grupo de montadoras para benefício próprio.

Ghosn nega as supostas ilegalidades e afirma ser vítima de um complô. Para sair da cadeia ele teve que pagar uma fiança de 1 bilhão de ienes (R$ 33,8 milhões). O Tribunal Distrital de Tóquio determinou que o executivo está proibido de sair do Japão, de entrar em contato com outros envolvidos no caso, de fazer contato com pessoas da Renault, Nissan e Mitsubishi e acessar a internet. Além disso, será vigiado por câmeras em sua residência e todas as visitas que receber serão monitoradas.

Promotores tentaram impedir a saída do ex-presidente da Nissan, mas a Justiça negou a apelação. Segundo a agência de notícias Nikkei, em 2017 cerca de 30% dos réus no país conseguiram na justiça o direito de responder em liberdade.

Na terça-feira (05), Ghosn divulgou um comunicado onde voltou a negar as acusações. “Sou inocente e estou totalmente empenhado em me defender com vigor em um julgamento justo contra essas acusações sem mérito e infundadas”, disse. O executivo também agradeceu o apoio de pessoas próximas:

“Estou extremamente grato à minha família e amigos que ficaram ao meu lado durante essa provação terrível”. Segundo a agência France Press, sua esposa, uma das filhas e o embaixador da França chegaram à prisão algumas horas antes de ser solto.

Ghosn tem as cidadanias francesa, brasileira e libanesa. Nasceu no Brasil em 1954, em Porto Velho, de família libanesa. Em 1978 se formou na França e iniciou a carreira no setor automotivo na Michelin.

Em janeiro, o ex-presidente da Câmara de Comércio França-Brasil e da Associação Comercial do Rio de Janeiro, José Luiz Alqueres publicou um artigo na Folha de S.Paulo criticando o silêncio das autoridades brasileiras para defender Ghosn.

Segundo ele, a prisão do empresário que fez história na indústria automobilística mundial “trata-se de uma guerra suja”, afirmando que as acusações são “vagas”. As datas das supostas movimentações feitas pelo ex-presidente da Nissan e que teriam levado a “algum tipo de imposição de prejuízos à companhia” em benefício próprio são variadas, e algumas não poderiam ser reunidas no inquérito porque estariam prescritas como crime.

“Será que as alegadas dúvidas a respeito de tributos sobre o salário, em contas auditadas pelos maiores auditores independentes do mundo e aprovadas pelos comitês de auditoria da Renault e da Nissan, justificam isso? Que “Estado de Direito” é este?”, questiona Alqueres, pontuando que o responsável pela acusação contra Ghosn tomou seu lugar como presidente da Nissan.

Leia também: O caso Ghosn e o Brasil, por André Araújo

Redação

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O caso Carlos Goshn virou uma febre no Japão e segundo especialistas, assim como Lula não teve nunca chance de não ser condenado por Sergio Moro, Goshn também sera condenado pela durissima justiça japonesa. Os numeros são eloquentes: 99% de processados por corrupção são condenados.

  2. O Brasil se cala. Lembram do terremoto em Kobe em 1995, onde moravam milhares de Brasileiros? O Diplomata do Brasil no Japão foi averiguar a situação dos Brasileiros, quase 1 semana depois do ocorrido, por alerta da Imprensa Brasileira. O Brasileiro não se enxerga.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador