Um Buscapé para tarifas e juros bancários

Recentemente o Banco Central do Brasil (Bacen) disponibilizou na App Store e no Google play um aplicativo para smartphones chamado “Calculadora do Cidadão”.

A Calculadora do Cidadão, nas palavras do próprio Bacen, “permite simular situações do cotidiano financeiro realizando diversos cálculos a partir das informações fornecidas pelo usuário. O aplicativo também faz correções monetárias utilizando séries históricas de taxas e indicadores financeiros armazenados no Banco Central do Brasil” (disponível em: http://www.bcb.gov.br/?CALCMOVEL).

O aplicativo, uma vez instalado, necessita de uma conexão à internet para a realização dos cálculos. Nele é possível (na versão 1.04 do aplicativo):

– Calcular quanto se terá no futuro depositando um valor todo mês;
– Descobrir o custo de um financiamento com prestações fixas;
– Verificar o rendimento após um período, investindo valores à taxa fixa;
– Atualizar uma quantia utilizando o índice da poupança, da inflação ou outros.

Prático e de fácil utilização, é boa iniciativa do Bacen para ajudar o cidadão a ter ciência do quanto ele realmente paga de juros e recebe sobre os valores investidos.

A iniciativa do Bacen, contudo, dentro das possibilidades que os smartphones e tablets proporcionam à instituição e põem à disposição dos usuários, não deve se restringir a isso.

O Bacen detém inúmeras informações que podem ser colocadas à disposição dos usuários de smartphones para promover ainda mais a concorrência no setor financeiro e trazer benefícios para os cidadãos. 

Tendo como fundamento a “Calculadora do Cidadão”, o Bacen pode também disponibilizar um aplicativo para smartphones e tablets (ou mesmo dentro da própria calculadora) com funções que permitam ao usuário: 

Tarifas Bancárias
– visualizar as tarifas bancárias cobradas por instituições financeiras (valores mínimos, máximos e médios por tarifa bancária);
– comparar as tarifas bancárias por instituições;
– classificar as tarifas bancárias por ordem de valor e instituição financeira;
– comparar pacotes de tarifas por instituição;
– informar os direitos dos clientes como serviços gratuitos, obrigações dos bancos etc.

Taxas de juros de operações de crédito
– Informar as taxas de juros para Pessoa física (Cheque especial, Crédito pessoal, Aquisição de veículos automotores, Aquisição de bens etc.);
– Informar as taxas de juros para Pessoa jurídica (Desconto de duplicatas, Capital de giro prefixado, Conta garantida, Aquisição de bens, Capital de giro flutuante etc.);
– Classificar as taxas praticadas por instituição financeira;
– Disponibilizar o ranking das maiores e menores taxas;
– Demonstrar o comparativo de taxas entre bancos previamente selecionados etc.

Investimentos
– Disponibilizar as taxas de remuneração dos investimentos;
– Classificar os investimentos mais rentáveis por instituição financeira;
– Indicar os investimentos menos rentáveis;
– Trazer informações sobre os vários tipos de investimentos etc.

A disponibilização desses dados em smartphones e tablets permitirá que os usuários possam:

– Facilmente e de modo prático saber das tarifas e taxas cobradas pelas diversas instituições financeiras;
– Perceber quais as linhas de crédito são mais adequadas as suas necessidades;
– Quais tipos de investimentos são mais atrativos, seguros ou mais arriscados;
– Comparar os valores e taxas praticados por várias instituições;
– Ter um instrumento que os ajudem a negociar melhores condições com o banco onde possuem conta;
– Ter ciência do valor real pago nas operações de crédito;
– Fácil e rapidamente localizar a instituição que cobra menores tarifas;
– Fácil e rapidamente localizar a instituição que pratica menores taxas de juros etc.

Ainda estimulará a concorrência, pois será um verdadeiro “Buscapé” dos produtos e serviços bancários, indicando os bancos que apresentam os preços e taxas mais atrativos para os clientes.

Uma medida como essa é importante porque as reduções da Selic ainda não levaram as taxas de juros dos bancos para percentuais justos para os clientes – algo que indicam os dados do próprio Bacen.  No ranking das Taxas de Operações de Crédito, disponível em: http://www.bcb.gov.br/fis/taxas/htms/012010T-aa.asp, observa-se que enquanto as taxas máximas efetivas % a.a. do cheque especial pessoa física (prefixada, período de 20/11/2012 a 26/11/2012) dos bancos públicos Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil eram, respectivamente, de 65,16 e 94,49% a.a., a dos bancos privados chegavam a ser de até 256,33% a.a.

Se a diferença de 256,33% a 65,16% já é gritante, considere-se então que a Selic está em 7,25% a.a. – o gritante se torna ensurdecedor.

Logo se vê que ainda há um longo caminho para que a redução da Selic chegue de forma justa para os tomadores de empréstimo. Por isso de grande valia para o cidadão será se o Governo Federal utilizar as ferramentas que a tecnologia disponibiliza e a oportunidade que agora se abre. Juros justos já!

Luis Nassif

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