A Petrobras é nossa? Engano, por Luis Nassif

Na quadra atual de irracionalidade, toda a mídia tem apenas um enfoque: garantir a rentabilidade exorbitante de uma empresa, cuja maioria do capital já é estrangeiro.

É comovente assistir comentaristas econômicos defendendo o pequeno investidor brasileiro que aplicou na Petrobras. Ele acreditou, pegou sua pequena poupança, aplicou em um fundo. E, agora, será expropriado, com analistas propondo um controle nos lucros extravagantes da empresa.

É relevante notar que há previsão legal, em qualquer sistema jurídico, de controlar ganhos inesperados de determinado setor, devido a fatores externos, extra-operacionais, em detrimento dos consumidores.

Recorre-se, então, à defesa do pequeno acionista.

Vamos a uma análise da composição acionária da Petrobras:

1. A União Federal tem 28,7% do capital da empresa.

2. O segundo grupo é dos investidores estrangeiros englobados pela Resolução 2.689. do Conselho Monetário Nacional, com 24,7%. A resolução permite ao investidor trazer dinheiro de fora e registrar como investimento direto no Banco Central. Desse total, estima-se que 9% seja de investidores brasileiros, e 15,7% de estrangeiros.

3. O terceiro grupo é dos ADRs, papéis negociados na Bolsa de Nova York, com 20,5%. . Somando os dois grupos, são 45,2% do capital total em mãos estrangeiras.

Em relação às ações ordinárias (as que permitem o controle da empresa), o quadro fica assim:

1. União Federal, com 50,3%.

2. ADR Nível 3, com 28%.

3. Estrangeiro, Resolução no 2.689, com 13,7%

Somando as duas contas, são 41,7% em mãos estrangeiras. Bastaria a União se desfazer de 0,4% de suas ações, para perder o controle sobre a empresa.

Todas as análises da mídia passam ao largo de temas relevantes em qualquer país racional: a questão da segurança energética, somando oferta e preço do combustível. Passa ao largo, também, do modelo de empresa petrolífera em países produtores, atuando de forma integrada par minimizar os impactos das cotações internacionais sobre a prospecção.

Finalmente, leva em consideração os impactos da empresa na cadeia produtiva e nas pesquisas tecnológicas do país.

Na quadra atual de irracionalidade, toda a mídia tem apenas um enfoque: garantir a rentabilidade exorbitante de uma empresa, cuja maioria do capital já é estrangeiro.

Luis Nassif

12 Comentários

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  1. Se os analistas politiqueiros olhassem a questão apenas com o viés do acionista teriam que admitir que todo negócio se orienta pela estratégia do acionista controlador. No caso da Petrobrás, a União sem dúvida.

    O controlador, por representar a população no caso, deve colocar o negócio em favor do interesse público. Os acionistas minoritários concordam com isto. Já era assim quando investiram. Podem vender seus papéis a qualquer tempo. O controlador fez até o favor de colocar papéis na NYSE.

    O fato do governo miliciano não exercer este papel e choramingar que não pode fazer nada contra os preços abusivos, só demonstra que sua estratégia é negar o papel de governo que deve promover o interesse público.

    O fato de engolir um lobista entreguista como novo presidente da Petrobrás, tendo que ir pro hospital para despregar o bicho das tripas, só revela quando a mídia mercadejante controla a economia do estado de miséria planejada que vivemos. O estrupício na presidência segue ordens de cima, tem razão quando diz que não pode fazer nada, vendeu a autoridade que lhe foi conferida a preço de rachadinha.

  2. Li agora. Alguém me enviou o link para uma matéria da Super Interessante, assinada pela Maria Clara Rossini, sobre a viagem de Einstein ao Brasil, em 1925, e o puxasaquismo da imprensa, inclusive, ao fenômeno da ciência, de fato reverberando a sociedade da época, sempre pronta para aparecer na foto, a tomar assento na primeira fila da onda da vez. É o mesmo jornalismo com que se horrorizou o insuspeito Silvio Romero em “O Brasil Social”, especialmente no capítulo “O Problema”, em 1808. E hoje, convertido em apenas um boletim da banca… é disso pra pior. ‘G-zuis da goiabêra”!

  3. O que eles defendem é o controle privado da vida econômica e, por decorrência, de toda atividade social, fazendo da democracia um mero espetáculo de entretenimento de baixo nível.

    A esquerda pode assumir o controle do aparelho do Estado mas não pode assumir o controle de empresas/setores privados.

    O resto é conversa pra boi dormir e pautar o “show” midiático..

  4. Petrobrás foi entregue pelo Governo Militar à farsante e corrupta Redemocracia sendo 100% Nacional. Foi entregue Gigantesco Patrimônio Nacional e Mundial em 1980 para Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Orestes Quércia, Franco Montoro, Mario Covas, José Dirceu, Lula, Miguel Arraes, Waldir Pires, Teotonio Vilela, Fernando Henrique Cardoso, Mercadante, Eduardo Suplicy,…Qual a Razão Econômica de tal Negociata??????Patrimônio de mais de 1 Trilhão de Dólares que foi entregue por alguma esmola, alguns milhões de dólares à Especulação Financeira, Interesses Estrangeiros e Enriquecimento de Cidadãos Estrangeiros com Patrmônio Brasileiro. Tudo isto produzido e concretizado pelo Sociólogo-Filósofo-Presidente FHC de FFLECH/ECA da USP (Obra do Ditador Esquerdopata-Fascista de 1930), ampliada pelo Presidente-Metalúrgico-Sindicalista ( do Sindicalismo Pelego do Ditador Esquerdopa-Fascista de 1930), replicada pela Presidenta-Guerrilheira Dilma Roussef e brilhantemente concretizado pelo Presidente-Jurista Michel Temer OAB/USP( Quanta coincidência?! Os 2 Projetos que o Ditador Esquerdopata-Fascista obrou !!!) Mas vejamos. De quem deve ser a culpa desta situação dos Combustíveis Brasileiros e da Gigantesca Petrobrás????? Das Caravelas provavelmente. Pobre país rico. Mas de muito, muito, mas muito fácil explicação.

  5. Recentemente, José Sergio Gabrielli deu uma entrevista, ao canal do Conde se não me engano, onde ele disse que o preço do petróleo do pré-sal tem um custo atual de US$29/barril para a Petrobras.
    Dizem que, atualmente, a maioria do refino da empresa é feito com petróleo do pré-sal.
    Então me parece que a Petrobras usa matéria prima a US$29, mas coloca na sua formação de custo de venda o petróleo a US$110 ou qualquer valor da cotação internacional. E isso faz com que o preço vá para o espaço e os lucros sejam gigantescos.
    Se isso é fato, por que a imprensa independente digital não debate o tema com frequência até que ele transborde para a imprensa corporativa?

  6. Coloco aqui o que amigo me enviou.

    Em 67 anos de vida a empresa passa a ter agora o seu 40° presidente. Pela média do setor empresarial estaria no 7°. E nenhum saiu por outro motivo que não seja político, por pressão política direta ou sindical. Ou seja, uma instituição esquisofrênica que não sabe qual é o seu objetivo.
    Entre 1998 e 2018, o seu retorno sobre o capital investido foi inferior ao retorno do próprio capital, ou seja, ela destruiu valor para os seus acionistas, entre eles o estado brasileiro. Pra continuar assim, ela vai desaparecer.
    Nessa realidade, uma empresa de primeira linha, com pessoal e know how de elevado nível, submetida a políticos e sindicatos corporativos, não cumpre seus objetivos.

  7. Gosto das analises do Nassif. Não sei o que pensar sobre essa situação. Tendo a achar que as empresas estatais devem segurar a onda em favor do povo mesmo que ela perca valor por um tempo se for para ajudar a população mas sempre trabalhar para ser uma gigante eficiente. Caixa , Correios , Petrobras. Isso é a soberania e independência doo país para proteger seus cidadãos. MAS ACHEI OS COMENTARIOS INCRIVEIS E VARIADOS . NAO TENHO CAPACIDADE PARA ACOMPANHAR ESSE NIVEL DE DISCUSSAO .PARABENS AOS LEITORES. Por favor falem mais sobre esse texto , quero aprender . Obrigada

  8. Por favor dê-me a liberdade, faço minhas suas palavras: evandro condé
    – 2022-03-30 18:56:05
    Coloco aqui o que amigo me enviou. Em 67 anos de vida a empresa passa a ter agora o seu 40° presidente. Pela média do setor empresarial estaria no 7°. E nenhum saiu por outro motivo que não seja político, por pressão política direta ou sindical. Ou seja, uma instituição esquizofrênica que não sabe qual é o seu objetivo. Entre 1998 e 2018, o seu retorno sobre o capital investido foi inferior ao retorno do próprio capital, ou seja, ela destruiu valor para os seus acionistas, entre eles o estado brasileiro. Pra continuar assim, ela vai desaparecer. Nessa realidade, uma empresa de primeira linha, com pessoal e know how de elevado nível, submetida a políticos e sindicatos corporativos, não cumpre seus objetivos.

  9. Descoberta da pólvora do Zé Sérgio sorocabano; do imperativo tupiniquim sem identidade nacional; do homem cordial aos seus pares; da relevância dos traidores da pátria à sua análise fraudulenta e imoral. Vai ser longa sua noite diante da retomada de nossas riquezas; de nossos valores e da democracia do país. Os arrivista se conhecem pelo odor de seus pensamentos – quando se é capaz de pensar – por suas posições e palavras. Você não se sustenta nesse país, não respira os mesmo ares e, se quer, pode honrar o ZÉ.

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