Redes inteligentes, a revolução no setor elétrico

Coluna Econômica

Apesar da experiência brasileira com o setor elétrico ter gerado uma das mais relevantes redes integradas do planeta, trata-se de um setor que pouco inovou nas últimas décadas, ainda mais se comparado a segmentos altamente tecnológicos, como telecomunicações e informática.

Nos próximos anos, porém, o setor dará início a uma das maiores revoluções da sua história, como a implantação do smart grid ou redes inteligentes.

Trata-se de um processo de informatização das redes de energia que permitirá novas formas de monitoramento, não apenas para as distribuidoras como para os consumidores.

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DolaDo lado do distribuidor, o sistema permitirá identificar na hora o local e o tamanho de cada ocorrência na rede, permitindo isolar o local afetado. Hoje em dia, se ocorre algum problema – queda de poste, queda de árvore interrompendo a fiação – há a necessidade de desligar a rede até o local em questão, enquanto se providencia o conserto. Aí manda-se o socorro para o local, que terá que procurar visualmente pelo fio quebrado ou transformador queimado.

Na rede inteligente o ponto é imediatamente localizado pelo sistema e a rede continuará funcionando normalmente até o ponto imediatamente anterior ao da ocorrência. Todo o processo é acionado automaticamente, sem a necessidade de ação manual.

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Hoje em dia as contas de luz são lidas uma vez por mês. Boa parte do conhecimento da rede, da compra de energia, da administração dos horários de pico, vem dessas informações. Com a telemedição, a distribuidora saberá com precisão o comportamento de cada consumidor.

De seu lado, o consumidor terá medidores inteligentes em casa, permitindo acompanhar em tempo real seu consumo de energia.

Mais ainda. Com esses dados, a distribuidora poderá montar promoções, oferecendo energia mais barata fora do horário de pico. O consumidor poderá desde fazer pré-pagamentos, definir metas de consumo, até racionalizar o consumo fugindo da energia mais cara nos horários de pico. Poderá receber informações sobre seu consumo através do medidor, da Internet ou do celular.

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O novo sistema permitirá, mais à frente, otimizar o uso dos sistemas isolados – aquelas cidades ou aqueles consumidores não ligados à rede central de transmissão.

Com o tempo, será possível estimular o uso de energia solar nas casas e comercializar o excedente de energia acumulado em cada residência.

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Ao otimizar o consumo, a distribuidora perde um pouco de receita mas ganha ao postergar investimentos – já que poderá reduzir o consumo nos horários de pico, que é o que determina a necessidade de ampliação da rede.

Também serão possíveis cortes seletivos de carga, quando o consumo estiver batendo no limite. Será possível, por exemplo, poupar hospitais ou locais públicos. Ou, no caso de edifícios com aquecimento central, desligar de vinte em vinte minutos, aliviando a carga sem afetar o resultado final para o consumidor.

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O próximo movimento, desdobramento dessas redes inteligentes, serão as fusões que deverão ocorrer entre distribuidoras de energia e empresas de telecomunicações. 

Luis Nassif

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