Com real valorizado, estrangeiro vai gastar mais na Copa do Mundo no Brasil

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Sugerido por Antônio Bierrenbart

Estrangeiros trazem dólares extras para a Copa após valorização do real

Do Brasil Econômico

Para os fãs estrangeiros do futebol que trocam seus dólares por reais na chegada ao Brasil para a Copa do Mundo, o torneio não poderia vir em pior hora.

O real valorizou-se 5,5%  em relação ao dólar neste ano, o maior ganho entre as 31 principais moedas, tornando tudo, dos hotéis de Copacabana às caipirinhas, mais caro para os visitantes estrangeiros. Daqui a seis meses a moeda estará 7% mais barata, valendo 2,40 por dólar, segundo a média das previsões de 28 estrategistas consultados pela Bloomberg.

“Planejar a viagem para o Brasil foi um pesadelo logístico”, disse Joe Street, um novaiorquino de 37 anos de idade. Ele prevê gastar cerca de 40% a mais no Brasil do que quando assistiu à Copa do Mundo na África do Sul, em 2010, englobando tudo, de reservas em hotéis a passagens aéreas. “Eu realmente quero ver os jogos, apesar de todos os fatores tornarem isso mais difícil”.

Os 600 mil torcedores estrangeiros que o governo espera para a Copa do Mundo estão sendo pressionados porque o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, intervém no mercado de câmbio para reforçar o real e frear a inflação. O Ministério do Turismo estima que os estrangeiros gastarão cerca de R$ 5,5 mil (US$ 2,46 mil) cada um, vertendo um total de US$ 1,5 bilhão em lojas e restaurantes.

Oscilações cambiais

O real atingiu a maior alta em seis meses no dia 10 de abril, de 2,1832 por dólar, e era negociado a 2,2395 hoje as 10h13 em Nova York. Ontem, quando o Brasil venceu a Croácia por 3 a 1 na partida de abertura, o real estava 0,4 por cento mais alto. Os ganhos da moeda neste ano ocorrem após três anos seguidos de perdas, período em que caiu 33 por cento em relação ao dólar.

Os torcedores da Europa encontrarão um euro 6,6% mais fraco em relação ao real neste ano e os britânicos também conseguirão um valor menor na troca por seu dinheiro, já que a libra esterlina caiu 2,9% em relação à moeda brasileira.

Os estrategistas venderam swaps cambiais e linhas de crédito em dólares para apoiar o real desde agosto, quando a moeda atingiu a maior baixa em cinco anos, de 2,4549 por dólar. O Banco Central estendeu seu programa de intervenção cambial de US$ 60 bilhões neste mês depois que a inflação acelerou para 6,37% em maio, perto do limite da meta do país, de 6,5%

A subida se transformará em queda com o vacilo do crescimento econômico e um déficit mais amplo em conta-corrente, segundo estrategistas do HSBC Holdings Plc e do Crédit Agricole SA. Os investidores institucionais estrangeiros apostaram US$ 25 bilhões no mercado de futuros que o real cairá, segundo dados da BM&FBovespa, a maior bolsa de valores da América do Sul. As apostas atingiram um recorde de US$ 29 bilhões em 5 de maio.

‘Papel secundário’

“As intervenções do Banco Central têm sido o principal fator determinante” para o real, embora “no segundo semestre do ano elas devam cumprir um papel secundário”, disse Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe do Crédit Agricole em São Paulo, em entrevista por telefone, em 11 de junho. “A tendência é que o real caia”.

Embora represente para o governo uma forma efetiva de frear a inflação, o real mais forte está pesando sobre a economia ao tornar as exportações menos competitivas.

A recente apreciação do real “não altera a tendência para o médio prazo”, disse Marjorie Hernandez, estrategista cambial do HSBC em Nova York, por telefone, em 10 de junho. “Os dados econômicos estão ficando piores. A inflação está muito teimosa. Em algum momento o real voltará a cair”.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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