Mercado usará guerra na Ucrânia para justificar aumento do preço de geladeiras e produtos com aço

Siderúrgicas estão usando a guerra na Ucrânia como desculpa para a aumentar vertiginosamente o preço final de produtos

Foto: Ilustração/Divulgação

Siderúrgicas estão usando a guerra na Ucrânia, com o bloqueio das importações de aço, como desculpa para a aumentar vertiginosamente o preço final de produtos como geladeiras e fogões.

Isso porque ainda que afete na produção industrial brasileira, a participação do aço no preço final dos bens de consumo é baixa. Assim, se sofrer um aumento, o valor não impactará por completo nas outras produções que envolvem a peça, como por exemplo as geladeiras.

Se na produção de carros, o aço representa 56% do peso total do automóvel, é somente 7% do seu valor de venda. Na geladeira, 55% é o que pesa o aço, mas custa só 8% do valor do produto. Na construção, 4,2% do custo da obra é o gasto com o aço.

Além disso, os contratos fechados entre as siderúrgicas e as indústrias de bens de consumo são anuais. Assim, os preços são ajustados anualmente. O setor destaca, também, a ociosidade que a pandemia gerou no setor, com produção acima do poder de compra, chegando a quase 50% essa capacidade ociosa durante a pandemia.

Atualmente, o Instituto Aço Brasil aponta que o começo do ano ainda se registrava 30% de ociosidade, ou seja, é possível aumentar a produção, mas não há risco nenhum desabastecimento, o que comprometeria gravemente os preços finais ao consumidor.

Por fim, a produção siderúrgica é nacional e somente algumas matérias-primas usadas na fabricação do aço são importadas. Assim, há um impacto da guerra da Ucrânia e Rússia na produção brasileira, mas o impacto é pequeno.

“Quem vai definir se haverá reajustes de preços para o consumidor é o mercado. Nós temos ociosidade na siderurgia, que é da ordem de 30%. Então, em relação a risco de desabastecimento, o risco é zero”, afirmou o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, ao Uol.

Entretanto, de acordo com o jornal, esse aumento -demandado pelo mercado e não pelo preço efetivo de produção- ocorrerá. E o repasse dessa conta não necessária ao consumidor já começou, segundo dados da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).

A companhia anunciou que haverá um aumento de 20% nos preços dos produtos que vende para a indústria, sendo um primeiro aumento de 12,5% no dia 1º de abril e 7,5% no dia 15.

Trata-se dos produtos de linha branca, como geladeiras e fogões, construção, embalagens. Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) esse aumento para o consumidor já vinha ocorrendo desde o início da pandemia, em março de 2020.

“Com certeza os aumentos dos custos de produção vão chegar ao consumidor, muito por conta do insumo nacional. O aço já subiu quase 200% desde março de 2020. E se vai aumentar mais 20% ou 25%, vai ser uma tromba d’água em um copo que já está transbordando”, afirmou José Jorge do Nascimento, presidente do Eletros, ao Uol.

Redação

1 Comentário

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  1. Já se está pagando bem caro por fogões e geladeiras, subiram muito. No primeiro momento a justificativa foi o aumento do dólar e seu repasse. A estagnação econômica é a culpada, como o País cresce pouco, determinados setores antecipam seus reajustes. O consumo não deve aumentar, então tenta-se manter os números. Tudo está refletido no mercado e é afetado de alguma forma. Em qual medida o conflito na Europa vai impactar as economias do planeta, está indefinido.
    O Brasil vem num ritmo baixo há anos, com todas essas somas: pandemia, conflito europeu, pouco investimento, queda das receitas pública e privada; trarão as devidas consequências, que serão absorvidas de maneira desigual. O fato é que o preço que se paga por toda a sociedade, física e jurídica, ao não crescer suficientemente é muito elevado. As elites do País precisam atentar para os prejuízos sofridos ao longo dos anos. Mesmo que uma parcela se isente, ocorre perdas de valor aos ativos do País e seu empobrecimento. Legando o atraso em todas as direções.

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