A IRRESPONSABILIDADE DE UM SUBSECRETÁRIO ALCOOLIZADO AO VOLANTE

             Salta aos olhos, trazendo dúvidas e indignação, o acidente que envolveu o subsecretário de Estado da Região Metropolitana  do Rio, Alexandre Felipe Mendes – que até fevereiro integrou a equipe da Operação Lei Seca cooordenada pela secretaria de governo do estado- atropelando quatro pedestres e um ciclista na Estrada do Engenho do Mato, em Itaipu, RJ, inclusive crianças, ao final da noite desta quinta-feira (25/08),  sendo acusado ainda de não prestar socorro às vítimas. Disse estar em “estado de choque” por isso se evadiu do local. Em estado de choque primeiramente, com todo respeito, estão as vítimas da barbaridade e seus familiares. 
              O ciclista teve morte cerebral na noite desta sexta-feira em razão de traumatismo crânio-encefálico, fato que demonstra a força do impacto e da velocidade empreendida ao veículo. Alexandre Felipe saía de uma festa e segundo seu advogado ingeriu uma taça de vinho ainda que o próprio acusado alegue em sua defesa a ingestão de apenas meia taça. Como autoridade, já tendo atuado na Operação Lei Seca deveria então -quem não deve não teme- ter aguardado a presença da polícia no local e se submetido a exame etílico. Uma testemunha do acidente disse que Alexandre estava “visivelmente embriagado” ao sair do veículo.
              Os estudos de alcoologia -o Dr José Mauro Braz Lima da UFRJ é a fonte- indicam inclusive que uma dose padrão de 150ml  de vinho corresponde à concentração ( em média), na corrente sanguínea, de 2 decigramas de álcool por litro de sangue, justamente a quantidade prevista como limite de tolerância estabelecido no Decreto Federal 6488/08 que regulamentou a Lei Seca. Se bebeu mais que o permitido e infringiu ou não o Código de Trânsito Brasileiro, na infração administrativa (Artigo 165) ou no crime (Artigo 306), só tendo se apresentado à Delegacia Policial no dia seguinte e submetido a exame etílico 12 horas ápós o fato, ficará a dúvida. O exame para ingestão de álcool deu negativo como era de se supor. Em regra, após mais de seis horas da ingestão, o álcool começa a ser expelido do organismo, dizem os médicos..
               A realidade  é que o álcool tem sido a causa de constantes tragédias na barbárie do trânsito brasileiro, num total de cerca de 35 mil mortes/ano -quase a capacidade total do Estadio do Engenhão no Rio-, sem falar nos que são incapacitados definitivamente adquirindo graves sequelas. É bom lembrar que o álcool,.ao ser ingerido, passa a circular na corrente sanguínea atingindo diretamente o cérebro onde são processadas as informações necessárias para a condução de um veículo. A partir daí o motorista leva maior tempo para avaliar as diferentes situações que se apresentam no trânsito, tendo seus reflexos prejudicados, surgindo maior dificuldade para tomar atitudes que requeiram reações rápidas e precisas. O álcool passa a afetar a coordenação motora ocorrendo, dependendo da quantidade ingerida, a possiblidade de reações extremas ao volante como a direção agressiva proveniente da ilusão de invulnertabilidade e desafio ao perigo ou, num outro extremo, o estado de torpor, cansaço e sono  ao volante.
             No caso do acidente que envolve os crimes de lesão corporal e homicídio, onde é acusado o subsecretário Alexandre Felipe, além da possibilidade de enquadramento no crime de omissão de socorro, salta aos olhos ainda as declarações de que faz uso de remédios controlados, fato que ensejaria, a partir de agora, a investigação médica sobre até que ponto a referida medicação influi no ato de dirigir do acusado, com risco iminente de dar causa a tragédias, quanto mais associada à ingestão de álcool, expondo assim a dano potencial sua própria integridade física e a dos demais usuários da via pública.
             Que tal lamentável fato sirva, portanto, de lição para os que ingerem álcool (em qualquer quantidade) e dirigem e ainda fazem uso de remédios controlados. O acidente que envolveu o subsecertário de estado Alexandre Felipe Mendes não é fatalidade, é irresponsabilidade. No trânsito, tragédias como esta, muito previsíveis, podem ser perfeitamente evitadas. Basta ter consciência que o carro é uma perigosa arma mortífera.
                                        
                                                        Milton Corrêa da Costa

Redação

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