Os republicanos e o New Deal

Por mcn

O UOL publicou hoje mais uma tradução de artigo do Paul Krugman para o NYT sobre a crise econômica. Como sempre, muito bom. Clique aqui.

Novamente, ele defende uma solução do governo Obama contra o provável cenário de depressão que se configura, aumentando os gastos públicos para estimular o emprego, como fez Roosevelt. Mas prevê dificuldades:

“De forma mais ampla, após décadas declarando que o governo é o problema, não a solução, sem contar o desprezo à economia keynesiana e ao New Deal, a maioria dos republicanos não vai aceitar a necessidade de uma solução de grandes gastos, tipo Franklin Delano Roosevelt, para a crise econômica.”

Luis Nassif

11 Comentários

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  1. A maioria dos Republicanos
    A maioria dos Republicanos não aceita uma forte elevação dos gastos públicos? Mas, o Partido Democrata ganhou com folga as eleições para o Senado e para a Câmara dos Representantes.

    Logo, Obama não precisa do apoio dos Republicanos para coisa alguma. Basta ele manter o seu partido unido que aprovará o que quiser no Congresso.

    Já acabou a época em que os Republicanos davam as cartas na política norte-americana. Pelo menos até as próximas eleições parlamentares, em 2010, Obama e o Partido Democrata tem a ‘faca e o queijo’ nas mãos e podem aprovar o que eles quiserem.

  2. Eu sempre fico em dúvida
    Eu sempre fico em dúvida quanto a tradução adequada para o “New Deal,” um frase bem-pensado que mistura a idéia de uma nova dada de cartas (redistribuição de riqueza) e um novo contrato social entre os governos e os governantes.

    Nosso amigo Marcos está levemente enganado quanto ao raciocinio seguinte, eu acho:

    “Mas, o Partido Democrata ganhou com folga as eleições para o Senado e para a Câmara dos Representantes. Logo, Obama não precisa do apoio dos Republicanos para coisa alguma. Basta ele manter o seu partido unido que aprovará o que quiser no Congresso.”

    Precisa, sem, por causa daquela instituição singular da legislativa americana chamada o “filibuster” — definida secamente pelo Michaelis como “obstrucionista ou obstrução de trabalhos legislativos …”

    Nós tambem temos nossas CPIs do Fim do Mundo (como o processo de impedimento contra Clinton — coitada da Mônica (Lewinsky e não Veloso). O escândalo servia de travar a pauta legislativa durante o segundo mandato do popularíssimo presidente).

    A coalizão que sustentava o New Deal se desmantelou em 1968 (graças em parte à oposição no sul do País, então a chave das supermaiorias Democratas e hoje um reduto dos Republicanos, as medidas federais conferindo plenos direitos civís aos afro-descendentes), e nós nos encontramos fortemente polarizados ainda hoje.

    No entanto, quem mais queimava dinheiro público e superávit orçamentário na época moderna foi Bush Filho, até antes do crise e resgate dos bancos. Tem um dossier devastador sobre isso na última da revista Harper’s.

    Daí uma surpreendente sapatada jogada contra ele pelos “verdadeiros conservadores fiscais.”

    Eu tenho até simpatia para esse ponto de vista. As pessoas votam para um governo enxuto, impostos menores, e mais dinheiro na bolsa e acabam durmindo no parque enquanto o governo dinamita 3 trilhões no Iraque. Xi.

  3. Não vai ser fácil. Obama
    Não vai ser fácil. Obama precisa logo escolher a sua Dilma e lançar o seu PAC, que deverá ser um mega-PAC. Mas a reação será terrível. Quando se prenunciar alguma recuperação da economia, com alguma melhora na situação psicológica geral, as forças conservadoras tenderão a se reagrupar e acusar Obama de tentar destruir a essência do espírito americano,que para eles está na seletividade social e econômica através da concorrência, da iniciativa privada e da busca de superação através do individualismo e do darwinismo social. Nisso, os republicanos não estarão sós. Condições duras farão brotar uma nostalgia dos tempos áureos e os conservadores se aproveitarâo disso para se apresentarem como aqueles que reconduzirão o país àqueles tempos, contando com o apoio de muitos democratas. Obama será defendido por uma nova classe média emergente beneficiada por suas reformas, mas talvez esta não possa se contrapor aos poderosos. O nível do debate deverá baixar muito, e os xingamentos raciais e ataques rasteiros ao presidente surgirão sem qualquer escrúpulos. Vai ser muito difícil passar por tudo isso. Mas a alternativa conservadora não poderá levear a outra coisa senão à guerra.

  4. Creio que apesar da indústria
    Creio que apesar da indústria automobilítica nos EUA, Europa e Japão estarem em depressão, a provável ação do futuro governo americano deve evitar que a depressão econômica a nível mundial.

    Além de uma postura totalmente diferenciada do FED em relação a depressão dos anos 30,
    a redução na produção de automóveis nestes mercados está se dando em função da falta de confiança dos consumidores e da falta de liquidez do sistema financeira,
    o que é diferente do que ocorreu na depressão econômica quando havia um excesso de oferta em função a recuperação da capacidade industrial da europa após a primeira guerra mundial

    .Creio que o fundamental já foi feito, que é o abandono da políticas de livre mercado e reconhecimento na necessidade de realizar uma política fiscal anti-cíclica.

    Agora as autoridades econômicas precisam estar atentas para regular a enorme explosão de demanda que pode vir com a recuperação da confiança por parte dos consumidores nos EUA, Europa e Japão.

    No setor automobilísticos nestes mercados está havendo uma claro movimento de demanda reprimida, ponto de as vendas de automóveis no mercado interno japones se comparem ao do Brasil,

  5. Pede senha para acessar o
    Pede senha para acessar o arquivo… Não tem como disponibilizar na íntegra para não-assinantes UOL?

  6. Alguém me explica cómo uma
    Alguém me explica cómo uma crise cuja origem foram os juros baixos, a farra fiscal, e o aumento da dívida se soluciona com juros baixos, farra fiscal e o aumento da dívida?

    Antibiótico faz mal a quem está bem e faz bem a quem está mal.

  7. Por uma questão de justiça é
    Por uma questão de justiça é importante dizer que o Jornal Zero Hora publica, todo domingo, no seu caderno de economia, o artigo de Paul Krugman.

  8. C.Brayton, eu conheço essa
    C.Brayton, eu conheço essa história do ‘filibuster’, que é a obstrução parlamentar feita pela minoria. Obama critica fortemente o uso desse recurso em seu livro ‘A Audácia da Esperança’.

    Mas, entendo que o eventual uso desse recurso pelos Republicanos acarretaria mais prejuízos políticos e eleitorais à eles do que benefícios.

    E por uma razão muito simples: se Obama não conseguir aprovar os seus projetos devido ao uso do ‘filibuster’ pelos Republicanos, ele poderá colocar a culpa, por um eventual agravamento da crise’, nos próprios Republicanos.

    Apostar no ‘quanto pior, melhor’ será péssimo para os Republicanos, pois o eleitorado não os perdoará por isso.

    Além disso, todo novo Presidente tem, nos primeiros meses do seu mandato, um apoio popular muito maior do que aquele que obteve quando se elegeu e isso é outra razão para que os Republicanos não usem do filibuster.

    Além disso, a gravidade da crise, gerada pelo governo dos Republicanos, exige ações imediatas por parte do governo de Obama e qualquer agravamento da mesma será debitada na conta dos Republicanos caso o novo governo não consiga aprovar os seus projetos no Congresso.

    Os Republicanos já levaram 2 surras eleitorais, em 2006 e em 2008, e não seria nada inteligente para eles adotar uma postura que os levasse a tomar outra surra nas eleições de 2010.

  9. Nassif, olha essa
    Nassif, olha essa notícia:

    Obama prevê déficit de US$ 1 tri durante anos nos EUA

    O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta terça-feira que o país terá um déficit orçamentário que passará de US$ 1 trilhão durante anos, mas ressaltou que é preciso fazer gastos para reativar a economia.

    Obama se reuniu com sua equipe econômica para debater seu plano de recuperação econômica, o qual afirmou que será sua maior prioridade quando assumir seu mandato, no dia 20.

    http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200901061853_EFE_77736058&idtel=

    Obs: Uma dúvida, Nassif: será que o Dólar aguenta ‘segurar o rojão’ com tanto déficit, assim? Esses déficits gigantescos não podem acelerar um processo de ‘fuga do dólar’?

  10. Creio que tudo é para evitar
    Creio que tudo é para evitar a depressão econômica. Uma vez reconquistada a confiança, será preciso atacar a questão do déficit fiscal americano.

    O certo é que se ocorrer um depressão econômica, o déficit fiscal americano será muito maior em função da queda de arrecadação.

    O mesmo ocorre com o Brasil, caso o COPOM reduza de fato os juros da selic e a liquidez retome os patameres anteriores, será preciso ajustar o compulsório novamente.

    Mas primeiro temos que resolver o probleminha atual.

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