Crise leva a fusão de bancos na Grécia

Do Valor Econômico

Em meio à crise, bancos gregos se fundem

Por Kerin Hope | Financial Times, de Atenas

Os gregos Alpha Bank e EFG Eurobank sofrerão uma redução no total de € 1,2 bilhão (US$ 1,7 bilhão) em suas carteiras de títulos soberanos, segundo os termos do segundo socorro financeiro ao país proporcionado por parceiros da União Europeia, segundo relatório de resultados do primeiro semestre anunciados na segunda-feira.

Antes, também ontem, os dois bancos privados anunciaram detalhes de uma fusão, baseada inteiramente em ações, e uma injeção de capital de € 500 milhões pelo Qatar, um Estado no Golfo, na forma de um título conversível de três anos. “Esse é um voto de confiança na Grécia. É a primeira fusão bancária e o primeiro investimento estrangeiro no setor [desde o início da crise da dívida no país]”, disse Yannis Costopoulos, presidente do Alpha.

O Alpha deverá emitir cinco novas ações para cada sete ações do Eurobank, disse ele. O Qatar já detém uma participação acionária de 4,5% no Alpha.

A fusão entre os segundo e terceiro maiores bancos gregos acontece em meio a crescente pressão da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional por consolidação no setor.

Os bancos gregos defrontam-se com uma redução de 21% em cerca de 90% dos cerca de € 55 bilhões em suas carteiras de títulos, além de um agravamento no aperto de liquidez e crescimento do percentual de empréstimos não honrados, à medida que se aprofunda a recessão no país.

A fusão foi acertada poucos dias depois que o Eurobank tornou-se o segundo banco grego a buscar ajuda de liquidez emergencial junto ao banco central do país sob um esquema acordado com o Banco Central Europeu.

O Eurobank recebeu € 3 bilhões em fundos de emergência um dia depois que o Piraeus Bank, o quarto maior banco grego, recebeu € 2 bilhões, segundo pessoas bem informadas sobre o acordo. Não foi possível encontrar funcionários do banco central grego para comentar o assunto.

Analistas disseram parecer que o Eurobank e o Piraeus já não dispunham de garantias consideradas aceitáveis sobre os empréstimos concedidos pelo BCE, na esteira de uma série de rebaixamentos da nota da Grécia por agências de classificação de crédito.

Nikos Nanopoulos, executivo-chefe do Eurobank, disse que a entidade resultante da fusão procurará captar € 1,2 bilhão por meio de uma emissão de direitos em janeiro próximo, como parte de um programa de fortalecimento de capital num montante de € 3,9 bilhões. A entidade resultante da fusão deverá ficar com uma proporção pró forma básica de capital nível 1 igual a 14 – um indicador fundamental definido pelas agências fiscalizadoras do vigor de balanços patrimoniais – após a conclusão do plano de reorganização de capital, disse ele.

O Alpha anunciou um lucro líquido de € 14 milhões no primeiro semestre, antes de prejuízos devidos a quedas no valor de € 532 milhões em sua carteira de títulos.

O Eurobank disse que seu lucro operacional líquido no primeiro semestre foi de € 76 milhões, antes de uma prejuízo de € 660 milhões em sua carteira de títulos. Os dois bancos iniciaram um processo de desalavancagem em resposta à recessão.

Luis Nassif

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