A política industrial, segundo Davi Kupfer

Leia aqui a coluna econômica de ontem, “Os parâmetros da política industrial

Caro Nassif

Com relação à sua coluna de hoje, quero, primeiro, agradecer a gentileza de me comparar ao Castro, o que certamente é uma exagero de sua parte mas uma grande honra para mim.

Quanto ao que vc menciona como imprecisão, acho que realmente não fui compreendido em um ponto específico da minha coluna – exatamente a idéia que está no último parágrafo. Lá tentei dizer que as políticas de conteúdo local (que, aliás, podem ir muito além das compras públicas diretas) são fundamentais para preservar a indústria como o pólo dinâmico da economia brasileira, especialmente quando potencializam a capacidade da atividade industrial de comandar serviços de alto valor adicionado que, sem essa atividade industrial local, não teriam como prosperar no país. Por isso, a política de conteúdo local deve estar direcionada para as atividades que têm potencial para encadear desenvolvimento tecnológico. Como sempre disse, o Brasil não deve nem tem as competências para buscar tornar-se um país pós-industrial, razão pela qual temos que perseverar na defesa da nossa indústria. E isso me parece bem diferente do que vc assinalou como conclusão 2: “Que sua função seria tirar o país da dependência da indústria, como fator dinâmico”. Ao contrário, quis dizer que a função da política de conteúdo local é devolver à industria o seu papel motriz que ela exerceu no passado e vem perdendo nos últimas duas décadas. 

Só que o processo de industrialização hoje segue uma trajetória completamente distinta da de 30 anos atrás. Porém, naquilo que é central, estamos em total acordo: conteúdo local é necessário mas não suficiente se não estiver conjugado a conteúdo tecnológico nacional. E é exatamente aí que a especialização vertical proporciona muito mais espaço do que as formas alternativas. E é também aí que a política industrial, ao fazer os múltiplos instrumentos de que dispõe convergirem para esse objetivo, encontra seu espaço mais nobre de atuação,.

Acho que poderemos explorar mais o assunto na Brasiliana do próximo dia 23. De todo modo, como disse na introdução do meu artigo, que bom que estejamos voltando a debater temas desse tipo e não somente questões macro.

Grande abraço

David

Luis Nassif

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