Depois das dificuldades de 2015, cenário político ainda deve impactar em 2016

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – O ano de 2015 foi marcado pelas dificuldades no mercado financeiro, muito por conta do impacto gerado pela crise política e pela  instabilidade macroeconômica do país. E o cenário não deve ser muito diferente para o ano de 2016, pelo menos na visão de alguns analistas.

“Em relação ao que foi 2015, foi um ano muito difícil, principalmente tanto para a economia como para o cenário político”, explica a analista Sandra Peres, da corretora Coinvalores. “A inflação ficou novamente fora da meta, o dólar está valorizado e os juros começaram a ter uma elevação bem significativa, e acabaram afetando bastante as empresas – tanto que algumas revisaram seus planos de investimento”. Fora isso, fatores como crédito menor, queda da intenção de consumo levaram as empresas a adiar suas compras ou investimentos, o que afetou os resultados de várias empresas, com impacto direto no índice da bolsa.

Na visão de Pedro Galdi, analista da consultoria Whatscall, as questões políticas devem afetar operações. “Se a (presidenta) Dilma ficar, a bolsa vai sofrer muito, até abril se bobear. O primeiro trimestre pode ser meio morto, considerando que a economia está estagnada e piorando, e as agências já rebaixaram a nota do país – com dois rebaixamentos, o papel do país vira junk e não tem como reverter, parte do capital vai embora por regras de aporte em países que não são investment grade”.

Na visão de Sandra, o cenário de 2016 não é muito animador. “A gente pontua como maior desafio o cenário político. Vai continuar muito difícil para os brasileiros, e também vai continuar a pontuação do PIB (Produto Interno Bruto), provavelmente se continuar em queda vai entrar em recessão (…) Tudo o que vimos no ano passado vai se repetir, e um ponto que deve ser bastante complicado seria o campo político, se vai ter impeachment ou não, se as promessas de superávit das contas irão ser aprovadas ou não (…) A única coisa que vai ficar bem difícil precisar é o quanto a bolsa vai ser afetada ou não. Ainda tá em aberto a análise e o posicionamento das companhias, mas a gente estava colocando a bolsa para o ano que, mesmo com cenário incerto, pagam dividendos, tem faturamento mais concentrado em mercado externo, e algumas empresas tem alguns pontos que vão ser positivos mesmo com esse cenário em 2016”.

Por conta disso, a recomendação dos analistas é acompanhar as empresas que acabam sendo beneficiadas pela melhora do cenário externo, como Ambev e Suzano, por exemplo. “Além do mercado externo melhor e do dólar que favorece a receita dolarizada, o preço da celulose está aumentando, o que é um ponto positivo”, diz Sandra.

Dividendos ainda são foco; tom é conservador

Segundo Sandra, da Coinvalores, existem outros setores que devem ter problemas, mas outros que serão favorecidos, como  em energia, onde algumas empresas vão sofrer com cenário, mas que companhias como CPFL e AES Tietê podem ter um desempenho melhor por conta do período de revisão tarifária e renovação de contrato, além de serem boas pagadoras de dividendos. Além disso, empresas como Cetip e Vivo são apontadas como passíveis de acompanhamento, enquanto segmentos como consumo, mineração e siderurgia vão exigir cautela.

Para Pedro Galdi, o setor de alimentos tem papéis conservadores para o investidor se posicionar, “mas tem que tomar cuidado porque o desemprego pode aumentar, além das indicações de juros altos e inflação”, e as exportadoras, com o atual patamar de dólar, tendem a se dar bem, como Embraer, WEG e Braskem, por exemplo. O varejo também deve exigir cuidado, mas algumas empresas (como Lojas Renner, por exemplo) tendem a surpreender. No setor de energia, Galdi recomenda a análise das ações da Taesa devido aos dividendos pagos, mas a intervenção do governo acende a luz amarela.

No setor financeiro, o analista da Whatscall diz que Itaú Unibanco, Cetip e Cielo estão entre os papéis a se acompanhar. Entre as blue chips, Vale não tem um cenário favorável.

“Em telecom, o cenário está em consolidação, enquanto o setor de transporte e logística tem a Localiza como um  papel interessante, uma vez que ela ganha dinheiro vendendo carros”, diz Galdi. “Contudo, construção e setor imobiliário não são indicações interessantes, enquanto Raia Drogasil ainda tem uma operação elástica com o envelhecimento da população e o aumento da compra de remédios”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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