Coluna Econômica – 25/06/2010
Um seminário na Federação Única dos Petroleiros (FUP) juntou um grupo relevante de especialistas para analisar os efeitos do pré-sal.
Como lembrou o economista Henrique Jäger, da FUP e do Dieese, hoje em dia as reservas de petróleo do país estão estimadas em 22 bilhões de barris. Com o pré-sal poderão superar os 80 bilhões.
Na sua avaliação, trata-se do melhor negócio da economia capitalista para os próximos vinte anos.
Nesse período, se atingirá o pico da produção de petróleo, enquanto o mundo continuará altamente dependente pelos próximos vinte anos. Portanto, o país poderá se beneficiar da abundância de suas reservas e de preços progressivamente maiores no mercado internacional.
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EntEntra-se, portanto, na terceira fase da era do petróleo. A primeira foi a do cartel das Sete Irmãs. A segunda, a do cartel da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo). A terceira se dará com o Brasil participando como player global.
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Presidente da Empresa de Planejamento Energético – o órgão do governo incumbido dos estudos sobre a matriz energética brasileira – Maurício Tomalsquim pensa que o fator que mais influenciará o setor não será a mudança da matriz energética, a curva da oferta, mas as restrições ambientais.
No caso da matriz brasileira, para os automóveis o etanol é mais competitivo do que a gasolina; na energia elétrica, há clara vantagem da energia hídrica. Assim, o petróleo do pré-sal será fundamentalmente voltado para as exportações.
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O recente vazamento de petróleo no Golfo do México penalizará um pouco a indústria, devido ao aumento do custo com investimentos de segurança e aos prêmios de seguro.
Por outro lado, abrirá uma janela de oportunidades para o pré-sal, já que a paralisação das prospecções na região liberou sondas para o pré-sal.
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Como lembrou Jäger, o Brasil passou por acidente similar nos anos 80 na Plataforma de Anchova, que matou trinta trabalhadores. Mas ainda se estava na ditadura e as questões ambientais não eram relevantes.
Hoje em dia, seria impossível um acidente na Petrobrás como o do Golfo do México.
Há uma válvula que fecha o poço. Depois do acidente de Anchova, as plataformas da Petrobras passaram a dispor desse mecanismo automatizado. Na plataforma da British Petroleum não, continuava sendo manual.
Quando ocorreu o problema no poço, foi subindo pela tubulação. Quando estava próximo da plataforma, como auto-defesa o funcionário da BP fechou a saída. E aí o problema explodiu na boca do poço.
Tanto a BP quanto Shell não dispõem desse mecanismo automatizado em suas plataformas.
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Outro dado relevante foi o levantamento de Frederico Lisboa Romão sobre a situação dos municípios produtores de petróleo – que enriqueceram com o pagamento de roylaties.
Na maioria absoluta dos casos, ostentam péssimos Índices de Desenvolvimento Humano, devido a um duplo castigo. Numa ponta, prefeituras e câmara de vereadores se apossaram dos recursos de royalties.
De outro, para evitar fiscalização externa, eles abriram mão dos programas federais de transferência de renda – tipo Bolsa Família -, porque exigiria apresentar suas contas à auditoria federal.
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