Empresas do Ibovespa ganham R$ 80 bilhões com queda do dólar

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – O anúncio de adiamento do início de corte dos incentivos por parte do Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos) causou um estado de euforia no mercado, levando à queda brusca do dólar – a moeda norte-americana chegou a cair 3% em um único dia – e à disparada dos mercados. E no Ibovespa não foi diferente: a contração do dólar acabou por gerar ao índice um ganho de R$ 80 bilhões, segundo estudo elaborado pela empresa CMA.

Entre as ações que mais ganharam com essa desvalorização, estão Gafisa ON (GFSA3, com 30,07% de ganho no período de pesquisa, Eletrobras ON (ELET3, com 24,20%), Oi PN (OIBR4, com 22,40%), Oi ON (OIBR3, com 19,47%) e Gol PN (GOLL4, com 19,35%). Na outra ponta, os papéis que mais perderam com a desvalorização do dólar foram OGX Petróleo ON (OGXP3, com -51,95%), MMX Mineração ON (MMXM3, com -25,45%), Fibria ON (FIBR3, com -9,19%), Embraer ON (EMBR3, com -8,38%) e Gerdau PN (GGBR4, com -5,14%).

Os cálculos levaram em consideração o período de 22 de agosto a 25 de setembro, como explica o economista-chefe da consultoria, Carlos Lima. “Nós fizemos um trabalho de verificação da volatilidade do dólar frente a várias divisas. O dólar se desvalorizou frente a todas as moedas que acompanhamos, o contrário do que houve em agosto”.

A partir daí, foi realizada uma avaliação dos impactos dessa desvalorização para as ações que integram o Ibovespa – “como o índice tem um peso maior em commodities, tivemos certeza que o impacto tinha sido benéfico”, diz Lima – à medida que o Banco Central anunciou a venda diária de dólar (via leilões de swap e leilões de linha), no dia 22 de agosto, aliado à decisão do Fed em adiar o corte dos incentivos.

A partir daí, a CMA detalhou a avaliação da carteira do Ibovespa, comparando os valores negociados em bolsa versus a quantidade de ações existentes no mercado. Considerando que algumas empresas possuem ações preferenciais e ordinárias na carteira (entre elas, Petrobras, Vale e Bradesco), o cálculo foi efetuado com as ações ordinárias (valor x quantidade) e preferenciais (valor x quantidade). A partir dessa conta, constatou-se que o Ibovespa representava R$ 1,550 trilhão em 22 de agosto e, com a recente desvalorização do dólar, esse valor chegou a R$ 1,630 trilhão, enquanto o dólar teve uma queda de 8,30%ante uma elevação do Ibovespa de 5,57%.

Tendência é de mais volatilidade

A decisão anunciada pelo Federal Reserve acabou gerando não só um impacto sensível sobre o dólar, como também afetou as negociações com ações, gerando uma corrida por posicionamento no mercado como não se via há algum tempo. “A ideia do estudo é estabelecer um prazo maior que um dia, ou uma semana, para a análise, e fazer a avaliação de um período mais encaixado para ter certeza dessa movimentação do impacto do dólar sobre as variáveis”, diz Carlos Lima, da CMA, mas sinalizando que as informações envolvendo o Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos) só aumentam a incerteza e a volatilidade. E essa incerteza pode ser vista tanto na expectativa em torno dos dados macroeconômicos divulgados pela entidade, como pelo pronunciamento de representantes da autoridade monetária, que apresentam sinalizações contraditórias quanto ao início da redução dos incentivos na economia norte-americana.

O economista-chefe da consultoria explica que o Federal Reserve deve efetivamente retirar os estímulos, mas isso não será feito de uma só vez. “Isso deve ser feito em doses homeopáticas, pois até a economia norte-americana ainda não sinaliza tanto vigor em uma recuperação. Os dados de emprego e construção pesam para a decisão do Fed, e entendemos que a variável emprego é a mais demorada para sentir as medidas”.

O representante da CMA ressalta que as coisas não devem apresentar uma melhora de curto prazo, mas a decisão será de médio a longo prazo – o que deve fazer com que os mercados sigam voláteis, “mas com Ives para o dólar na casa de R$ 2,20 a R$ 2,30 até o fim deste ano”.

Lourdes Nassif

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