A corrida pelo etanol 2G competitivo

A corrida pelo etanol 2G competitivo

CTC entregará em 2014 primeira planta de demonstração de etanol 2G 

Por Lilian Milena, Do Brasilianas.org

O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) anunciou no início do ano uma parceria com a usina São Manoel, no interior paulista, para construção da primeira planta de demonstração de etanol de segunda geração (2G) no país. O gerente de projetos da instituição, Oswaldo Godoy, aposta 2016 como sendo o prazo mais longo para o início da produção comercial do combustível feito a partir da palha e do bagaço da cana-de-açúcar, “com possibilidades disso já ocorrer em 2014”.

Godoy explica que a planta é o último passo num processo de pesquisa que vem sendo realizado pelo CTC desde 2007, para viabilizar o etanol 2G. A próxima etapa, de instalação da planta de demonstração, estimada em R$ 80 milhões, terá incentivos do Plano Conjunto de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergéticos (PAISS), uma iniciativa conjunta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Em dezembro, durante o Cana Show, realizado em São Paulo, o centro de tecnologia lançou o Programa de Melhoramento Genético para redução do tempo de desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar de 14 para 8 anos. Na ocasião foram apresentadas três variedades da planta (CTC 9001, CTC 9002 e CTC 9003), adaptadas às condições de clima e solo tolerantes ao clima do cerrado e maior concentração de sacarose em peso por hectare.

O CTC não está sozinho na corrida do etanol 2G brasileiro. Em maio do ano passado a GraalBio anunciou o início da construção da primeira usina de produção do biocombustível extraído da celulose da cana-de-açúcar, na cidade de São Miguel dos Campos, interior de Alagoas. A previsão é que a planta entre em funcionamento no início de 2014, com capacidade de produzir até 82,5 milhões de litros/ano de etanol 2G.

Godoy destaca que “o grande diferencial da planta desenvolvida pelo CTC” é ser baseada num modelo de integração com a produção do etanol de primeira geração. Isso porque o projeto do CTC prevê o aproveitamento das instalações já existentes nas usinas sucroalcooleiras, reduzindo a necessidade de investimentos em equipamentos que deverão viabilizar o etanol 2G.

Godoy também pontuou que a tecnologia 2G do centro de pesquisa é totalmente voltada à biomassa da cana-de-açúcar. Assim, o CTC espera alcançar uma técnica com maior grau de produtividade, “ao desenvolver um processo para a biomassa da cana-de-açúcar e para as indústrias sucro-energéticas do Brasil”, completa.

A título de comparação, as técnicas de pré-tratamento e conversão da biomassa em etanol, apresentadas pela GraalBio, foram desenvolvidas pelo grupo italiano Mossi&Ghisolfi, a partir de diversos tipos de matérias-primas.

O processo

O etanol de primeira geração é obtido a partir da fermentação do caldo da cana-de-açúcar, rico em glicose. Nesse processo são dispensados a palha e o bagaço (compostos de celulose), que representam cerca de dois terços da planta.

Para obtenção da segunda geração de etanol, a celulose (longa cadeia formada por carboidratos) é convertida em glicose. Logo, o grande desafio hoje da indústria canavieira é realizar essa conversão a um custo semelhante ao da produção do etanol de primeira geração.

Um dos pontos mais estudados para reduzir o custo do processo é a aplicação de enzimas (proteínas) que atuam na conversão da celulose. Godoy destaca que o CTC está trabalhando com diferentes tipos de enzimas, uma delas desenvolvida pela Novozymes em parceria com a instituição entre 2007 e 2009. A empresa dinamarquesa, considerada a maior fabricante de enzimas do mundo, também ofertará as proteínas do projeto da GraalBio.

O Brasil produz em média 27 bilhões de litros de etanol por ano. É o segundo produtor mundial de álcool combustível, atrás dos Estados Unidos que oferta, em média, 50 bilhões de litros de etanol extraídos do milho num processo economicamente mais caro que o brasileiro. Com o domínio do etanol de segunda geração a produção do Brasil por hectare deverá aumentar em 30%, no mínimo, segundo avaliação de Godoy.


Gerente de projetos do CTC, Oswaldo Godoy

Luis Nassif

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