As incertezas sem precedentes sobre o futuro da energia

Por Ronaldo Bicalho, do Blog Infopetro

De acordo com Alex Forbes, no European Energy Review, um dos destaques do último Congresso Mundial de Energia, em Montreal, foi a apresentação do economista-chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, sobre alguns dos temas-chave do próximo World Energy Outlook.

Birol identificou quatro fatores cruciais para a definição do nosso futuro energético: as grandes incertezas sobre a recuperação econômica, o gás de xisto e as políticas de mudança climática; a insensibilidade crescente dos mercados de petróleo a mudanças de preços; o impacto cada vez mais amplo da China na dinâmica global da energia; e a mudança do papel da política pública de energia. Esse conjunto de fatores, segundo Birol, gera um contexto de “incerteza sem precedentes” para a indústria de energia global.

Segundo o economista-chefe da AIE, a forma e o ritmo da recuperação econômica após a crise global é, sem dúvida, a grande fonte de incerteza que a indústria de energia enfrenta no curto e médio prazo; na medida em que a trajetória de recuperação é fundamental face à correlação entre a atividade econômica, a demanda e a oferta de energia e, portanto, os investimentos em energia.

Alguns economistas afirmam que a recuperação vai levar um longo tempo”, disse Birol. “Alguns dizem que nós veremos uma segunda recessão, e outros que em breve veremos uma forte recuperação”.

Uma questão crucial, acrescentou, é se as economias emergentes, muitas das quais – para a surpresa da maioria dos economistas – não foram severamente afetadas pela crise, poderiam agora enfrentar dificuldades em função das suas ligações comerciais com as economias da OCDE, cuja recuperação tem sido “lenta”. As economias emergentes são importantes, porque é nelas que está previsto ocorrer o maior crescimento na demanda de energia.

Uma outra fonte de incerteza é o que vem ocorrendo nos mercados de gás natural, por causa das suas implicações não apenas para a indústria de gás, mas também para a indústria energética como um todo.

A visão do CEO da Shell, Peter Voser, em Montreal, foi que o gás natural poderia mudar o cenário energético mundial para melhor. O presidente da IHS Cera, Daniel Yergin, descreveu o boom na produção de gás não convencional – o “vendaval de xisto”, como ele chama – como a maior inovação na área de energia desde o início do novo século.

Para Birol, as tendências do mercado de gás constituem uma grande fonte de incerteza, na medida em que o “vendaval de xisto” ainda está em seus primeiros dias, e as suas perspectivas, portanto, ainda são altamente incertas.

Atualmente, o gás de xisto é produzido em quantidades significativas apenas na América do Norte. (…) é muito cedo para se afirmar que haverá um boom de produção de gás de xisto em todo o mundo. Pode muito bem ser o caso. Mas considerar isso como um dado pode ser uma informação enganosa para as tecnologias concorrentes, que poderiam perder por causa destas declarações muito fortes.”

Birol afirmou que o crescimento do gás de xisto gerou perdedores e vencedores, destacando a situação dos principais exportadores que perderam participação no mercado, em conseqüência desse crescimento. A manutenção do excesso de gás aumentaria a incerteza sobre a forma como esses agentes reagirão em termos de decisões de novos investimentos, especialmente no setor de upstream. A questão importante aqui é se e quanto tempo vai durar esse excesso.

A terceira fonte de incerteza identificada por Birol é a política em torno da mitigação da mudança climática, após as frustradas negociações em Compenhage em Dezembro passado. (…) continua no Blog Infopetro.

Luis Nassif

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