Por Daniel Rittner*
Repórter do Valor Econômico
Vamos falar com mais propriedade sobre OCDE? O caso da carta de Mike Pompeo colocou um tema árido nas mesas de botequim. É legal ver o interesse, mas antes de entrar na torcida e cair na polarização, vale aprofundar. Pode ser chato, mas evita falar bobagens apaixonadas.
1) A carta é frustrante? Com todas as letras: sim, é bem frustrante. Mas não surpreendente. Trump deu apoio público e irrefutável à entrada do Brasil na OCDE. Mas já havia feito isso bem antes com a Argentina. Gosta de Macri e era amigo de Franco, o pai de Mauricio. É pessoal.
2) Em maio, durante a conferência anual de ministros dos países-membros, o diretor-geral da OCDE, Ángel Gurría, montou um plano de entrada gradual: ARGENTINA e ROMÊNIA na frente, depois o Brasil e o Peru, finalmente Croácia e Bulgária – todos os atuais candidatos.
3) EUA e UE têm visões distintas. UE querem uma ampliação robusta da OCDE. É algo meio óbvio: uma organização econômica internacional continuará sendo importante sem China, Rússia, Índia, Brasil? Só que os europeus (espertinhos) querem manter sua predominância na organização.
4) Os EUA temem que a OCDE vire uma espécie de “ONU da economia”: uma organização inchada, desfuncional, com debates inócuos. O governo Trump é antiglobalista, despreza instituições multilaterais. E, como já ouvi em Washington, nem entende esse interesse todo do Brasil na OCDE.
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