Entrevista do novo presidente do Panamericano

Da Folha

“Caixa não colocará dinheiro no banco”

Novo presidente do PanAmericano diz que alvo do BTG Pactual, que comprou instituição, vai além da classe C

Executivo estima que banco passe a dar lucro em dois anos e que objetivo é estar entre os cinco maiores

DE SÃO PAULO

O novo presidente do banco PanAmericano, José Luiz Acar Pedro, diz que não haverá subsídio da Caixa na gestão da instituição.

Ex-vice-presidente do Bradesco, sócio do BTG Pactual, Acar, 58, como é chamado, diz que é um equívoco imaginar que o alvo do BTG Pactual é só a classe C. “Estamos abrindo um novo segmento de negócio”, disse à Folha.

(MARIO CESAR CARVALHO)

Folha – Dá para recuperar um banco que era alavancado por uma TV e tinha uma administração tão caótica que só na semana passada se descobriu que o rombo era da ordem de R$ 3,8 bilhões?
José Luiz Acar Pedro – A resposta é sim. O PanAmericano tem uma equipe de negócios muito bem focada. Se você tiver serviços apropriados e “funding” [recursos para investir], então… Com dois sócios como Caixa e BTG Pactual, você recupera, sim.

Em quanto tempo o banco deve voltar a dar lucro?
A gente estima que o primeiro ano será de ajuste, de investimento, de formação de carteira. No segundo ano, deve começar a dar lucro.

HaquHá quem diga que o BTG Pactual fez um negócio da China porque a Caixa vai acabar trazendo mais fundos do que vocês. Há alguma verdade aí?

Não é um negócio da China. O BTG Pactual vai dar linha de crédito nas mesmas condições que a Caixa. Não tem subsídio da Caixa. É tudo taxa de mercado.

Há um rumor de que o BTG compraria R$ 3 bilhões em recebíveis do PanAmericano, e a Caixa, R$ 5 bilhões.
Isso é irrelevante. Dependendo do recebível e da taxa, isso pode ser invertido. Também depende do apetite de cada um dos sócios.

O BTG Pactual não tem tradição de varejo. A dúvida é se um banco de investimentos consegue tocar uma instituição focada na classe C.
O BTG Pactual é diferente dos bancos de investimentos estrangeiros. Estamos vislumbrando que o varejo pode ser um novo nicho. Será nossa quarta linha de negócios: temos banco de investimentos, “asset management” [gestão de ativos], “wealth management” [gestão de fortunas]. A entrada no crédito ao consumidor e crédito consignado só tem sentido com a sociedade da Caixa. Sem a Caixa, não entraríamos.

O alvo é a classe C?
É crédito ao consumidor “middle market” [crédito para empresas médias]. Financiamento de veículo usado é classe C. Mas financiamento de veículo zero não é só classe C. E o PanAmericano faz financiamento de veículo zero. Essa grade é relativamente ampla. Quando você fala em crédito consignado, há segmentos do governo que estão no alto da pirâmide. Não é só classe C. Estamos abrindo um novo segmento de negócio.

Qual é a meta do PanAmericano para 2016, digamos?
O objetivo é sempre estar entre os cinco maiores. 

Luis Nassif

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