Ex-trader à TVGGN: “Bancos centrais ainda estão no século XIX”

A próxima crise financeira virá das empresas de gestão de ativos, que escapam de qualquer regulamentação, e não dos bancos centrais

Antonio Cruz – Agência Brasil

O programa TVGGN da última sexta-feira (8) contou com a participação de Manfred Beck, ex-trader, professor de economia e mercado de capitais, para explicar como o corte de gastos impacta a economia brasileira. 

Mas antes de discutir os papéis dos bancos centrais, o ex-trader quis chamar a atenção para o fato de que o mercado financeiro se transformou. Atualmente, empresas de investimento como a Blackrock e a Vanguard, têm mais de US$ 10 trilhões – o que indica que a próxima crise financeira virá dos gestores de ativos, não do sistema bancário.  

“Os bancos centrais, não só daqui como de fora, eu acho que ainda estão no século XIX. Ela [a Blackrock] levanta uma questão interessante, porque o fato de eu ser gestor de ativo, eu sou uma instituição não bancária. Portanto, eu não entro na norma de regulação e fiscalização da autoridade monetária”. 

Empresas de investimentos, observa o entrevistado, têm mais liberdade em comparação às instituições financeiras. “Por exemplo, a Vanguard ou a PIMCO, ou qualquer um deles, ou os fundos REG, eles são clientes de corretora como pessoas físicas e empresas jurídicas, e é muito interessante que eles não compram instituição financeira, eles compram participação acionária, eles criam ETFs, criam fundos de índice, compram participação em empresa, compram. Por exemplo, a BlackRock comprou no Brasil torres de celular, compra efetivamente infraestrutura, e está fora da regulação e tem uma liberdade de movimentação muito maior do que o próprio sistema bancário.”

Apesar de não saber quando a crise da gestão de ativos vem, Beck acredita que a vitória de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos trará muitas emoções para o mercado financeiro. 

Câmbio

Manfred Beck comenta ainda que um grande modelista do banco de investimento Goldman Sachs afirmou, há um mês, que o real não poderia estar desvalorizado desta forma pelo modelo dele. 

Para o ex-trader, o que explica a cotação do real no mercado de câmbio é a explicação dada por economistas, que resumem a questão ao risco fiscal. 

“Tudo é o risco fiscal, para explicar qualquer coisa, eles têm, não sei se é uma arrogância ou uma grande ignorância em relação ao poder do mercado futuro”, emenda.

“A gente aprende que às vezes sobe [a cotação do dólar] porque o mercado especula para subir, e é difícil o pessoal aceitar esse tipo de colocação, porque parece que os economistas sempre têm de arrumar explicação para tudo. Eles estão igual comentaristas de jogo de futebol, então tudo tem que ter explicação, até o lateral. Então, quando você olha a posição de dólar futuro hoje, na B3, ela está na ordem de R$ 78 bilhões de reais, quando você vê a movimentação diária, você tem uma movimentação diária de 35 bilhões de dólares”, explica o ex-trader. 

Confira a entrevista completa em:

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2 Comentários

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  1. E Nassif fazendo campanha contra as bets.

    Ora, se isso não é a maior orcrim de apostas, onde os estados e orçamentos sempre perderão eu não sei mais o que é…

    O pessoal preocupado com o impacto das apostas sobre o dinheiro dos pobres, rererere….

    O poder dos algoritmos financeiros sobre a renda dos pobres representa um risco mil vezes maior, e o pior de tudo, com a bet o pobre do apostador ainda tem uma dose de serotonina ou endorfina.

    Com o mercado, é só a paulada, sem saber de onde, e sem prazer algum.

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