História das desvalorizações cambiais

História da desvalorização

25 de novembro de 2010 | 16h06

Paul Krugman

Menzie Chinn atacou o desafio de Paul Ryan: “Nomeie uma nação na história que prosperou desvalorizando sua moeda.” Mas por que retornar à década de 1930?

Vejamos:

– A Grã-Bretanha se recuperou vigorosamente dos seus problemas nos anos 90 depois que desvalorizou a libra frente ao marco alemão em 1992. (Na época, alguns engraçadinhos sugeriram erigir uma estátua de George Soros em Trafalgar Square.)

– A Suécia também se recuperou fortemente depois da crise dos seus bancos nos anos 90 com um boom de exportações conduzido por uma coroa desvalorizada.

– A Coreia do Sul também saiu-se bem da sua crise de 1997-1998, registrando uma explosão das suas exportações após a desvalorização da sua moeda, o won.

– A Argentina registrou grande sucesso depois da sua crise em 2002, com o forte aumento das suas exportações que resultou da desvalorização do peso.

E outros mais. A verdade é que toda as recuperações de uma crise financeira que conheço, desde a 2ª Guerra Mundial, foram conduzidas por uma desvalorização da moeda. Na verdade, essa é a maior razão para o pessimismo no momento: devido ao alcance global da crise, a saída habitual está bloqueada.

Agora, estou certo que os defensores do ouro como investimento darão explicações bem diferentes sobre aqueles eventos. Mas, neste caso, não estaremos aprendendo com a história; e ela mostra muitos casos de países que prosperaram mediante a desvalorização.

Então o que ocorre com Paul Ryan? Primeiro, com certeza, na verdade ele não sabe muito a respeito de história monetária. Além disso, o que você vê com frequência entre essas pessoas que defendem uma moeda forte é uma espécie de enfoque da história no estilo da Vida dos Santos, fornecendo sempre exemplos emblemáticos (Alemanha de Weimar! Zimbábue!) e ao mesmo tempo continuam ignorando totalmente todos os exemplos que vão no sentido contrário.

E não há uma simetria: pessoas como eu já ouviram falar de hiperinflação, enquanto outras como Paul Ryan aparentemente nunca ouviram falar de uma Argentina ou uma Coreia pós-crise.

http://blogs.estadao.com.br/paul-krugman/

Luis Nassif

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