Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Incongruências, dos MAPA, FAO e Graziano, por Rui Daher

Incongruências, dos MAPA, FAO e Graziano, por Rui Daher

em CartaCapital

(para o GGN)

A simpática figura do Diretor Geral da FAO, José Graziano da Silva, entrará na Parte 2 deste texto, próxima semana. Tem ideias arrojadas o gajo, enunciadas em palestra na UNICAMP, inclusive, há alguns dias, postada neste GGN, mas que merecem maior reflexão.

Outra: ontem, o “N&P Diário”, atendendo ordens do patrão Mark sobre o motivo de Jair (vários pontas-direitas com esse nome ocuparam com galhardia essa posição no futebol, por que não na política?)  

Os solertes repórteres, após exaustivos três meses de pesquisas, chegaram à conclusão que a origem está no lulismo. Houve espanto entre leitores e leitoras do “Diário”. Dr. Mark permitiu que o assunto seja explorado no “Pi” de sábado.  

 

(para CartaCapital)

E aí? Todos com seus umbigos pregados no embate Lula versus Carminha Grisalha e Moro Lábios Finos? Ainda com dúvidas de que o feito veio para ficar por décadas? Então tá, frouxos, acharam que o Acordo Secular de Elites, bancado há mais de meio século pela Rede Globo, iria aceitar um capitalismo brasileiro menos selvagem?

Esqueçam, eles nos fazem o nada. Somos dominados por uma corja de canalhas e um tsunami pele-laranja norte-americano chamado Donald Trump.

“Nada além, nada além de uma ilusão, chega bem, que é demais para o meu coração, acreditando em tudo que o amor mentindo sempre diz”. Sou um adito. Pensaram se livrar de uma referência musical? Aí estão Custódio Mesquita e Mário Lago, cantados por Orlando Silva.

O horror Trump, nunca ouviu essa pérola brasileira, nada leu de Drummond, e como tantas vezes aqui previsto, sente-se no direito de ferrar o planeta. Nada diferente dos anúncios de aonde iria dar o golpe contra Dilma Rousseff. 

Prolegômenos feitos, vamos ao que, ultimamente, pouco interessa aos leitores e leitoras da coluna: agronegócio, agropecuária, segurança alimentar, pobreza rural.

Primeiro: o jornal “Valor”, sucursal paulista de “O Globo”, publicou no mês de julho, uma revista com título “O Poder do Campo”, e lide “Influência decisiva na economia e na política do país”.

Em 114 páginas, nenhuma vez cita a situação do agricultor brasileiro familiar, de assentamentos, tribos indígenas e quilombolas, em bonés corroídos, botinas gastas, rotas calças jeans. Dei-me ao trabalho: 38 fotos de executivos engravatados, analistas pontificantes, largos sorrisos; um colhedor de mangas na lida.

Claro. O que este imbecil queria se a edição é patrocinada pelas Dow/Dupont, Aliança Cabotagem, Jacto, Nissan, Bradesco, Santander, Volkswagen, Mercedes-Benz, Copebrás, Toledo Balanças, Chevrolet, Usina São Martinho, Yara, entre outras, menores, mas vistas sem a necessidade de lupa? Esta, se eu quiser, terei que arrancar de seus fecundos rabos.

Nada de novo: caboclos, caipiras, campesinos, sertanejos, se esfolam para produzir o que comemos e bebemos, mas nesse excremento publicitário nunca terão vez, o mesmo quando eu os defendo e assino. ‘Who Am I?’

Da merda do Censo Agropecuário 2017, creio já ter escrito. Foi feito para proveito da bancada ruralista. Felizes: cresceu o uso de agrotóxicos (mais 20,4%, em dez anos). “Pogresso, sabiam”?

Da entrega de nossos recursos naturais ao capital estrangeiro, creio, também ter escrito. Que a majestosa soja passaria por dificuldades o fiz há mais de seis meses – hoje, motivos diversos fazem suas cotações caírem, em Chicago, aos níveis de 2007, mas Trump briga com os turcos e faz o câmbio dar uma ajudinha enquanto a horrenda tabela de fretes desarranja. Então, se virem.

Como se Congresso, Judiciário e mídia não houvessem destruído democracia e economia brasileiras, intensifica-se o processo de desmatamento que poderá, segundo pesquisadores do Instituto SOS Pantanal, inviabilizar a disponibilidade de água naquele bioma.

É quando surge mais uma projeção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que a sucursal de “O Globo” em São Paulo publica com galhardia e Valor: “Expansão em (quase) todas as frentes” (8/8).

A produção de grãos prevista para a safra 2027/28 crescerá quase 30%, para 301,8 milhões de toneladas. Hoje em dia, estamos em torno de 233 milhões. Soja e milho na grandeza; arroz e feijão na rabeira. A pataquada de sempre, como bem entenderão os inteligentes leitores e leitoras de CartaCapital.

Tomam-se as séries históricas, algumas tendências óbvias de inovações tecnológicas, o aprofundamento monocultor nos maiores países produtores e exportadores, uns acepipes de guerras comerciais, planilhas e cabeças em cabresto e o Excel ditará ao planeta o que acontecerá com a nossa fome nos próximos dez (com louvor) anos.

Acreditamos. Alguns vibraremos com o papel preponderante do Brasil nessa epopeia. Por que não seguem a projeção mais dez anos? É fácil e muito provável que eu não esteja mais aqui para me irritar com essa bobagem.

Até que surge a FAO com raciocínio diferente. Na próxima coluna se eu não mudar de ideia.   

https://www.youtube.com/watch?v=c09OFsR6e7I]

[video:https://www.youtube.com/watch?v=1_MC4A11vYE

 

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

4 Comentários

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  1. A CARA DE PAU É MUITA. A INOCÊNCIA TUPINIQUIM COMPRA TUDO

    Um dia falei prum Ambientalista de Shopping Center: – Sabe por que o tatu caga cumpridinho e a cabra, enroladinho? – Não sei não, respondeu. – SE não sabe  nem de merda nenhuma, como quer falar de Agropecuária?! Estava passando hoje, pela Av. Paulista, uma ‘menina’ do GreenPeace vem com um panfleto pedindo apoio e colaboração. Uma foto de um avião jogando defensivos sobre uma plantação de soja. Avião Ipanema que é também uma das obras da genialidade brasileira, desenvolvido no interior de SP pela UNESP e batizado com o nome da Fazenda Ipanema que fica entre Iperó e Sorocaba. Falei para ela o porque não estava a foto da Fábrica das MultiNacionais Estrangeiras que produzem tal veneno. Inclusive do mesmo país onde fica a Sede desta ONG. De pronto me respondeu: SYNGENTA !! E eu respondi não só, mas também Monsanto, Bayer, Basf, Shell,…Ela falou: – É uma idéia, quem sabe de outra vez. – De outra vez, não !! Já peguei vários destes panfletos em anos de andanças pela Capital. Nunca em nenhum deles estavam Fábricas, Donos, Países ou Marcas dos Verdadeiros Produtores de Mortes, Contaminação, Má Formação, Exploração, Abuso, Deturpação,…. Sempre está a cara de algum Brasileiro. A Propriedade Rural de algum Brasileiro. O produto do suor e trabalho de algum Brasileiro. E mais uma vez um panfleto foi pro lixo. Por que lugar de lixo é no lixo, não é mesmo GreenPeace?!    

    1. Pois é, Zé Sérgio

      pouco se anda, pouco se estuda, pouco se lê, pouco se sabe de merdas de tatus e cabras ou de seus aparelhos intestinais. Somos compradores de rótulos e servimos para distribuir dinheiro para que a produção e o mercantilismo internacional vivam como nós não podemos viver,

      Nem acredito em “inocência tupiniquim”, confio mais em deixar-se enrolar por tatus. 

      Acabo de presenciar uma adubação aérea sobre extenso bananal em Registro/SP. Excelente o resultado com produtos baseados em ácidos húmicos e fúlvicos originários de turfas em decomposição há milhares de anos. Ali cagaram milhões de microrganismos benéficos. Saberá a ambientalista de shopping disso?

      Abraços  

      1. A CULPA É SOMENTE NOSSA

        Não existe mal que nos façam sem nosso consentimento. A não ser por guerra. E na guerra você pode lutar. O sr. mesmo já escreveu aqui. Seu Projeto de Fertlizantes Nacionais sabotado por seu próprio Governo. Milhares de Técnicas Agrícolas de Baixo Custo e Baixa Contaminação Ambiental. E Nacionais. E geradoras de Empregos, Tecnologia, Estratégia, Conhecimentos Nacionais. Globo Rural, outro dia, fez matéria a este respeito. Centenas de Escolas Técnicas e Universidades de Agronomia e Cursos correspondentes. Neste país com tamanho território e Recursos Naturais não pode ser relegado à penúltima página assunto tão importante. Não é culpa de Espetacular Universo envolvido na área de Agropecuária e Meio Ambiente. É culpa da Ignorância Tupiniquim. Esta, por diveros motivos, mas sendo  a principal (prática que fazemos questão em sermos Especialistas) não permite que Paulistas e Paulistanos, não conheçam a Serra do Cafezal, esplendor da Mata Atlântica que nasce dentro da Capital a partir do Parque Estadual da Serra do Mar. Nem as Plantações de Bananas, Palmitos, Chá Preto, Arroz ou Criação de Búfalos no Vale do Ribeira, a pouco mais de 100 Kms da cidade. Veriam como Agropecuária e Preservação podem ser Irmãs Gemeas. Nem 100Km de distância. E na banguela. É soltar o “Pois É” na serra. E ter freio.(P.S. Outro dia, na saída da BR entrando na estrada para a Ilha Comprida, um destes aviões entrou pela janela do meu carro e saiu pela outra. Ainda bem que estavam abertas. Podiam voar um pouco mais alto, quando passam pela estrada. abs.) 

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