Itália – dívida italiana remunera mais

O título da dívida italiana passou a pagar, em média, 2% a mais que o título da dívida alemã, igualando ao nível máximo cobrado durante o surgimento do Euro e dando sinais claros que o tal do mercado está olhando com muita desconfiança para as contas italianas.

O BTP italiano (buoni del tesoro pluriennali italiani) tem oscilado sempre na casa dos 200 pontos quando comparado com o título alemão Bund, usado como referência na Zona do Euro. O trágico é que, se a tendência se confirmar, pesará ainda mais sobre a dívida pública italiana, causando ainda mais desconfiança no mercado.

Também em níveis recordes, encontram-se os CDS (credit default swap, ou o custo pela garantia contra o calote) da Itália, Espanha e Portugal: aumento de 263 pontos na Itália (+ 18 pontos), de 373 pontos na Espanha (+ 22 pontos), e de 556 pontos em Portugal (+ 22 pontos).

Para Trichet, presidente do Banco Central Europeu, apesar da crise, a estabilidade financeira da UE não está em risco. Além disso, ele diz que os mercados “estão subestimando a determinação dos governos da Eurozona que estão cumprindo os programas de estabilização das contas públicas, e isso é flagrante.” (Fonte: Il Manifesto)

Será que “subestimar” é a palavra correta, Sr. Trichet? O mercado está cobrando um prêmio maior pela rolagem de dívidas e pela aquisição de títulos soberanos novos. O calote é algo praticamente impossível de se acontecer. Aliás, o inverso é o que ocorre: para fornecer as garantias para as chantagens dos mercados, os estados europeus estão aderindo aos pacotes suicidas de austeridade, penalizando a sociedade e os trabalhadores. De qualquer forma, o mercado sai ganhando.

A palavra certa para essa situação é “aproveitar”. Os mercados estão se aproveitando da ortodoxia de base liberal que reina no pensamento econômico europeu. A mesma ortodoxia que faliu a América Latina e fez os países mais pobres da África se tornarem ainda mais pobres, via Consenso de Washington. O pensamento econômico liberal deveria ser extirpado das escolas de economia e de gestão para o bem da humanidade.

Redação

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