Hipólito e o mingau de seguradora

Acabei de ouvir o comentário da Lúcia Hipólito na CNB. É sobre a criação de uma nova seguradora pelo governo federal. É uma lição exemplar de como pegar qualquer tema técnico, complexo, bater no liquidificador e transformar em um mingau sem substância alguma.

A lógica da seguradora é simples de entender. E, entendendo, até de criticar.

Há grandes obras de infra-estrutura em andamento. Ponto central para sua viabilização é o seguro que dê garantias para as grandes obras públicas.

Como são valores expressivos, significa riscos excessivos para as seguradoras. Na falta de um mercado segurador maduro para essas obras, nos últimos anos foram criados diversos fundos garantidores para suprir a falta de seguros. Esses fundos não podem fazer resseguros (isto é, repassar parte dos riscos) nem captar recursos para garantir o valor assegurado.

A nova seguradora englobará todos os fundos garantidores, poderá montar parcerias com o setor privado, fazer resseguros etc. Enfim, há uma justificativa racional para sua criação.

A partir desse entendimento, pode-se discutir se o setor privado teria condições de preencher esse vácuo, se haveria destinação melhor para os fundos garantidores.

Aí você liga a CBN e ouve mais ou menos o seguinte da comentarista Hipólito:

” A criação dessa seguradora demonstra a falta de apreço de Lula por sua sucessora. Se ele tivesse certeza de que a oposição venceria, teria lógica deixar essa bomba para o sucessor”. Como se essa seguradora fosse uma herança maldita e não uma peça essencial para viabilizar grandes obras de infraestrutura. Reforça com a ideia de que a seguradora vai “engessar” o próximo governo. Usa o termo “engessar” sem nenhum discernimento sobre valores, natureza do gastos nem nada.

* “É uma falta de respeito com Dilma, porque mostra que ela não tem nenhuma iniciativa”. Como se o papel de Estado fosse gregoriano: no dia 31 de dezembro para tudo e começa de novo. E como se obras portentosas, como grandes hidrelétricas, correndo contra o tempo, devessem se submeter ao calendário eleitoral.

* “É uma maneira de dar munição para a oposição”, completa a analista. Como se ela própria não estivesse transformando uma medida tecnicamente defensável em munição política, com essa risível preocupação com os eventuais danos que o anúncio poderá provocar na candidatura oficial.

Luis Nassif

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