O avanço do protecionismo

Atualizado

Por Roberto São Paulo/SP

Da Agencia Estado

01 de fevereiro de 2009 – 13h19 ]

União Europeia aumenta imposto de produtos chineses

São Paulo – Enquanto discutia-se em Davos, no Fórum Econômico Mundial, formas de evitar o protecionismo, a União Europeia (UE) anunciava em Bruxelas que está aumentando em 85% as taxas de importação contra produtos chineses destinados ao setor automotivo e maquinário. A China, depois de mandar sua cúpula passar uma semana em visita a Europa e garantir cooperação para enfrentar a crise mundial, promete levar o caso aos tribunais internacionais e acusa a UE de estar se aproveitando da crise para levantar barreiras. Cerca de 200 empresas chinesas alertam que vão sofrer com as medidas que afetam quase US$ 800 milhões do comércio bilateral. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (Equipe AE)

Por H. de Carvalho

Nem o capitalismo, nem o comunismo são impossíveis. Cada qual trata a seu modo os problemas sociais e econômicos. Sobre o comunismo nem sabemos nada a respeito, uma vez que ele nunca existiu. A URSS, a China, Cuba e outros nunca foram comunistas. Com o objetivo de denegrir e de afastar o interesse das pessoas pelo tema, associa o socialismo soviético – o stanilismo, diga-se de passagem – ao comunismo. O que é um erro crasso, por definição!

O fato é que os países emergentes fazem-se em uma situação paradoxal. Uma vez que não possuem uma diversidade de savoir-faire necessário para o desenvolvimento social e econômico mais ou menos independente, fundamentalmente ao que tange bens de capital (meios de produção), fecharem-se para o comércio globalizado é o mesmo que pular de um precipício. Por outro lado, a globalização, em função dos monopólios e oligopólios do conhecimento científico-técnico (patentes) e da necessidade de investimentos colossais para atingir um nível aceitável de concorrência global, faz com que, naturalmente, o parque produtor dos países emergentes concentre-se em certos nichos de mercado; em tese, mais favoráveis à competição capitalista, com certos produtos e serviços ainda não ou pouco desenvolvidos mundo afora. Trata-se da questão de um país periférico na periferia da pesquisa aplicada global. É exatamente por isso que, ainda que por motivos diversos dos meus, o protecionismo é, de fato, pior não só para os países centrais, mas muito mais para os países periféricos, como é o caso do Brasil.

Luis Nassif

15 Comentários

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  1. Engraçado… Não falam tanto
    Engraçado… Não falam tanto em “livre mercado” e “livre concorrência”, nas na primeira oportunidade que isso começa a funcionar contra eles vão rapidamente para os bloqueios e proibições? Pelo visto, o capitalismo é tão impossível quanto o comunismo, o que temos é o pior de ambos imposto por quem pode mais.

  2. Caraca!

    Eu notei esse
    Caraca!

    Eu notei esse absurdo no Fora de Pauta hoje. Colecionei varios comentarios meus e de outroas pessoas a respeito do assunto.

    O que o post esta falando que estao fazendo eh o contrario do que eu estou falando!!!!!

    Nao me ocorreria jamais que uma mancada dessas pudesse acontecer na Europa! O passado recente esta muitissimo claro: as elites causaram a crise e as elites a estao piorando pra se manterem vivas!

    Especifiquei como e porque isso acontece no FORA DE PAUTA DE HOJE. Eles vao tirar as patas da importacao/exportacao. Vao sim.

  3. Luis Nassif e Srs. Daniel
    Luis Nassif e Srs. Daniel Campos e Ivan Moraes,
    A mim tais ações não chegam a ser surpresa nenhuma. Sempre me bati contra a sanha neoliberal, e agora que a liberdade desenfreada do neoliberalismo está perdendo a luta para o controle governamental, seria de se prever que diante da recessão mundial que se avizinha, os governos iriam proteger os seus mercados. Como diz o velho ditado:”Farinha pouca, meu pirão primeiro”!!! Tanto o neoliberalismo quanto a sua filha mais ilustre, A GLOBALIZAÇÃO, estão fazendo o caminho inverso. O molusco está voltando à concha novamente. Os países eminentemente exportadores, caso da China, vão sentir muito visto que o mercado consumidor deste país é muito volátil. Com a queda nas exportações, haverá desemprego. Na China quem não tem emprego tem que trabalhar no campo, deixando assim de ser consumidor(no campo produz-se o que consome), criando-se um enorme círculo vicioso, que poderá levar até mesmo um gigante do porte da China à recessao.

  4. Nassif,
    Lembra do falecido
    Nassif,
    Lembra do falecido Aloisio Biondi ?
    Eu gostava da coluna que ele escrevia no Shopping News.
    Se bem lembro ele era umas das pouquissimas vozes a alertar que enquanto o jogo fosse favorável os países desenvolvidos iriam promover com força a abertura de todos os mercados.
    Mas quando a coisa virasse….
    Saudoso senhor Biondi….

  5. No corpo humano, as crises
    No corpo humano, as crises são buscas urgentes do próprio corpo para se livrar de algum “terceiro”, invasor, sejam estes terceiros bactérias, virus ou simples células cancerígenas que nosso corpo passa a vida toda eliminando.

    Na economia “globalizada” atual, funciona assim também.

    A tal CRISE que estamos presenciando é evidentemente semelhante.

    Substitua “corpo humano” por “elite (pseudo) neo-liberal” e verá que é exatamente a mesma realidade.
    Esta “elite” está lutando bravamente para se livrar de terceiros, que estão atrapalhando a manutencao da situação favorável a esta “elite”.

    Até quando (?!), não sabemos.
    Mas bem que podiamos ter forças para reverter a situação!
    Mas daí nos mobilizarmos, como sociedade, e dar um basta nessa palhaçada nessa pseudo-crise, “vixi”, vai demorar !!!

  6. “No corpo humano, as crises
    “No corpo humano, as crises são buscas urgentes do próprio corpo para se livrar de algum “terceiro”, invasor, sejam estes terceiros bactérias, virus ou simples células cancerígenas que nosso corpo passa a vida toda eliminando.

    Na economia “globalizada” atual, funciona assim também.

    A tal CRISE que estamos presenciando é evidentemente semelhante.”

    Vozes estouradas perdem mais de uma oitava
    http://www.youtube.com/watch?v=IO5qWlGhfmQ&feature=channel_page
    e nao se recuperam. O que Nina Hagen faz nesse video ao 1:21 ela nao vai fazer nunca mais. (tremenda lastima… pois eh eletrizante!)

    Nem por isso a musica deixa de funcionar, ou a funcao do capitalismo de importacao/exportacao. O **sistema** esta podre.

    Estamos vendo a voz da China sendo estourada por traicao europeia, nao por abuso hagen-daz (kkkkkkkk… sorry!).

    Como, alias, ja aconteceu com o Brasil um monte de vezes.

    Repensar o sistema. REPENSAR O SISTEMA AGORA E JA!

    A Europa nao esta, de maneira alguma, sendo “protecionista”. Esta sendo “protecionista” de sua elite intermediadora e de seu consumo desenfreado. Eh preferivel pra eles freiar o consumo –e trair a China– do que tirar quem lucra com o sistema do caminho.

    Eh por isso que os bancos brasileiros sao os mais lucrativos do mundo, alias, tudo eh intermediado e o governo nao tira os manquissimos cavalinhos do caminho.

    (vou levar 3 dias pra colecionar ideias de novo, sorry, tenho que parar agora)

  7. O que eh que a elite
    O que eh que a elite brasileira quer, no final das contas? Ser europeia?

    Que acordem de uma vez por todas: o Brasil eh uma maquina de perder dinheiro pra brasileiro. Todo mundo, da padaria da esquina a companias de aviacao e de carros, esta sujeito aa sabotagem pelo governo todo santo dia, e a unica qualificacao eh ser compania 100 por cento brasileira. Se nao estivessem, o sistema de exportacao de ambos dinheiro e bens implodiria.

    Eh ele que tem que sumir. Os fantabulosos BILIOES E BILIOES de “lucros” bancarios que a baranguissima media brasileira joga na cara dos miseraveis todo santo dia nao estao em lugar algum.

    Aonde estao? Me mostre. No Brasil? De maneira alguma. Nao estao. La nao estao. Nunca estiveram. Sei disso porque vivi la 20 anos e nunca vi uma ratoeira.

    Que nao eh substituivel. (se alguma coisa ja se modificou, otimo! Nao estou la e nao saberia)

    Mas que saber de uma coisa?

    Estado “rico” de 3 mil favelas eh dose pra leao.

  8. Caro Nassif

    No que se refere
    Caro Nassif

    No que se refere à China, tenho lá minhas cautelas. Não sei se pode ser considerado protecionismo insano o aumento de barreiras àqueles produtos. As condições de trabalho são terríveis, a falsificação é brutal, a moeda é hiperdesvalorizada.
    Daí que, especificamente com relação à China, creio que o mundo foi extremamente tolerante e festivo com o ingresso daquele País no capitalismo. Enquanto havia festa, a China foi festejada. Festa não há mais, José. Então, está na hora de tratar a China como gente grande – e não como um recém convertido.
    Abraço do admirador

  9. Sobre o protecionismo
    Sobre o protecionismo europeu, vamos olhar mais de perto

    1 – Os EUA tem anualmente um deficit monstruoso.
    2 – Este deficit ira aumentar porque o governo precisara de recursos para investir em obras de infra-estrutura e deste modo manter a economia respirando e evitar uma depressão.
    3 – Para cobrir o deficit os EUA lançarão títulos do tesouro.
    3 -Nos últimos 15 anos os maiores compradores de títulos americanos são pela ordem: China, Japão, Europa, Oriente Médio e América Latina.
    4 – A China e o Japão são países exportadores.
    5 – Em um mundo protecionista as barreiras comerciais impedem ou dificultam o comércio..
    6 – Se a China e o Japão não exportarem, como eles vão comprar os títulos do tesouro americano e por consequencia financiar o deficit do tio Sam?

    7 – Quais as alternativas dos EUA:

    Aumentar os juros dos titulos e esperar que alguem ainda compre. (Para uma divida tão grande isto é muito arriscado).

    Imprimir Dolar e esperar que o resto do mundo ainda acredite na moeda. (Talves o resto do mundo tenha se cansado de guardar dolares, sem falar que isto pode gerar uma inflação e por consequencia estagflação)

    Dar um calote monumental, virar a mesa e começar tudo de novo.

    Usar o poder militar para enquadrar o mundo inteiro.

    As duas ultimas cidadelas do capitalismo atual são o Dolar e os titulos do tesouro, se isto explodir, a crise deixa de ser econômica e passa a ser social.

    Conclusão: O protecionismo não é bom pro tio Sam. Ele deve usar todos os recursos para tentar manter o sistema atual em pé.

    Duvida: O tio Sam ainda tem condições de impor sua visão em uma mundo assustado?

  10. Nassif, infelizmente, a China
    Nassif, infelizmente, a China não compete de igual para igual com o mundo ocidental, que também não é nenhuma maravilha.
    Alguns fatores como superdesvalorização da moeda, a exploração do trabalhador quase escravo e o cerceamento da liberdade, que permite ao Governo chinés negociatas com multinacionais e montagem de indústrias para explorar a mão de obra barata, tornam o produto chinês imbatível em preço, às vezes com péssima qualidade.
    Trabalho com um manufaturado, que não tem concorrente da Europa ou EUA, competitivo, mesmo sem tarifa de importação, porém com o preço do similar chinês, não se consegue comprar nem a matéria prima no Brasil.
    A globalização, eu acredito que seja possível, mas todos tem que sentar na mesa e conversar muito, inclusive os chineses, senão vai dar nisso, protecionismo…Sdc

  11. Nem o capitalismo, nem o
    Nem o capitalismo, nem o comunismo são impossíveis. Cada qual trata a seu modo os problemas sociais e econômicos. Sobre o comunismo nem sabemos nada a respeito, uma vez que ele nunca existiu. A URSS, a China, Cuba e outros nunca foram comunistas. Com o objetivo de denegrir e de afastar o interesse das pessoas pelo tema, associa o socialismo soviético – o stanilismo, diga-se de passagem – ao comunismo. O que é um erro crasso, por definição!

    O fato é que os países emergentes fazem-se em uma situação paradoxal. Uma vez que não possuem uma diversidade de savoir-faire necessário para o desenvolvimento social e econômico mais ou menos independente, fundamentalmente ao que tange bens de capital (meios de produção), fecharem-se para o comércio globalizado é o mesmo que pular de um precipício. Por outro lado, a globalização, em função dos monopólios e oligopólios do conhecimento científico-técnico (patentes) e da necessidade de investimentos colossais para atingir um nível aceitável de concorrência global, faz com que, naturalmente, o parque produtor dos países emergentes concentre-se em certos nichos de mercado; em tese, mais favoráveis à competição capitalista, com certos produtos e serviços ainda não ou pouco desenvolvidos mundo afora. Trata-se da questão de um país periférico na periferia da pesquisa aplicada global. É exatamente por isso que, ainda que por motivos diversos dos meus, o protecionismo é, de fato, pior não só para os países centrais, mas muito mais para os países periféricos, como é o caso do Brasil.

  12. Os problemas que afligem o
    Os problemas que afligem o mundo não serão resolvidos com debates ou com acordos quaisquer. Não se trata de diálogo, mas da mudança radical das relações de produção socialmente estabelecidas mundo afora. Uma janela da história abre-se para o ser humano, que me parece ainda insistir em modelos claramente decadentes; modelos esses que realizam suas naturezas em crises globais indefinidamente.

  13. O temor maior nao eh o
    O temor maior nao eh o recrudescimento do protecionismo, mas sim a volta da “guerrilha ideologica”, o ideologismo marxista oportunista.
    Por outro lado, o neoliberalismo, lastreado pelo capital especulativo, trouxe-nos resultados cujos fatos ,hoje, tornam qualquer comentario redundante.
    O problema nas duas correntes de pensamento economico eh a falta de atitude realmente progressista (harmonia economica e social). Enquanto uma corporativiza e emperra; a outra privilegia alguns setores economicos
    (leia-se bancos e capital volatil).
    Progressistas, a hora eh agora !!!

  14. “O temor maior nao eh o
    “O temor maior nao eh o recrudescimento do protecionismo, mas sim a volta da “guerrilha ideologica”, o ideologismo marxista oportunista.
    Por outro lado, o neoliberalismo, lastreado pelo capital especulativo, trouxe-nos resultados cujos fatos ,hoje, tornam qualquer comentario redundante.
    O problema nas duas correntes de pensamento economico(…)”: pera la!

    Marxismo como pensamento economico?! Mas marxismo, pensamento politico, nao eh a arma que a direita usa contra o mundo?!

  15. Concordo com as analises que
    Concordo com as analises que questionam o oportunismo das mudanças.

    Mas temos que colocar dois fatores para analises.

    A) Concorrer com economia alicerçada num sistema escravocrata.
    B) Empresários do ocidente tendo que sustentar uma burocracia lerda e corrupta.

    São dois fatores que são dose pra leão.

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