O custo com salvamento de empresas nos EUA

Do Estadão

Crise custou ‘só’ US$ 145 bi aos EUA

Tesouro americano calcula que gasto com salvamento de bancos e empresas alcançará 1% do PIB, menos do que se esperava

06 de outubro de 2010 | 0h 00

Denise Chrispim Marin CORRESPONDENTE/ WASHINGTON – O Estado de S.Paulo

O Tesouro dos Estados Unidos estima que o custo fiscal do socorro ao sistema financeiro e empresas americanas desde a deflagração da crise de 2008 ficará abaixo de US$ 145 bilhões, o equivalente a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O cálculo consta do relatório enviado ontem ao Congresso americano, no qual o Departamento do Tesouro detalhou o custo fiscal de US$ 80 bilhões gerado apenas pelo Programa de Alívio a Ativos Problemáticos (Tarp, na sigla em inglês), que foi dirigido à seguradora American International Group (AIG), bancos, financiadoras e companhias do setor automobilístico e expirou no último dia 3.

“Nós atualmente esperamos que o custo fiscal direto de todas as nossas intervenções fique abaixo de 1% do PIB. Esse resultado é notável se comparado com as crises financeiras sistêmicas anteriores”, afirma o texto, assinado pelo secretário assistente do Tesouro para Estabilidade Financeira, Timothy Massad.

EmseEm seu argumento, Massad assinala que o custo médio de solução das crises de 40 bancos, desde 1970, foi equivalente a 13% do PIB. A expectativa inicial do Escritório de Contas do Governo americano apontava, em 2008, o custo de 2,4% do PIB.

O Tesouro desembolsou com o Tarp US$ 388 bilhões, sobretudo com programas voltados a bancos, ao setor automotivo e à AIG. Do total, US$ 204 bilhões foram reembolsados ao Tesouro nos últimos dois anos, especialmente pelos bancos (US$ 192 bilhões) e pela indústria automotiva (US$ 11 bilhões).

O custo fiscal apenas da ajuda da AIG, seguradora que consumiu US$ 48 bilhões dos cofres públicos, foi calculado em pouco menos de US$ 30 bilhões – levando-se em conta que o governo americano deve vender parte de sua participação na seguradora por US$ 20 bilhões.

O Tarp, entretanto, não incluiu o socorro às duas instituições voltadas ao crédito imobiliário que deflagraram a crise financeira americana, a Fannie Mae e a Freddie Mac, em setembro de 2008. Ambas continuam sob intervenção.

Reparos necessários. Na avaliação do Tesouro, as iniciativas tomadas pela Casa Branca desde o segundo semestre de 2008 eliminaram fragilidades do sistema financeiro, mas “ainda há reparos necessários”. Neste ano, as medidas de recuperação foram completadas pela chamada Reforma de Wall Street, um conjunto de novos requisitos de capital e de aumento da supervisão do setor financeiro destinado a evitar futuras crises.

Em um prévio balanço da crise americana, o documento enviado ao Congresso assinala a presença de uma resistente taxa elevada de desemprego de 9,6%, medida em agosto passado. Também registra que, dentre as 20 maiores instituições falidas em 2008, quatro foram absorvidas por outras companhias, cinco sofreram intervenções de agências reguladoras, duas concordaram com passar por uma supervisão mais rigorosa e dez aceitaram mudanças na sua direção.

“Hoje, nosso sistema financeira tem níveis substancialmente mais elevados de capital, em comparação aos riscos e aos competidores globais, que antes da crise”, afirma o documento.

PARA LEMBRAR

O Tarp foi um dos mais polêmicos programas da história dos Estados Unidos. Enquanto os defensores argumentavam que o plano impediu o país de enfrentar uma nova Grande Depressão, os críticos afirmam que serviu essencialmente aos interesses dos grandes bancos, empresas do setor automobilístico e de seguros. O que acabou dia 3 foi a autoridade legal para financiar novos programas de resgate, mas os planos de longo prazo, ainda em curso, serão mantidos. 

Luis Nassif

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