O desafio de Barack Obama

Coluna Econômica – 21/01/2009

Futuramente, o dia 20 de janeiro de 2009 será lembrado como o da posse do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, daquele que entra com a maior dose de esperanças. E também como o dia em que o mundo admitiu, pela primeira vez, a quebra do sistema bancário internacional – especificamente dos dois grandes centros financeiros do século passado, Estados Unidos e Inglaterra.
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O início da crise foi no subprime, os créditos hipotecários. A segunda rodada foi quando a crise se espraiou para os chamados fundos “hedge” – altamente especulativos – travando o crédito global. A terceira onda se formou em torno dos créditos ruins de empresas boas, mas que foram afetadas pela crise global.

Ontem, os diversos sites internacionais de notícias ecoavam as afirmações do economista Nouriel Roubini: o sistema bancário norte-americano quebrou.

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Roubini estima que o rombo poderá chegar a US$ 3,6 trilhões, apenas nos Estados Unidos. Ontem, o Royal Bank of Scotland – do Reino Unido – anunciou perdas esperadas de US$ 41 bilhões para 2008.

As ações do Citigroup, um dos bancos mais importantes do século 20, estavam cotadas a US$ 3,00, depois de bater em US$ 50,00. Seu valor de mercado fechou em US$ 15 bilhões, 40% do valor do Itaú. As ações do maior banco comercial norte-americano, o Bank of America, despencaram 19%, batendo em US$ 5,8. As do Morgan Stanley caíram 9,2%, para US$ 14,15.

Não foi por outra razão que, logo após o discurso de posse de Barack Obama, o Índice Dow Jones Industrial caiu 2,5%, enquanto o Standard & Poor’s 500-stock caiu 3,5 por cento, e a Nasdaq, de ações de empresas de tecnologia, caiu 4,1 por cento .

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Este será um dos desafios de Obama. O outro, a reativação da economia e do emprego em uma sociedade que, durante décadas, escorou-se no endividamento das empresas e das famílias. As famílias ficaram mais pobres patrimonialmente, com a queda das ações; perderam renda com o desemprego. Mas as dívidas continuam.

As empresas que conseguiram se manter líquidas nessa crise, dificilmente investirão em um mercado com mínimas perspectivas de recuperação pelos próximos anos. Melhor investir em economias emergentes, que sairão menos machucadas da crise.

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É esse o mundo que espera Barack Obama, a dura transição para uma nova época, uma nova era que sepultará por algumas décadas o financismo desvairado que quebrou a economia global.

Não será desafio fácil. Esses desafios exigem o líder carismático capaz de unir a Nação em torno de um objetivo comum. Não é tarefa fácil, já que a crise acirra os conflitos de interesse de forma aguda. Obama tem o carisma.

Por outro lado, enquanto não explicita seus planos, não provoca resistências. Daí o apoio de 80% dos eleitores norte-americanos. À medida que os planos forem sendo explicitados, cessará a unanimidade.

De qualquer forma, ao longo de sua história, a democracia americana deu mostras soberbas da capacidade de se reinventar, da capacidade de mudar paradigmas superados e de recuperar velhos valores ancestrais, que a tornaram a mais próspera nação do século.

13 Comentários

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  1. Foi um misto de admiração e
    Foi um misto de admiração e medo. É admiravel ver a união democratica de um povo mas é assustador ver um lider com tanto poder. Carisma não resolve problemas e é exatamente isso que preocupa. O quanto deste carisma é marketing? Será ele um engodo? Qual a experiência dele?

    “A esperança acima do medo”
    Dejá vu

  2. Eu acredito mais no
    Eu acredito mais no simbolismo desta eleição ,asim como foi a do Lula aqui, pois a margem de manobra do Obama é muito estreita(governar com democratas e republicanos compondo seu gabinete,ts,ts,ts.),tal como aqui em que a esquerda teve que “amansar” para asumir (se bem que uma boa parte amansou e assumiu a “direita”).Mas o que vai continuar de bom para nós latinos,apesar de nossa elite estar decepcionada como uma tiete adolescente que precisa do olhar do seu ídolo,nós não estamos no foco do tio Sam(tio Obama),nossas jovens democracias terão tempo para “maturar”,se aprimorarem,sem pressões,aprender com seus p´roprio erros e acertos tambem,ao contrário do que muitos pensam o “olhar” americano é muitíssimo mais perigoso para nós do que Chaves e Evo Morales ao quadrado.

  3. Caro Nassif, interessante
    Caro Nassif, interessante perceber como os dois fatos se correlacionam. Afinal, sem crise não haveria Obama. Boa parte dos detentores do capital se desacostumaram da dura labuta da produção. Inclusive, várias empresas que se acostumaram a sobreviver de receitas financeiras em detrimento das operacionais estão em um dilema: não tem estrutura e nem vocação para a produção. Como sobreviver?

    Abraços

    Alexandre

  4. Sobre “recuperar velhos
    Sobre “recuperar velhos valores ancestrais”… Eu acho que isso é um dos principais componentes que explica o sucesso norte-americano como nação: a existência de um mito fundador. Os “founding fathers” representam homens feitos apenas de virtudes, com valores a serem venerados e seguidos independentemente dos tempos. Sempre que a sociedade norte-americana se desvia, há alguém para invocar essa memória mítica em nome da democracia, da liberdade e da justiça.

    Não creio que em qualquer lugar do mundo exista um mito fundador tão forte, capaz de agregar a nação em torno de ideais comuns. Veja a reverência com que os norte-americanos tratam os seus fundadores e a chacota que nós brasileiros fazemos de D. João VI, Carlota Joaquina, D. Pedro I, Marechal Deodoro…

  5. Nassif,

    Então desta vez
    Nassif,

    Então desta vez Mister Doom (Nouribel Roubini) acertou na lata!

    Vou desarquivar as edições de CartaCapital onde ele escreve, vale a pena ler de novo.

    E tem gente comentando os vestidos da Michele Obama…

  6. Creio que o grande Desafio do
    Creio que o grande Desafio do novo presidente americano e na Política externa, primeiro será preciso recuar desastre da polítca internacional praticada pelo Governo Bush,sem enfraquecer os aliados e fortalecer os inimigos, e depois tonar todos aliados, ou quase todos.

    Na economia creio quase tudo está encaminhado, o prinicpal já foi feito pelo FED e pelo aumento dos gastos públicos, falta uma nova regulamentação dos mercados e consolidar uma ponte para que as instituições financeira realizem a travessia para as novas regulamentações.

    A nova regulamentação que estar por vir ainda não está clara, mas até mesmo aqueles que poderiam ser contra a maior regulamentação dos mercados sabem que caso se queira evitar a depressão econômica haverá necessidade de uma mior intevenção e rregulamentação dos mercados.

  7. Muito bem lembrado pelo
    Muito bem lembrado pelo leitor Alexandre Custódio Pereira,um detalhe que passa indiferente por quase todos,quando procura-se uma razão para o estado lastimável em que encontra-se a economia americana,e o grau de confiança de seu povo nas instituições. A grande maioria dos conglomerados e corporações norte-americanos deixaram há muito,de produzir efetivamente qualquer coisa de palpável,e migraram para o mercado especulador,deixando para o terceiro mundo(leia-se Brasil,Índia,etc)a missão de produzir o que eles precisavam para manterem suas atividades/meio. Esta mudança de mentalidade nas operações mais dia menos dia,daria no que deu: Uma quebradeira generalizada,pois os seus ativos nada mais eram que simples papeis,volúveis e vulneráveis,sem poder para reverter sua trajetória.
    Aqui nas terras tupiniquins,algumas empresas e alguns poucos empresários cujos olhos vislumbraram a possibilidde de tambem aumentarem seus ganhos,sem nada produzir,e acreditando no baixo risco “prometido”pelos agentes financeiros,agora amargam seus prejuísos,e são obrigados a fundirem-se(vejam os exemplos da Votorantim e da Aracruz)para não irem à bancarrota. Se observarmos a última edição da Forbes,veremos que a grande maioria dos nossos bilionários cairam de posição naquela lista,e agora perguntam-se porque isto aconteceu. Ora é perfeitamente compreensível que quem constroi “castelos de areia” deve saber que o vento e as ondas,às veses,são implacáveis com eles”.

  8. Nassif, o nível dos
    Nassif, o nível dos debatedores de seu Blog está excelente, haja visto os comentários até agora postados, mormente o do Sr. Rai e do Sr. Alexandre. Tenho gostado muito também do nível de democracia que estamos vivendo hoje no Brasil, onde pessoas comuns podem se interagir com pessoas formadoras de opinião como você e que tem peso decisivo na sociedade. Aliás, tantas são as nuances apresentadas nos comentários que sugiro a você que escreva um livro com o título “OS CAMINHOS DA CRISE”, refutando os entendimentos errados e orientando o caminho correto. Serei o primeiro da fila no dia do lançamento.

    Voltando à “Vaca fria”, como foi observado pelo Sr. Alexandre Custódio Pereira, as empresas estão perdendo a cultura de produção, chão-de-fábrica, operacional, e migraram parte de seus recursos para o mercado financeiro, onde não precisa-se trabalhar, contratar, produzir… só jogar! E isso não passou desapercebido pelo Presidente Barack Obama, que em seu discurso de posse disse uma frase que por se só sintetiza toda a esperança em seu governo:”Nossa economia está enfraquecida em consequência da ambição e da irresponsabilidade da parte de alguns…”. Isto veio denotar que o Presidente Obama fez a leitura correta do mercado, e também ele, como nós, abomina a prática deliberada e indiscriminada da especulação e da manipulação impostas pelo neoliberalismo, e que apesar da dificuldade que terá para lutar contra esta força dominante, esta trilha será um dos pressupostos de seu governo.
    Quero crer que ganhamos um aliado contra o neoliberalismo e seus tentáculos. E o realinhamento dos caminhos pressupõe prévia criação de mecanismos de controle ferrenhos de suas ações, para em um segundo momento direcionar recursos para a economia de produção, tendo em vista que a maior parte dos recursos hoje liberados pelos governos foram sugados quase que instantaneamente pela grande esponja do mercado financeiro especulativo. A luta do Presidente Obama será enorme, mas, espero sinceramente que não será inglória.

    PS: Nassif, o post do Sr. Alexandre Custódio Pereira, nomeu humilde entendimento merece um comentário especial seu.
    Um Abraço.

  9. “Não será desafio fácil”: eh
    “Não será desafio fácil”: eh sim. 1-Contas abertas. 2-Dinheiro virtual, informatico. 3-ABAIXO OS BANCOS.

    Nao falei? Facinho.

  10. do blog
    do blog
    merciogomes.blogspot.com
    Terça-feira, 20 de Janeiro de 2009
    Barack Obama toma posse como presidente dos EUA
    Barack Obama, honra e glória

    Mércio P. Gomes Antropólogo, professor da UFF

    Hoje os Estados Unidos da América festejam a posse de Barack Obama, seu mais novo presidente, o 44º em sua história, o primeiro presidente de sangue africano, aclamado como um negro americano.

    Negro porque, apesar de ter sido criado em ambiente social de brancos, no Hawaii, ao lado da mãe branca e de seus avós maternos, já que seu pai queniano desistiu do casamento em poucos anos, Obama se assumiu integralmente negro pela circunstância inevitável de ter fisionomia negra, numa sociedade em que ser negro é ter uma ascendência negra, seja em que geração for, assumindo em sua vivência social todas as consequências dessa decisão intransponível. Casado com uma negra americana, consolidou sua identidade de negro e soube mesclar sua visão de mundo dentro do mundo de apartheid cultural predominante nos Estados Unidos.

    Além de mulato genetica e culturalmente, Obama conviveu por alguns anos com um padrasto indonésio, ampliando sua visão multicultural, sem gerar confusão emocional.

    Nenhuma conjunção de possibilidades genéticas e culturais poderia ser mais extraordinária para um presidente-eleito dos Estados Unidos. Na devida proporção de preconceitos, compara-se com a eleição do presidente Lula, sendo o Brasil um país extremamente desigualitário socialmente e sendo Lula um filho de migrantes pobres do Nordeste, que se fez o líder inconteste de um partido criado nos estertores da ditadura militar.

    Obama se fez presidente em pouquíssimos anos de atuação política, no ritmo frenético da informação cibernética e do marketing do espetáculo, embora tenha-se que frisar que ele, pessoalmente, o “produto” à venda, mostrou-se sempre além dos potenciais que os tempos pós-modernos lhe podiam ofertar. Com efeito, por vivência cultural, por inteligência abrangente, pela retórica cativante e pela simpatia envolvente, Obama é um ser extraordinário!

    Os americanos estão extasiados com seu novo presidente. Apostam muito em sua capacidade de liderança, de apontar novos rumos, de dizer a verdade, de convencer simpatizantes e opositores, de mostrar uma cara humana para o resto do mundo, nesses últimos anos tão decepcionado e raivoso com as políticas externas do mais poderoso país da Terra.

    Muitos comentaristas já fizeram suas análises e aguçam suas mentes para entender o fenômeno Obama. A maioria está preocupada com a questão econômica. Acredita que este será o teste da capacidade de Obama. Se ele falhar em reorientar a economia americana, e em consequência a economia mundial, em salvar o capitalismo, dizem, será visto como um fracasso e uma decepção completa. Se melhorar essa economia, virará um herói à semelhança de Roosevelt, o herói político americano do século XX.

    De minha parte, acho que o teste de Obama não será a economia. Esta se consertará por si mesma, com um mínimo de inteligência aplicada. Com efeito, os diagnósticos dos economistas das mais variadas correntes se aproximam e se afunilam. Sua aplicabilidade vai se viabilizando com as negociações políticas e com o entendimento direto com o público americano, inclusive no chamamento ao sacrifício em nome da renovação do país. No médio prazo, quer dizer, em dois a quatro anos, a implantação concreta das medidas estratégicas acordadas darão seus frutos.

    Portanto, o desafio de Obama, aquilo que lhe trará a glória almejada por todos os grandes políticos, não é a salvação econômica do seu país e do mundo.

    Sua glória será a redenção da cultura americana, sua renovação, seu nascer de novo, para se purgar do seu pecado maior: a herança da escravidão e o apartheid real que existe naquela sociedade. Esse apartheid, que não é mais legal nem aceitável moralmente, é real pelo cotidiano em que negros e brancos vivem, cada um no seu canto, temerosos um do outro, neurastênicos em sua sociabilidade e convivência, incapazes de sentir amor um para o outro. Intolerantes no mais fundo de suas almas.

    O desafio de se redimir dessa pecado de origem é que captou a imaginação do povo americano, que tocou no fundo de suas almas. A maioria dos 70% de brancos americanos que votou em Obama o fez pelo sentimento de que esse mulato, filho de africano e americana, é que vai lavar a alma maculada do povo americano, que vai reviver o sonho de uma nação excepcionalmente concebida pelo sentimento de liberdade, dedicada a fazer os homens iguais entre si e tendo como objetivo proporcionar a felicidade geral de todos, como rezam o discurso de Gettysburg, de Abraham Lincoln, e a própria Declaração da Independência.

    Obama é fruto do amor de um negro africano e uma branca americana. Ele encarna esse sentimento maior de amor mestiço e ele se coloca no mundo, para todos verem, como o fruto de um amor que se quer encarnar em todos. O sentimento de desvanecimento dos americanos por Obama é, assim, um sentimento religioso que nasce de seu mito de criação da nação, que se identifica pelo amor e temor a Deus, pela pátria, liberdade e igualdade, e pela busca da felicidade.

    Ser homem e ser divino, ser homem divino, não é para políticos, nem mesmo para estadistas. É para profetas e santos. Só o futuro ou a morte glorifica os homens. Obama está preso a esse predicamento. Será exaltado ou exortado, amado ou odiado, enaltecido ou desprezado pelo que fizer por aquilo que os americanos chamam de “America”, a terra da liberdade, o sonho da felicidade, o paraíso na Terra. Qualquer coisa a menos reduzirá sua glória e o transformará em mais um presidente de uma grande nação sem rumo.

  11. “Não foi por outra razão que,
    “Não foi por outra razão que, logo após o discurso de posse de Barack Obama, o Índice Dow Jones Industrial caiu 2,5%, enquanto o Standard & Poor’s 500-stock caiu 3,5 por cento, e a Nasdaq, de ações de empresas de tecnologia, caiu 4,1 por cento ”

    Aí Nassif, discordo. A razão pela qual os mercados cairam anteontem só o mercado sabe. Qual foi a razão pela qual os mercados subiram ontem tanto quanto caiu anteontem? Perceberam que erraram na dose e se arrependeram das vendas? O mercado é muito mais complexo do que um intérprete das notícias. Os motivos nem sempre são tão claros, e um dos grandes deserviços (não é seu caso) dos analistas na mídia é o de encontrar sempre uma explicação a posteriori dos fatos de forma simples, relacionando um dado específico com o comportamento das bolsas do mundo inteiro. Quantas vezes o mercado sobe justo no dia em que anunciam récordes de desemprego? O dia em que o BofA anunciou o empréstimo de 87B as ações subiram 19% (e o banco disse técnicamente que estava quebrado). Vai entender o mercado. Ele precificou em novembro o fim do mundo. Se a coisa não melhorar logo, pode precificar o fim do mundo 2. Ou ficar eufórico com algo (Obama, um pacote, um dado, uma descoberta, sei lá) e subir como se a crise já tivesse acabado.

  12. Parabenizo ao prof. MÉRCIO P.
    Parabenizo ao prof. MÉRCIO P. GOMES, da UFF, pela lucidez do artigo e adianto que me servirá para argumentação.

    De fato o grande desafio de OBAMA, o que já indicava em seu livro ´A Audácia da Esperança´, será des-racializar a sociedade norte-americana, em que, pretos e brancos, vítimas da história institucional das políticas estatais em bases raciais acreditam, piamente, em ´raças´ diferentes.

    Neste ponto é que fundamento minha contrariedade com políticas raciais estatais no Brasil, pois, se ampliadas e aceitas na ordem jurídica, produzirá o aprofundamento da crença racial (que temos) e por decorrência, do racismo pela origem racial (que não temos) mesmo que ele não se manifeste pela violência da KuKlusKan, nos EUA continua manifesto no comportamento e desarmonia social tão evidente.

    A crença racial é uma violência à dignidade humana, pois ela sonega a inteira humanidade de quem pertence à `raça inferior´ uma vez que o conceito de raças diferentes exige também uma hierarquia racial pois foi assim que o conceito racial foi construído a partir do século XVIII.

    Com isso, é que deduzo que essa idéia da hierarquia racial é a grande responsável pelo niilismo e iniqüidade que se abate sobre as crianças, jovens e adolescentes afro- americanos. Ou seja, neste mundo moderno e cibernético em que os pais estão mais ausentes senão famílias desintegradas, o jovem afro-americano, em formação, sucumbe diante da afirmação social de seu pertencimento a uma ´raça´ e que essa ´raça´ é a inferior (no conceito racial).

    MIRIAM LEITÃO (no blog globo.com, de 27.12) noticia com fonte respeitável que, atualmente, 1 em cada 3 jovens afro-americanos estão sob custódia da justiça criminal. É um número absurdo. 33% dos jovens, significa quase que a perda da metade de uma geração. THOMAS SOWELL já fazia essa denúncia nos anos 1990. CORNELL WEST as retomou em 2004 quando 1 milhão e 200 mil presidiários ou 60% dos internos eram afro-americanos. Li na semana pp, de outra fonte, que embora 12% da população, 70% da gravidez de adolescentes são meninas afro-americanas.

    As crianças afro-americanos têm sua dignidade violada com a crença em ´raças´ que permeia aquela sociedade.

    Em suma, a sociedade racialista nos EUA, continua oprimindo os afro-americanos, sem os recursos da KKK, porém, com a simples conservação de critérios raciais no dia a dia. As maiores vítimas são, como visto, as crianças, jovens e adolescentes.

    Imagine, o seu filho ou neto, com 6 anos, já alfabetizado e digitalizado, questionando o seu pertencimento a uma ´raça´ conforme lhe ensinam seus pais, irmãos, avós, amigos e professores, e que essa ´raça´, é uma raça inferior.

    É essa a única razão para o niilismo que assola o povo afro- americanos e que OBAMA já bem o sabe e fez referência em alguns de seus discursos, especialmente, quando se referiu aos ativistas mais radicais afro-americanos: ele desejou, ele fez sua campanha e pediu o apoio do povo americano jamais pela cor de sua pele, mas pelo valor de seu caráter, o sofisma que reiterou com fonte no Doutor KING JR.

    Iniciar a destruição dessa crença ´racial´ nos EUA, o que levará séculos, será sem dúvida o grande desafio que a história reserva à inteligência e carisma e ao discurso POS-RACIAL do Presidente OBAMA.

    Concluo com o prof. MÉRCIO: “Sua glória será a redenção da cultura americana, sua renovação, seu nascer de novo, para se purgar do seu pecado maior: a herança da escravidão e o apartheid real que existe naquela sociedade. Esse apartheid, que não é mais legal nem aceitável moralmente, é real pelo cotidiano em que negros e brancos vivem, cada um no seu canto, temerosos um do outro, neurastênicos em sua sociabilidade e convivência, incapazes de sentir amor um para o outro. Intolerantes no mais fundo de suas almas.”

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