O discurso do novo presidente da Embrapa

Do Terra Magazine

Ao novo presidente da Embrapa caberá agir mais do que planejar

Rui Daher

Desde o dia 15/10 a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária tem um novo presidente, Maurício Antônio Lopes, agrônomo, pesquisador na área de genética, trabalha na Embrapa desde 1989.

Como outros, que no passado assumiram o comando da instituição, Lopes faz parte de um grupo de técnicos que o governo permitiu especializarem-se no Brasil e no exterior.

São boas as suas referências como o seriam as de muitos outros técnicos que lá estão. Diz-se que um dos fatores que pesou na sua escolha foi ter coordenado um programa de cooperação na Ásia. Poderá ser bom diante do imbróglio legal e estatutário feito com a Embrapa Internacional, ora desconstituída.

Um senão: os meandros do MAPA, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e suas comandadas Embrapa e Conab, não facilitam crer que um presidente, mesmo capacitado, possa melhorar muita coisa por lá.

Os mais recentes ex-presidentes, Sílvio Crestana e Pedro Arraes, não podem ter sido solistas nos atuais problemas da organização, aqui comentados recentemente.

Em entrevista dada logo após a posse, o novo presidente se mostra cheio de boas intenções, o que traz esperanças. Mas quem não as tem em discursos de posse ou campanhas eleitorais?

Os prezados leitores não têm sonhado com o encanto que os candidatos trarão às suas cidades depois de eleitos? Pois então.

E aí vem uma coisa que muito me incomoda nos processos brasileiros de gestão: as formas verbais infinitivas, que nos mostram um futuro que parece nunca irá chegar.

Usá-las não é apanágio de governos, mas também de muitas empresas privadas e executivos. Na minha idade, perceber isto é de uma perversidade aterradora.

No caso do novo presidente da Embrapa, pergunto-lhes: alguém que trabalha numa empresa, há mais de 20 anos, em cargos de chefia e até diretoria, não deveria saber em detalhes o que precisa ser feito para obter resultados imediatos?

Pelo jeito, não.

Perguntado sobre o que irá fazer e quais serão suas ações imediatas, o novo presidente, depois de contar a engrandecedora história da Embrapa, por todos reconhecida, fala em “fortalecer”, “responder de forma eficiente”, “estruturar processos”, “agregar competências”, “finalizar ajustes”.

Cansaram? Eu ainda não, obrigação minha.

“Dialogar com os gestores”, “realinhar e reajustar a estratégia”, “realizar reuniões internas”.

Ah, esses tantos infinitivos infinitos, que nos fizeram ser o país de um futuro que nunca chega.

Na falta de atitude maior, Dr. Lopes, quem sabe uma simples palhinha do tipo “autorizei a copeira, Dona Cida, a servir apenas café orgânico”, já seria um bom começo.

Além de ajudar na sustentabilidade. 

Luis Nassif

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