O lobby do agronegócio

Por Rui Daher

Comentando o post “O poder político do agronegócio”

Nassif, a pulverização do poder político de acordo com os interesses dos diversos setores é da essência da democracia. Com o pressuposto de um interesse hegemônico, portanto, já não se está mais falando de democracia.

Isso, no entanto, não valida as distorções que o agronegócio provoca ao manter no Congresso interesses que nem sempre são da Nação. Note que não falo do agronegócio em si, como motor da economia, já que óbvia e louvada sua existência, mas de sua nefasta atuação em momentos dicotômicos da atividade rural ou quando extrapola sua força para vetores antidemocráticos.

Exemplos? A forçação de barra, contra todas as evidências na ciência e na sociedade civil, a favor da votação apressada do novo Código Florestal. Mais: sua indecente criminalização de movimentos sociais que lutam em favor do trabalho rural e das minorias indígenas. Outra: as tentativas (felizmente vãs) de descaracterizar a importância da agricultura familiar, inclusive, encomendando estudos para provar que ela não existe. E assim poderíamos ir adiante sem, entretanto, em nenhum momento diminuir a importância do que o agronegócio tem feito para o País. E nesse saco de virtudes incluo vários atores, alguns até demonizados pela esquerda.

O histórico que você relata, de abstração do Brasil com relação às atividades agropecuárias, é real. Elas foram estigmatizadas e rotuladas pela mídia e por Bulhões, Malans e Gustavos Francos que, durante décadas, não entenderam a importância do setor. Mas, talvez, justamente por isso, exacerbou-se no ethos político ruralista noções antiprogressistas, de direita, capazes de dar muita razão às “raposas velhas”, como Reis Velloso.

O artigo de sábado passado de Kátia Abreu, na “Folha”, defendendo uma Assembleia Constituinte, é prova absurda disso.

Luis Nassif

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