O Sensor Econômico do IPEA

Coluna Econômica – 10/02/2009

Em uma economia de mercado, os indicadores econômicos são fundamentais para a definição da política econômica. Diria até que grande parte da força política do mercado, nos últimos anos, residiu no controle desses indicadores – e, especialmente, no monopólio das avaliações dos indicadores existentes. Por exemplo, em qualquer sociedade sadia, a ocupação do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) das indústrias seria festejada. Sinal de que o próximo passo seria o aumento dos investimentos. Por aqui, era motivo para pessimismo, sinal de volta da inflação e álibi para aumento dos juros.

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Para o monitoramento do sistema de metas inflacionárias, por uma dessas distorções típicas de país atrasado, as pesquisas do Banco Central são feitas exclusivamente em cima dos departamentos econômicos de instituições financeiras.

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É por isso que o lançamento, ontem, do Sensor Econômico – indicador preparado pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) – ajudará a tornar mais completa a análise prospectiva dos cenários econômicos.

A pesquisa será mensal e com 115 entidades da economia real – associações empresariais e de trabalhadores dos setores primário, secundário e terciário, representando 80.2% do PIB brasileiro. De fora, ficou apenas o setor financeiro.

A pesquisa é feita através de um questionário com 24 questões e cinco alternativas para cada uma – cenários pessimista, adverso, apreensão, confiança e otimismo. As consultas são feitas em cima de quatro grandes blocos de informação: expectativa quanto às contas nacionais (variação do PIB e das contas externas), parâmetros econômicos (raxa de câmbio, taxa de juros, inflação), desempenho das empresas (utilização da capacidade, contratações e margem de lucro) e aspectos sociais (massa salarial, pobreza, desigualdade e violência).

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A pesquisa de janeiro (primeira da série) registrou um resultado final de 6,78, indicando um cenário apreensivo. O termômetro varia de -100 a +100.

Dos quatro componentes, houve certa heterogeneidade na avaliação dos entrevistados:

  1. Contas Nacionais: 19,76, indicando confiança nos rumos da política econômica.

  2. Parâmetros econômicos (câmbio, juros, inflação): confiança 42.10, mostrando baixo receio de um desequilíbrio nesses itens

  3. Desempenho das empresas: -11,87, refletindo falta de indicações mais seguras sobre o novo patamar de produção.

  4. Aspecto Social: -22.87, mostrando baixíssima perspectiva de aumento no emprego.

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O Sensor permite várias leituras. Por exemplo, o bloco Desempenho das Empresas, é subdividido em Utilização de Capacidade, Contratação e Margem de Lucro. O melhor desempenho foi no item Utilização de Capacidade, com nível Confiante do setor Agropecuário e de apreensão nos demais setores. Talvez seja o item que melhor reflita o dia a dia das empresas. Os dois itens restantes refletem o futuro e apresentaram resultados majoritariamente adversos.

Clique aqui para acessar a metodologia do Sensor Econômico.

Luis Nassif

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