O site do Planejamento que criticava o governo

Daqui a algum tempo a ideia será ótima: um portal com todas as informações sobre os pontos centrais de políticas públicas, aberto a discussões francas sobre pontos a serem aprimorados. Já sabia desse portal em palestra que fiz no Planejamento meses atrás. Na verdade, tem a mesmíssima concepção do Brasilianas.org e do antigo Projeto Brasil – a primeira rede social da Internet brasileira (anterior ao Orkut), que montei em 2003 para discutis políticas públicas – e acabou esbarrando nas limitações do sistema Zope-Plone.

Ocorre que o período é desaconselhável, porque a instrumentalização absurda de qualquer crítica inibiu as críticas objetivas, que devem ser formuladas. Essa manipulação reiterada da velha mídia resultou nisso: não conseguem nenhuma crítica objetiva, apenas escândalos, factóides e armações; e inibem as críticas que precisam ser feitas.

Do Estadão

Sai do ar portal do Planejamento que criticou o governo – brasil – Estadao.com.br

Criado para formular políticas públicas, instrumento tinha ‘reflexões críticas’, que apontavam a falta de resultados em programas federais

O Ministério do Planejamento resolveu ontem tirar do ar o recém-lançado Portal do Planejamento. Instrumento criado para auxiliar a formulação de políticas públicas, ele continha uma seção chamada “reflexões críticas”, que apontava a falta de resultados em alguns programas do governo.

“Vários ministros me ligaram para dizer: “olha, estão fazendo críticas às políticas desenvolvidas pelo meu ministério, mas nós não fomos chamados a discutir”” , contou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, em entrevista à rádio CBN. “Ficamos numa posição um pouco delicada de explicar que aquilo não era posição fechada do Planejamento, são técnicos fazendo debate.”

 De acordo com Bernardo, o ministro da Educação, Fernando Haddad, telefonou para dizer que o portal continha dados errados sobre sua pasta. “Eu pedi para o pessoal da secretaria revisar tudo isso, e eles acharam melhor suspender.”

De acordo com a reportagem do jornal Valor Econômico que criou toda a celeuma dentro do governo, um texto do portal dizia que a política de reforma agrária não alterou a estrutura fundiária nem assegurou a devida assistência aos assentados. Os programas criados com esse fim não teriam sido capazes de melhorar a qualidade de vida dos assentamentos, que “permanece muitas vezes a mesma que era antes”. Agricultores de menor renda estariam, hoje, dependentes do Bolsa-Família.

Em nota, a Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos (SPI), responsável pelo portal, diz que essa análise não se refere apenas ao governo Luiz Inácio Lula da Silva e que ela registra uma “inflexão” no apoio aos assentados. “Os textos indicam que os desafios para a área se dão a partir do aprofundamento das políticas que constituíram novos instrumentos de apoio à produção do campo e elevaram os investimentos, sobretudo para o pequeno agricultor.”

Biodiesel. A reportagem informa também que, de acordo com o portal, a política de produção de biodiesel não é sustentável no curto prazo. A nota da SPI não desmente. Diz que o texto apenas constatou que a produção de biodiesel é dependente de incentivos fiscais, tal como ocorreu com o álcool no passado.

Na área de educação, a avaliação constante do portal aponta para poucos avanços em relação a 2003 no que se refere a acesso a escola, repetência, evasão e baixa qualidade do ensino. O analfabetismo funcional está em 21% de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008, um avanço pequeno em comparação com os 24,8% registrados em 2003.

O portal também classifica os planos militares do governo Lula como altamente custosos, embora os considere positivos. Aponta para o risco de fracasso da política de reconstrução da indústria de defesa, por falta de planejamento e recursos. Na nota, a SPI diz que a indústria bélica sofre risco de sustentabilidade, se mantiver sua orientação voltada para o mercado interno e para a independência tecnológica.

Bernardo já convocou uma reunião com os responsáveis pelo portal para segunda-feira. Se ele voltar ao ar, porém, não terá seu conteúdo totalmente aberto. “Me parece que um site para discutir políticas de governo deve ter um nível de acesso para quem é gestor, outro para quem é jornalista e outro para o público em geral”, disse o ministro.


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Luis Nassif

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