Oi e Portugal Telecom sofrem reflexos da crise no GES

 
Jornal GGN – Para quem achou que o único problema da Oi durante a fusão com a Portugal Telecom seria a Rioforte, empresa do Grupo Espírito Santo – em graves dificuldades financeiras -, mais uma surpresa desagradável. A companhia informou que seus controladores venderam ações da companhia durante o mês de junho – o que não estava previsto por conta da oferta de ações fechada em abril.
 
Seus controladores assumiram, então, o compromisso de não negociá-las por um período de três meses, em respeito ao “lock up”, uma espécie de prazo de vedação que está descrito no prospecto da oferta – o que não aconteceu. É um prática conhecida de governança corporativa e que, espera-se, seja cumprida. No entanto, ao abrir o formulário mensal para divulgar e relatar publicamente a movimentação da empresa de telefonia em junho, a surpresa: as vendas, realizadas por pessoas que possuem informações privilegiadas da empresa, somaram cerca de R$ 45 milhões.
 
Não é possível saber quem foram os “traidores” do acordo, já que o documento aponta apenas as transações aos grupos de administradores. E também não é possível identificar com clareza as exceções neste acordo, como doações de boa-fé ou mesmo empréstimo das ações para estabilizar cotações no âmbito da oferta. Uma fonte ouvida pelo jornal Valor Econômico, publicado nesta sexta-feira (11) afirmou que as vendas possam ter sido feitas com papéis que não estavam cobertos pelo “lock up”. No entanto, não há esta especificação no prospecto, e tais vendas em períodos especiais não são bem vistas pelo mercado.

 
Não bastasse isso, a Oi ainda está precisando lidar com a saída de € 897 milhões do caixa da Portugal Telecom para uma holding de seu sócio em graves dificuldades, o Grupo Espírito Santo (GES). Em Portugal, representantes das duas companhias e do BTG Pactual, que colocou mais de R$ 600 milhões na oferta de ações da companhia brasileira, ainda tentam encontrar soluções para a provável perda de recursos da Rioforte, que provavelmente não cumprirá o pagamento de mais de 800 milhões de euros na próxima terça-feira (15).
 
A fusão entre as duas companhias, mesmo com todos os problemas, ainda é um consenso – embora certamente com uma fatia menor da PT na nova empresa. A crise financeira do grupo português parceiro da PT foi descoberta após problemas de contabilidade da Espírito Santo International (ESI), uma das empresas do grupo. Ontem, a bolsa europeia foi derrubada pelas ações do banco, suspensas pelo regulador, a Moody’s reduziu a nota do grupo financeiro em um nível próximo ao default e clientes do banco na Suíça já relataram atrados no recebimento de aplicações. O grupo informou que aguarda a chegada de um plano de reestruturação.
 
Diante da gravidade da saúde financeira do grupo, não é possível isolar as negociações apenas com a Rioforte. Na fusão Oi/PT está previsto que os atuais acionistas da PT fiquem com 37% da nova companhia. Se a tele portuguesa perder os recursos emprestados à Rioforte na totalidade, essa fatia poderia descer até 20%.
 
Ontem, até por conta de relação com o GES, as ações da PT caíram 6,80% na bolsa de Lisboa. E as ações da Oi caíram mais ainda: a preferencial perdeu 14,45% e fechou a R$ 1,42. E a ordinária teve baixa de 13,48%, para R$ 1,54.
Redação

3 Comentários

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  1. “A companhia informou que

    “A companhia informou que seus controladores venderam ações da companhia durante o mês de junho – o que não estava previsto por conta da oferta de ações fechada em abril”:

    Ou eh legal para insiders fazerem isso ou nao eh.

    Nao da pra ficar no meio termo.  Quem regula isso no Brasil?

    1. LEMBREM SE DESSAS LETRAS,

      LEMBREM SE DESSAS LETRAS, GENTE.  CVM.

      Nao sei o que significam, mas sujeira da grossa vai aparecer na “fusao” da OI em pouco tempo.  E quem dos top insiders se livrou dos estoques antes da merda atingir o ventilador mesmo?

      A tal CVM nao vai saber tampouco.

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