Os impactos do IOF no financiamento de automóveis

Do Valor

Prestação sobe e afeta venda de carros 

Marli Olmos | De São Paulo
15/04/2011 

Passados os primeiros dias de vigência do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o setor automobilístico começou a registrar queda no movimento nas concessionárias e consumidores mais reticentes em relação a financiar automóveis. O ritmo do licenciamento de veículos ainda não caiu, mas os executivos da indústria começam a diminuir a expectativa de vendas no mês.

Isolada, a elevação do IOF de 1,5% para 3,0% ao ano, não seria capaz de afastar o comprador, segundo avaliações do setor. O acúmulo das medidas adotadas pela Fazenda para tentar controlar a inflação, porém, começou a mexer com o mercado.

Até aqui, os resultados das vendas mostravam que a demanda se mantinha porque o valor da prestação continuava cabendo no orçamento do consumidor.

O quadro hoje é outro. A prestação de um carro de R$ 30 mil reais financiado em 60 meses, sem entrada, ficou em R$ 888 depois do aumento do IOF. Isso representa um acréscimo de 14,3% em relação à parcela mensal de R$ 777 de um veículo igual que foi financiado em dezembro. “Começamos a perceber um desinteresse do consumidor”, afirma Marcos Leite, gerente de vendas da Amazon, concessionária Volkswagen em São Paulo.

Nos nove primeiros dias úteis do mês foram licenciados no país 116,9 mil automóveis e comerciais leves. Houve até um ligeiro aumento em relação às 115,1 mil unidades de período igual em março. Mas o resultado reflete, em parte, vendas fechadas antes da elevação do imposto.

O ritmo não deverá se manter até o final do mês. Tanto que algumas marcas já começam a rever projeções. A direção da Citroën começou o mês com a expectativa de o mercado de veículos leves passar de 250 mil unidades em abril. Mas agora diretor comercial da marca, Domingos Boragina, diz que é pouco provável que esse volume seja atingido.

Em março foram licenciados 288 mil automóveis e comerciais leves, volume considerado bom, levando em conta as festas de carnaval. Em abril, o mercado vai parar por mais tempo, por conta dos feriados de Páscoa e Tiradentes. “As medidas anteriores não tiveram efeito, mas agora o mercado deu uma parada”, diz Boragina. 

Luis Nassif

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