Painel internacional

Grécia pode não ser a única a precisar de resgate

A Grécia provavelmente não será a última nação do euro a precisar de ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI), com Irlanda, Espanha e Portugal “visivelmente vulneráveis”, disse o professor de Harvard Kenneth Rogoff. “É mais provável que vamos precisar de um programa do FMI em pelo menos mais um país na área do euro ao longo dos próximos dois a três anos”, afirmou Rogoff, ex-economista chefe do FMI que é co-autor de estudos sobre crises financeiras e dívida soberana, em entrevista por telefone. “Os cortes de orçamento necessários em muitos países na Europa são profundos.” Os rendimentos dos títulos portugueses, espanhóis e irlandeses dispararam na semana passada, enquanto investidores questionavam a capacidade desses países de reduzir o déficit orçamentário e evitar o destino da Grécia. Em 23 de abril a Grécia solicitou 45 bilhões de euros (US$ 60 bilhões) do pacote de resgate do FMI e da região do euro após o seu déficit crescente elevou os custos de empréstimos e provocou preocupações sobre uma moratória. Com 14,3% do produto interno bruto, a Irlanda tinha o maior déficit da região euro no ano passado. A Grécia tinha 13,6% de déficit, a Espanha foi de 11,2% e 9,4% em Portugal.
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A ajuda à Grécia destruirá a zona do euro?
Repreendendo os avaliadores – Paul Krugman
Regras financeiras globais enfrentam desafios de implantação
Ortega tenta se unir ao Eixo do Mal – Mary Anastasia O’Grady

A ajuda à Grécia destruirá a zona do euro?

Wolfgang Schäuble estava pálido. Seu rosto parecia cansado e o terno cinza pendia sobre os ombros magros. Schäuble informou aos membros do parlamento que havia estabelecido firmemente que Atenas poderia pedir assistência financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI) e União Europeia. Mas, acrescentou, ainda havia algum tempo. Schäuble previu que demoraria mais 2 ou 3 semanas antes que os gregos apresentassem oficialmente o seu pedido. Ele estava errado. Na sexta-feira passada, o primeiro-ministro grego George Papandreou, frente ao cenário pitoresco da ilha mediterrânea de Kastellorizo, anunciou que seu país não podia mais se defender dos ataques dos especuladores financeiros internacionais e teve que solicitar a ajuda de seus parceiros europeus. As coisas dificilmente poderiam ter ficado piores – e não para a Grécia, não para a Europa e não para o governo alemão. Durante semanas, a chanceler Angela Merkel prometeu aos cidadãos que só desembolsaria o dinheiro do contribuinte alemão à Grécia como um “último recurso”. E caso a ajuda se tornar necessária, disse Merkel – tentando tranquilizar os membros do seu próprio partido –, a Grécia não deve pedir ajuda até meados de maio. Foi a maneira de Merkel de manter o delicado problema para fora da campanha de eleição do estado-chave da Renânia do Norte-Vestfália, em 9 de maio. Mas agora, o apelo de Atenas por ajuda deixou claro que a estratégia de Merkel na Grécia falhou completamente.
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Repreendendo os avaliadores

Paul Krugman
Vamos ouvir a Subcomissão de Investigações Permanentes do Senado. Seu trabalho na crise financeira é cada vez mais visto como a versão do século XXI da Comissão Pecora, que ajudou a inaugurar a era de regulação financeira no New Deal – em 1929. Em poucos dias, as mensagens escandalosas de e-mails em Wall Street divulgados pela subcomissão viraram manchetes. Estas são as boas notícias. As más é que a maioria das manchetes era sobre os e-mails errados. Quando os funcionários do Goldman Sachs se gabaram sobre o dinheiro que ganharam operando em curto prazo no mercado imobiliário foi feio, mas aquilo não era ilegal. Não, as mensagens de e-mail que deveriam ser foco são os dos empregados das agências de notação de crédito, que concederam classificação AAA a centenas de bilhões de dólares de ativos duvidosos e quase todos se transformaram em resíduos tóxicos. E não, isso não é exagero: dos títulos subprime AAA garantidos por hipotecas emitidas em 2006, 93% – 93%! – foram rebaixados ao status de sucata. O que esses e-mails revelam é um sistema profundamente corrupto. E é um sistema que a reforma financeira, como atualmente proposta, não consertaria. As agências de classificação começaram como pesquisadores de mercado, vendendo as avaliações de dívida corporativa de pessoas que consideravam a possibilidade de comprá-las. Eventualmente, porém, se transformaram em algo completamente diferente: as agências eram contratadas por pessoas que vendiam dívida para dar o selo de aprovação. Esses selos chegaram a desempenhar um papel central em todo nosso sistema financeiro, especialmente para investidores institucionais como fundos de pensão, que comprariam seus títulos se e somente se recebessem a cobiçada classificação AAA.
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Regras financeiras globais enfrentam desafios de implantação

A consultoria Oxford Analytica comenta que as propostas de regulação financeira internacional enfrentam obstáculos técnicos e políticos. O principal risco à estabilidade financeira vem dos déficits fiscais e dívidas públicas elevadas nos países desenvolvidos. Para a consultoria, elas estão demasiadamente altas, o que traz o “risco de acentuada elevação das taxas de juros”. Outra proposta de regulação internacional, a criação de uma taxa global para reduzir as operações de risco elevado, encontra resistência por parte da maioria do G20, o grupo das vinte principais economias. Eles alegam que a tarifa não atinge o ponto central do risco sistêmico – o tamanho das instituições, sua interconectividade e relevância (seriam “grandes demais para quebrar”). Além disso, o custo da tarifa seria repassado aos consumidores finais, justificam. Segundo a Oxford, cada país tem a sua própria regulação, o que diferencia os níveis de flexibilização bancária e traz impacto direto na concorrência. “Individualmente, os países tendem a ter novas medidas de regulamentação, apesar das preocupações de que a concorrência dos menos regulados em jurisdições nacionais afete aqueles que implementam medidas mais ambiciosas e anulem as melhorias na estabilidade financeira global.”
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Ortega tenta se unir ao Eixo do Mal

Mary Anastasia O’Grady
Os partidários do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, estavam nas ruas de Manágua na semana passada disparando em um hotel, queimando carros e, invariavelmente, tentando intimidar os membros da oposição no Congresso. A turba foi mobilizada porque a legislatura está caminhando para uma tomada de poder por Ortega ao estilo de Hugo Chávez. No ano passado, o presidente hondurenho, Manuel Zelaya, tinha aspirações semelhantes, enfrentou o mesmo problema e tentou a mesma solução da violência. Felizmente, os militares hondurenhos intervieram para estancar o fluxo de sangue e deportá-lo. O embaixador dos EUA, Hugo Llorens, ficou desapontado, mas a democracia hondurenha foi salva. Os nicaragüenses podem não ser tão afortunados. Em uma democracia liberal, quando há divergências entre o legislador, os tribunais e do Executivo, a Constituição é o livro de regras. Cada instituição conserva zelosamente seus privilégios, mas reconhece seus limites. Mas os populistas demagogos encarnados de Mussolini veem o respeito pelo Estado de direito como coisa de perdedores. O déspota eleito pode fazer o que quiser. Instituições que resistem recebem a visita de bandidos. Isso é o que tem acontecido na Venezuela, Equador e Bolívia, e é por isso que esses países não podem mais ser considerados democracias. A Nicarágua agora é o fiel da balança e há muita coisa em jogo. Chávez quer um aliado permanente e confiável na América Central. Ele esperava que seria Honduras. Agora as suas fichas estão na Nicarágua, com o objetivo de tornar o paraíso sandinista uma utopia bolivariana do século 21.
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Luis Nassif

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