Painel internacional

Grécia x Argentina: quem ganha?

Qualquer um que examinar os precedentes da crise financeira grega poderia muito bem se divertir com o sorteio da Copa do Mundo de futebol no próximo mês. Pois, como ironia do destino, os inimigos da Grécia no Grupo B incluem o último país que sofreu um comparável fiasco econômico: a Argentina. No pior cenário, o passado recente da Argentina é o futuro da Grécia. O colapso do peso, a inadimplência maciça e a agitação social e política que abalou a Argentina em 2001 e 2002 estão sendo vistos por muitos economistas como um sinal terrível para os políticos em Atenas e Bruxelas. Tanto quanto o futebol é preocupante, os dois lados se encontrarão em 22 de junho. Para ambas as equipes, será a terceira e última partida do grupo. Mas o dia da decisão para a economia grega virá mais cedo, em 19 de maio, quando o país precisará evitar o calote honrando obrigações no valor de 8,5 bilhões de euros (US$ 11,2 bilhões). A União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) decidiram emprestar à Grécia 110 bilhões de euros durante três anos para salvar a sua afetada economia. Mas o acordo ainda precisa superar obstáculos nas legislaturas francesa e alemã, enquanto a Grécia deve aplicar cortes severos de orçamento em troca de dinheiro. Mesmo à primeira vista, os problemas da Grécia têm muito em comum com os da Argentina quase uma década atrás. No caso da Argentina, o governo se esforçou para manter a economia nos trilhos na maior parte dos anos 2000 e 2001, antes de o presidente Fernando de la Rúa ser forçado a demitir-se. Seu substituto, Adolfo Rodriguez Saa, durou apenas uma semana no cargo. Mas, antes de sair, decretou a moratória da dívida de US$ 102 bilhões que o país ainda está tentando solucionar. O atual ministro das Finanças, Amado Boudou, está esperando que a sua última oferta de troca de dívida, abrangendo US$ 18,3 bilhões das obrigações restantes, vá ajudar a reconstruir as relações com os mercados de crédito mundiais.
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Dividir as funções dos bancos não trará estabilidade, diz Geithner
Os crimes de guerra dos Aliados na Segunda Guerra
Zapatero garante que economia espanhola está sólida
A Grécia e o mito da solução fácil

Dividir as funções dos bancos não trará estabilidade, diz Geithner

O secretário do Tesouro dos EUA, Timothy F. Geithner, disse que o Congresso não vai melhorar a estabilidade do sistema financeiro obrigando os bancos a se separar das peças centrais do seu negócio. Em depoimento hoje à Comissão de Finanças do Senado, Geithner não quis comentar sobre uma proposta específica do senador Blanche Lincoln de obrigar o Bank of America, JPMorgan Chase e outros credores a separar a divisão de derivativos dos bancos comerciais. A proposta faz parte de uma ampla reforma financeira proposta pelo presidente do Comitê Bancário do Senado, Christopher Dodd. Quando perguntado sobre a medida dos derivativos, Geithner disse que “não temos uma posição sobre essa disposição específica agora”. Em vez disso, ofereceu suas observações sobre o objetivo da legislação e seus efeitos sobre o setor bancário. “Você não vai tornar o sistema mais estável assumindo funções que são parte integrante e central dos serviços bancários, separá-los e colocá-los em algum outro lugar”, disse Geithner. “Isso vai criar um sistema menos estável, um sistema mais instável, e aquela teoria básica, aquela estratégia básica sustenta tudo que o presidente Dodd, o presidente Lincoln e seus homólogos na Câmara trouxeram a este importante conjunto de reformas”, disse Geithner. A presidente da Agência Federal de Seguro de Depósitos (FDIC, na sigla em inglês), Sheila Bair, é contra a proposta, e o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) tem alertado que a medida poderia ser onerosa para os bancos e seus clientes.
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Os crimes de guerra dos Aliados na Segunda Guerra

O Dia D pode ter sido o começo do fim da campanha de horror da Alemanha durante a II Guerra Mundial. Mas um novo livro do historiador britânico Antony Beevor deixa claro que a “grande geração” não esteve acima de cometer alguns poucos crimes de guerra por conta própria. Foi o primeiro crime que William E. Jones já havia cometido, o que provavelmente foi por isso que ele ainda podia se lembrar muito bem tantos anos mais tarde. Ele e outros soldados da 4ª Divisão de Infantaria haviam capturado uma pequena colina. “Foi bem difícil”, Jones escreveu mais tarde, descrevendo a batalha sangrenta. Em algum momento, os soldados americanos perderam todo o controle de si mesmos. Como Jones escreveu: “(os alemães) estavam confusos e enlouquecidos. Ainda havia poucos deles em suas trincheiras. Então vi um punhado deles atirarem bem no meio das trincheiras. Não fizemos prisioneiros e não havia nada a fazer a não ser matá-los, e nós o fizemos, e eu nunca tinha disparado assim. Mesmo o nosso tenente e alguns dos oficiais não comissionados também o fizeram”. Os mortos provavelmente nunca serão identificados pelo nome, mas uma coisa é clara: as vítimas deste crime de guerra alemão foram soldados mortos na Normandia, no verão de 1944. Ao amanhecer do dia 6 de junho, os norte-americanos, britânicos e seus aliados lançaram a “Operação Overlord”, o maior desembarque anfíbio de todos os tempos. Durante a operação, tropas aliadas e alemãs lutaram entre si em uma das mais ferozes batalhas da Segunda Guerra Mundial, primeiro nas praias e, em seguida, nos campos da Normandia. Quando acabou, mais de 250 mil soldados e civis haviam sido mortos ou feridos, e a Normandia em si estava devastada.
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Zapatero garante que economia espanhola está sólida

Em pleno colapso dos mercados europeus, e em particular o espanhol, cujo índice acionário Ibex 35 caiu 5,4%, o primeiro-ministro espanhol José Luis Zapatero tentou ontem assumir o papel de bombeiro para evitar o risco de contágio da crise grega e contrariar os rumores que põem em dúvida a força das contas espanholas. “Não dou crédito, é uma loucura absoluta, uma tolice monumental”, ecoou, visivelmente irritado com a imprensa internacional, quando questionado sobre o boato de que estava preparando um plano de resgate para a Espanha, no montante de 280 bilhões de euros. A conferência de imprensa que concluiu sua visita a Bruxelas se tornou um exercício de relações públicas para tranquilizar os mercados e travar os ataques especulativos. Zapatero pediu aos investidores que se baseiem em “fatos e dados concretos”, e não “projeções ou previsões” baseadas em “informação insuficiente”. Ele lembrou que a dívida pública espanhola está 20 pontos abaixo da média da União Europeia (UE) e que o pagamento de juros não chega a 2% do PIB, ao contrário da França ou Alemanha; brandiu o aumento das receitas e os bons dados da emprego em abril – o número de desempregados caiu 24 mil -, o que será seguido por outros números similares nos próximos meses.
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A Grécia e o mito da solução fácil

Steven Pearlstein
No ano passado, avisei que os desequilíbrios estruturais da crise financeira – o crescimento explosivo do crédito, o apreçamento do risco, a má avaliação de imóveis e outros bens, o excesso de capacidade na economia global – estavam tão grandes que uma recuperação econômica rápida e fácil era altamente improvável. E em grande parte desse tempo, parecia que eu estava totalmente errado. Os estoques voltaram a crescer, os mercados de crédito reviveram, os lucros das empresas retornaram e os balanços dos bancos foram reparadas. Mas a irritante suspeita é que muito desta recuperação é o resultado do enorme estímulo fiscal e monetário, que não só fez o seu trabalho de reverter o que era uma perigosa espiral descendente, mas também permitiu que muitos países adiassem o enfrentamento desses desequilíbrios econômicos fundamentais. Não há melhor prova de que o drama financeiro agora se desenrola na Europa Ocidental, onde durante muitos anos países que vão da Irlanda a Grécia utilizaram a cobertura financeira oferecida por uma nova moeda continental para gastar demais, tomar dinheiro em demasiado e crescer exageradamente. No caso da Grécia, o governo tomou tanta dívida durante os anos da bolha que não há quase nenhuma maneira de sair para fora da situação. Se Atenas conseguir cumprir suas promessas de cortar gastos e transformar uma nação de fraudes fiscais em contribuintes, há uma boa chance de que irá desencadear uma espiral viciosa de deflação – queda dos preços, do emprego e das receitas do governo – que tornará impossível pagar as dívidas. Ou a Grécia poderia renegar as suas promessas e descobrir-se desconectada de novos empréstimos. Qualquer caminho leva a algum tipo de moratória.
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Luis Nassif

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