Painel internacional

Próximo teste para os bancos da Europa: levantar fundos

Agora que a maioria dos grandes bancos europeus navegou através do muito aguardado “teste de estresse”, eles enfrentam um desafio maior nos próximos meses: levantar bilhões de dólares de financiamento de longo prazo para financiar novos empréstimos. Em jogo, pode estar a tímida recuperação econômica da Europa. Ao contrário da situação dos EUA, a grande maioria das empresas na Europa depende dos bancos para financiamento. A menos que os bancos possam seduzir os investidores nos mercados de títulos, eles não serão capazes de fazer empréstimos de longo prazo que permitam às empresas financiar investimentos.

As empresas não financeiras na área do euro dependem do crédito bancário para cerca de 70% do seu financiamento da dívida, ao passo que as empresas dos EUA tomam cerca de 80% de seus empréstimos nos mercados de capitais, de acordo com o Banco Central Europeu (BCE). Até os testes de estresse da sexta-feira, em que apenas sete dos noventa e um principais bancos da União Europeia fracassaram, um número crescente de bancos luta para acessar financiamentos nos mercados. Em vez disso, bandearam-se em número recorde para o Banco Central Europeu a fim de contrair empréstimos para financiar as operações do dia-a-dia.

Os bancos portugueses, por exemplo, pediram um montante recorde de 40,2 bilhões de euros (US$ 51,9 bilhões) ao BCE em junho, acima dos 35,8 bilhões de euros de maio, segundo dados publicados na semana passada pelo banco central de Portugal. Antes disso, o maior valor que os bancos portugueses haviam tomado foi de cerca de 18 bilhões de euros. Na Espanha, os empréstimos bancários do BCE subiram acima de 135 bilhões de euros, também recorde, acima dos cerca de 90 bilhões de euros nos dois meses anteriores.
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A economia do medo
Registrando prejuízo recorde, BP confirma novo presidente-executivo
Cameron acusa França e Alemanha de dois pesos e duas medidas sobre a Turquia
Basileia suaviza regras de capital bancário

A economia do medo

O presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt (1933-1945) disse que não temos nada a temer senão nosso próprio medo – e embora estejamos longe da Grande Depressão, a incerteza sobre a economia está se revelando bastante assustadora e um obstáculo significativo à recuperação. O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Ben Bernanke, disse na semana passada que há uma “incerteza incomum” sobre as perspectivas econômicas da nação. E cada boa notícia parece estar anuviada pelo medo do desconhecido. Por exemplo, as empresas estão voltando aos lucros saudáveis e se sentam sobre uma pilha recorde de dinheiro – quase US$ 1 trilhão e crescendo. Mas as empresas estão relutantes em aumentar os empregos ou fazer grandes investimentos.

“As empresas continuam nervosas em relação à economia, seus custos e produtos – não é um ambiente que estimula gastos e compromisso”, disse Howard Silverblatt, analista sênior de índices da Standard & Poor’s (S&P). Os problemas de dívida na Europa e temor de desaceleração na China são apenas duas razões. E enquanto a inflação dos EUA está domesticada, mais economistas agora temem a deflação, onde a queda dos preços deixa as empresas preocupadas se elas serão capazes de gerar lucros, levando a uma espiral descendente em contratação de pessoas e investimento.

“As empresas olham para o mundo caótico e incerto, eu não acho de todo surpreendente que elas se sentem no caixa”, disse Allen Sinai, economista-chefe global da Decision Economics. Elas também estão bem preocupadas com o fato de os consumidores manterem suas carteiras fechadas. As pessoas estão poupando mais e pagando dívidas, e ao mesmo tempo que soa como uma coisa virtuosa, também pode sufocar o crescimento econômico. As vendas no varejo, que tinha mostrado sinais de vida no início do ano, caíram nos últimos dois meses.
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Registrando prejuízo recorde, BP confirma novo presidente-executivo

A British Petroleum (BP) anunciou Robert Dudley como seu próximo executivo-chefe na terça-feira e informou um prejuízo recorde de US$ 17 bilhões no segundo trimestre, ao mesmo tempo em que a empresa reserva bilhões de dólares para lidar com as consequências do derramamento de óleo no Golfo do México. A BP separou US$ 32,2 bilhões em despesas relacionadas com o vazamento, incluindo US$ 20 bilhões em um fundo legal anunciado anteriormente. Para ajudar a cobrir os custos, a empresa planeja vender ativos no valor de US$ 30 bilhões durante os próximos 18 meses. As vendas deixariam a BP com uma operação menor de exploração e produção, disse.

Dudley, norte-americano, está para se tornar o primeiro presidente não britânico da BP no início de outubro, substituindo Tony Hayward, que está deixando o cargo depois de críticas à forma como ele lidou com o vazamento. Em um comunicado na terça-feira, Dudley disse que não “subestimará a natureza da tarefa, mas a empresa é financeiramente sólida, com uma carteira invejável de ativos e equipes de profissionais que estão entre os melhores da indústria. Eu acredito que essa combinação – aliada à clara direção estratégica – colocará a BP no caminho da recuperação.”
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Cameron acusa França e Alemanha de dois pesos e duas medidas sobre a Turquia

O primeiro-ministro britânico David Cameron desafiou hoje a França e a Alemanha sobre a sua oposição à adesão da Turquia à União Europeia (UE), quando fez um incisivo alerta sobre os perigos de deixar Ancara “de fora do clube”. Em uma defesa apaixonada da Turquia, cujas aspirações à UE há muito tem sido defendidas pela Grã-Bretanha, o primeiro-ministro acusou Paris e Berlim de usar dois pesos e duas medidas, esperando que Ancara proteja as fronteiras da Europa como membro da Otan (aliança militar entre Europa e EUA), enquanto fecha a porta para a adesão à UE.

“Quando penso sobre o que a Turquia tem feito para defender a Europa como aliada da Otan e o que a Turquia está fazendo hoje no Afeganistão ao lado dos nossos aliados europeus, me dá raiva que o seu progresso rumo à adesão à UE seja frustrado da forma como tem sido. Acredito que é errado dizer que a Turquia pode guardar o acampamento, mas não pode entrar na barraca.”

Em um discurso abrangente aos líderes empresariais de Ancara, Cameron chegou à Turquia e outros países do mundo muçulmano descrevendo Gaza como um “campo de prisioneiros”. Ele também instou Ancara a usar sua influência com o Irã para dissuadi-lo de desenvolver armas nucleares. O primeiro-ministro está em uma visita de quatro dias à Turquia e Índia, iniciada na noite passada com um jantar em Ancara com Recep Tayyip Erdogan, o primeiro-ministro turco.
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Basileia suaviza regras de capital bancário 

O Comitê de Supervisão Bancária da Basileia suavizou algumas das suas regras propostas de capital e liquidez enquanto introduz novas restrições sobre quanto os credores podem emprestar, a fim de conter a sua tomada de riscos. O colegiado decidiu ontem permitir que determinados ativos, incluindo participações minoritárias em outras empresas financeiras, sejam contados como capital, de acordo com o comunicado. A comissão estabeleceu um nível de alavancagem a ser aplicado aos bancos em nível mundial pela primeira vez, o que poderia se tornar obrigatório em 2018, enquanto se aguarda novos ajustes aos métodos de cálculo dos ativos dos bancos.

“Mesmo depois de todos os compromissos, os bancos não estão fora de problemas como regras mais estreitas de capital e liquidez”, disse Frederick Cannon, estrategista-chefe da consultoria financeira Keefe, Bruyette & Woods, de Nova York. França e Alemanha lideraram os esforços para enfraquecer as regras propostas pela comissão em dezembro, preocupadas com que seus bancos e economia não sejam capazes de suportar a carga de requisitos maiores de capital até que a recuperação se estabilize, de acordo com banqueiros, reguladores e lobistas envolvidos nas negociações. Os EUA, Suíça e Reino Unido têm resistido a esses esforços.
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Luis Nassif

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