Painel internacional

Esta não é uma recuperação

Paul Krugman
O que Ben Bernanke, o presidente do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), dirá em seu discurso na sexta-feira em Jackson Hole, Wyoming? Ele sinalizará novas medidas para turbinar a economia? Fiquem ligados. Mas podemos prever com segurança o que ele e outros funcionários dirão sobre onde estamos agora: que a economia continua a se recuperar, embora mais lentamente do que gostaríamos. Infelizmente, isso não é verdade: essa não é uma recuperação, em qualquer sentido da questão. E os formuladores políticos deveriam fazer tudo que puderem para mudar esse fato.

A pequena lasca da verdade na justificativa de recuperação contínua é o fato de que o PIB segue aumentando: não estamos em uma recessão clássica, em que tudo desaba. Mas e daí? A questão importante é se o crescimento está sendo rápido o suficiente para reduzir o desemprego nas alturas. Precisamos de uma expansão de aproximadamente 2,5% apenas para estabilizar o desemprego, e um aumento muito mais rápido para baixá-lo de forma significativa. No entanto, o crescimento está em algum lugar entre 1% e 2%, com uma boa chance de cair ainda mais nos próximos meses. Será que a economia entrará realmente em um mergulho duplo, com diminuição do PIB? Quem se importa? Se o desemprego aumentar pelo resto deste ano, o que parece provável, não importa se os números do PIB estão ligeiramente positivos ou negativos.

Tudo isso é óbvio. No entanto, os formuladores políticos estão em negação. Depois da última reunião de política monetária, o Fed divulgou um comunicado declarando que “antecipa um retorno gradual aos níveis mais elevados de utilização de recursos” – o discurso para a queda do desemprego. Nada nos dados sustenta esse tipo de otimismo. Enquanto isso, Tim Geithner, o secretário do Tesouro, diz que “estamos no caminho da recuperação.” Não, não estamos.

Por que (os membros do Fed) são pessoas que conhecem melhor a açucarada realidade econômica? A resposta, me desculpe dizer, é que é tudo sobre fuga da responsabilidade. No caso do Fed, admitir que a economia não está se recuperando colocaria a instituição sob pressão para fazer mais. E, até agora, pelo menos, o Fed parece mais assustado com a possível perda de moral se tentar ajudar a economia e falhar, do que com os custos para o povo norte-americano se não fizer nada, e se contentar com uma recuperação que é uma recuperação.
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Por que outro estímulo fiscal não vai funcionar – Mohamed A. El-Erian
Economia britânica cresceu “mais do que se pensava”
Alemanha sofre com escassez de trabalhadores qualificados
Índia suspende intercâmbio de defesa com a China

Por quPor que outro estímulo fiscal não vai funcionar

Mohamed A. El-Erian
A grande esperança alguns meses atrás era a de uma “recuperação de verão”, com a economia respondendo favoravelmente às várias iniciativas políticas. No entanto, a recuperação perdeu força e, enquanto o final do ano não será tão arrasador quanto o trimestre final de 2008 – quando a economia mundial sofreu uma parada cardíaca -, irá conseqüentemente afetar o bem-estar de milhões de pessoas.

Durante o verão, os dados sinalizados tornaram-se mais alarmantes. Apesar de toda a retórica sobre a criação de emprego, o desemprego continua elevado e o problema está se tornando estrutural (e, portanto, mais difícil de resolver). O crédito ao consumidor continua se contraindo, enquanto pequenas empresas têm dificuldades para acessar novas linhas de crédito bancário. A atividade em habitação está caindo, e os preços dos imóveis estão destinados a novas quedas, como o aumento das execuções hipotecárias. A balança comercial teve uma guinada sinistra, com as exportações estagnando e as importações aumentando. Mais norte-americanos estão caindo pelos grandes buracos da rede de segurança do país.

Os mercados de capitais estão novamente sob pressão, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro entraram em colapso refletindo suas preocupações crescentes sobre as fracas perspectivas econômicas. Com tamanha fragilidade, famílias e empresas tornaram-se ainda mais cautelosas, minando os “espíritos de luta” necessários para a expansão econômica. Entretanto, os Estados Unidos têm recebido pouca ajuda do resto do mundo. Sim, o crescimento alemão está avançando, mas uma parcela significativa reflete o bom funcionamento da sua máquina de exportação. Os efeitos colaterais benéficos tem sido imateriais. E apesar da narrativa política contrária, as preocupações do mercado com a solvência da dívida de alguns países da zona do euro (Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha) continuam altas.
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Economia britânica cresceu “mais do que se pensava”

A economia britânica cresceu mais do que o inicialmente pensado no segundo trimestre de 2010, impulsionada pelo forte desempenho do setor de construção civil. A economia cresceu 1,2% no trimestre, disse o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês), revisando para cima a estimativa inicial de 1,1% de crescimento. Essa foi a mais rápida taxa de expansão trimestral registrada desde os primeiros três meses de 2001.

Mas uma área que sofreu grande queda foi a de transporte aéreo, que caiu 11%. A primeira estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) geralmente é revista duas vezes, em intervalos mensais. O ONS disse que a atividade de construção cresceu 8,5% no segundo trimestre, acima da estimativa anterior de 6,6%. Aileen Simkins, do ONS, disse que o efeito total no trimestre foi “muito positivo”. Ela disse que a queda no transporte aéreo refletiu o efeito da nuvem de cinzas em abril, bem como a greve da British Airways.

Um porta-voz do Tesouro disse: “enquanto o governo está cautelosamente otimista sobre o caminho para a economia, (é porque) o trabalho ainda não está concluído.” A prioridade continua sendo a implementação de políticas orçamentárias que escorem o reequilíbrio econômico e assegurem o crescimento sustentado que o Escritório de Responsabilidade Orçamentária previu para este ano e o próximo.”
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Alemanha sofre com escassez de trabalhadores qualificados

A surpreendente força da recuperação econômica da Alemanha está agravando um problema já preocupante para legiões de suas empresas: a escassez de trabalhadores qualificados. Industriais e economistas há muito têm alertado para a ameaça da falta de trabalhadores alemães qualificados, em consequência da taxa de natalidade em declínio e um êxodo em anos recentes de engenheiros e outros profissionais altamente treinados para toda a União Europeia, Estados Unidos e outros lugares. Mas a rápida recuperação da economia de exportação da Alemanha nos últimos meses repentinamente trouxe à tona o problema para muitas empresas nacionais, que temem que a escassez possa restringir sua capacidade de resposta à recuperação nascente.

Embora o desemprego alemão ainda beire em torno de 7,6%, cerca de 70% das empresas alemãs relatam que estão tendo dificuldades para encontrar mestres artesãos o suficiente, técnicos e outros trabalhadores qualificados, de acordo com a pesquisa divulgada esta semana pela Associação de Câmaras de Indústria e Comércio da Alemanha (DIHK, na sigla em inglês). As empresas não têm sido capazes de preencher algumas das 36 mil vagas de engenharia abertas em todo o país, noticiou a associação de engenheiros. A Bitkom, maior associação alemã de indústria de tecnologia da informação (TI), diz que o mesmo vale para os 43 mil postos de TI.

“E isso está acontecendo justamente quando mal saímos da grave recessão de 2009”, disse Hans Heinrich Driftmann, presidente da DIHK. “Quando a economia melhorar e as empresas precisarem contratar mais, isso só vai se agravar.” Por ora, as empresas referência da Alemanha, como Siemens e BMW, tem candidatos bastante qualificados a emprego, graças ao recrutamento agressivo e programas generosos de formação. Mas muitas das Mittelstand, as milhares de pequenas e médias empresas que constituem a espinha dorsal de sua economia exportadora e provedora de 70% dos empregos na Alemanha, estão lutando para encontrar os empregados necessários, ao mesmo tempo em que a procura aumenta.
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Índia suspende intercâmbio de defesa com a China

Breaking  Beijing News.Net - Beijing News.Net

A Índia decidiu suspender seu intercâmbio de defesa com a China, como reação à recusa de visto para o tenente-general BS Jaswal, o comandante-em-chefe do Comando Norte, com o fundamento de que ele controlava operações em áreas em disputa, Jammu e Caxemira. Reagindo aos relatórios de cancelamento, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores (MEA, na sigla em inglês) praticamente admitiu na sexta-feira que havia surgido um problema assim que as discussões ficaram preocupantes.

O porta-voz disse: “temos uma importante, complexa e multifacetada relação com a República da China. Nossa interação tem crescido em várias áreas, incluindo a defesa. Nos últimos anos, tivemos trocas úteis em vários níveis.” Referindo-se à negação do visto ao tenente-general Jaswal, ele disse: “a visita, mencionada no jornal de hoje, não aconteceu, por certas razões”, disse.

“Embora valorizemos nosso intercâmbio com a China, tem de haver sensibilidade em relação às preocupações dos outros. Nosso diálogo com a China sobre essas questões está em andamento”, acrescentou. De acordo com relatórios, o tenente-general Jaswal foi nomeado pelo governo para visitar a China, como parte do intercâmbio regular de alto nível entre os departamentos de defesa dos dois países.
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Luis Nassif

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