Painel internacional

Falcões da austeridade perdem cartaz na Irlanda

Matthew Lynn
O que um país precisa fazer para garantir o êxito do euro? A Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) diriam que a receita é simples: cortar o seu déficit orçamentário, reduzir salários, manter os impostos competitivos, aumentar as exportações e viver com austeridade. Há apenas um problema: a Irlanda tem seguido precisamente essa fórmula e não tem se saído muito bem. O governo está sendo espremido no momento em que o custo de resgates dos bancos está subindo. Culpe-se os bancos.

Se há um país que comprova a bagunça que a moeda única se tornou – não é a Grécia, ou mesmo Espanha ou Portugal -, é a Irlanda. Quando os países quebram as regras e, em seguida enfrentam problemas, não é de se surpreender. Mas se eles se atém aos livros de regras e ainda assim incorrem em mais problemas, isto sugere que há algo muito errado com o sistema em si. Na semana passada, houve uma forte lembrança de que a Irlanda ainda tem um longo caminho de resgate do mercado, quase dois anos depois que o desastre de crédito estourou as bolhas imobiliária e de ativos que havia se formado no país durante a maioria da década passada.

A Irlanda tinha uma das economias mais bem sucedidas do mundo quando se juntou ao euro em 1999. Tudo o que conseguiu da união monetária foi uma enorme bolha financeira e imobiliária, um colapso que vai cicatrizar o país por uma geração. A Comissão Europeia e o BCE deveriam olhar firmemente para a experiência irlandesa. Eles deveriam suspender o limite de déficits orçamentários por cinco anos até que haja algum sinal de crescimento econômico. Também deve haver isenção de pagamentos do resgate da Grécia – é loucura para os irlandeses emprestar dinheiro para um país que está no mesmo barco. Uma saída diplomática da zona do euro deve ser utilizada como último recurso.

Se a austeridade não funciona para a Irlanda, dificilmente vai ajudar a Grécia, Portugal ou Espanha. Toda a experiência de união monetária estará condenada se os líderes do euro não abandonarem suas receitas simplistas.
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FMI estende opções de empréstimos a países em desenvolvimento

Dez siDez sinais de uma economia ainda problemática

Taxas de natalidade declinantes! Recorde de inscritos em programas de luta contra a pobreza! Um pico de assassinatos! Proprietários enfrentando remodelação de projetos! (Ok, aquele último ponto de exclamação não se justifica, mas eu estava em um rolo) E mais. Aqui, dez indicadores de como a economia, cidades norte-americanas e cidadãos estão se saindo ultimamente:

1. Poucas pessoas têm seguro de vida. Um pouco menos: 70% dos norte-americanos têm seguro, que é a menor percentagem em meio século, de acordo com o Wall Street Journal.
2. Um pico de homicídios-suicídios em Sin City (Las Vegas). Segundo a Associated Press, autoridades de Las Vegas estão culpando a economia pelo afluxo recente de crimes locais.
3. Tanto a demanda e os custos da TV a cabo estão aumentando. As pessoas não estão cortando despesas desnecessárias e se endividando cada vez mais.

4. As bibliotecas de Seattle estão fechadas. Os cortes orçamentários estão levando à interrupção de alguns serviços públicos.
5. Quartéis de bombeiros estão fechando em todos os lugares. Cidades estão suspendendo os serviços e já estão sendo acusadas de negligência.
6. Os hospitais públicos estão se transformando em privados. Muitos municípios estão vendendo seus hospitais para a iniciativa privada com fins lucrativos.

7. Mais habitações estão sendo reformadas. No difícil mercado imobiliário de hoje, já que você encontra dificuldades de vender sua casa, pode torná-la tão confortável quanto possível e aumentar o seu valor.
8. A procura por MBAs está em baixa. Depois de anos de aumento constante, o número de inscrições para tempo integral o outono caiu 2%, e o de meio período diminuiu 7%.
9. A taxa de natalidade dos EUA caiu para a menor taxa em mais de um século. A natureza incerta da economia é o que tem desestimulado a geração de filhos.
10. Um número recorde de norte-americanos estão inscritos nos programas de combate à pobreza.
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Uma nova chance para a paz

Editorial
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente palestino, Mahmoud Abbas, vão abrir negociações sobre uma solução de dois Estados na quinta-feira, em Washington. Estas serão as primeiras negociações diretas entre as duas partes em 20 meses, e será um teste inicial de seriedade de intenções para os dois líderes. A moratória de Netanyahu em relação à construção de assentamentos expira em 26 de setembro. Abbas ameaçou se retirar das conversações diretas se a suspensão não fosse prorrogada, e Netanyahu sinalizou que planeja reiniciar as construções.

Os dois líderes podem estar disputando vantagens políticas, mas a idéia de que as negociações possam desmoronar antes de ter a chance real de decolar é preocupante. A administração Obama precisa trabalhar duro – e criativamente – para ajudar a encontrar uma solução até a temperatura limite, em 26 de setembro. Os palestinos estão justificadamente preocupados que os projetos de assentamento mordisquem terras disponíveis para o seu futuro Estado. Se Abbas estiver envolvido em conversações diretas sérias, Netanyahu não terá qualquer desculpa para continuar as construções. Como crédito de Netanyahu, os assentamentos diminuíram consideravelmente desde que a moratória de 10 meses foi posta em prática, e que melhorou a atmosfera de negociações.

Há outras correntes positivas. A violência contra os israelenses diminuiu. As forças de segurança palestinas estão cada vez mais competentes no policiamento na Cisjordânia. As autoridades palestinas apertaram o cerco contra o incitamento, incluindo a remoção de imãs e professores que estimulam ataques contra israelenses. Mais ainda pode ser feito. O grande adicional pode ser o comprometimento do presidente Obama. Seu antecessor ignorou o conflito por sete anos antes de organizar uma conferência de paz em 2007 que tinha preparação insuficiente e inadequado investimento presidencial. Obama fez da paz no Oriente Médio uma prioridade inicial. Ele corretamente vê o conflito israelo-palestino como fator de maior instabilidade regional. Ele é mais equilibrado em sua abordagem do que o seu antecessor, e seu enviado-chefe, George Mitchell, passou incontáveis horas aproximando as partes.
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Polícia mexicana captura poderoso traficante 

Um homem norte-americano acusado de ser um dos mais cruéis chefes de drogas do México foi capturado na segunda-feira, disseram oficiais federais, em um momento em que o Presidente Felipe Calderón redobrou os esforços para convencer o público que o governo está ganhando a guerra contra as drogas. A Polícia Federal disse que os oficiais capturaram Edgar Valdez Villarreal – cujo visual de boneca lhe valeu o apelido de “Barbie” – em algum lugar no estado da Cidade do México, como parte de uma operação de inteligência que começou em junho de 2009. O comunicado do governo não ofereceu mais detalhes.

Ele é, pelo menos, o terceiro traficante de alto escalão suspeito que foi capturado ou morto pela polícia mexicana este ano. Mas a prisão de Valdez era vista como particularmente significativa, porque estava prestes a assumir a poderosa organização Beltrán Leyva, e havia sido aliado do homem mais procurado do México, Joaquin Guzmán Loera, conhecido como “El Chapo”, ou Baixinho.

A batalha de Valdez para controlar a quadrilha Beltrán Leyva levou a uma sangrenta disputa, incluindo a descoberta de quatro corpos decapitados este mês perto de Cuernavaca. Valdez, que nasceu em Laredo, Texas, enfrenta uma acusação no Tribunal Distrital dos Estados Unidos em Atlanta, acusado de distribuir toneladas de cocaína proveniente do México para o leste dos Estados Unidos em 2004-2006. A prisão foi no mesmo dia que o chefe da polícia federal disse que 3.200 funcionários foram demitidos este ano, cerca de um décimo da força, porque não tinham passado no detector de mentiras e em outros testes destinados a erradicar a corrupção.
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FMI estende opções de empréstimos a países em desenvolvimento 

O Fundo Monetário Internacional disse nesta segunda-feira que iria ampliar as linhas de empréstimos para estimular uma gama de países em desenvolvimento a obter ajuda financeira antes de serem engolfados pela crise. Sob uma nova “linha preventiva de crédito”, o FMI disse que emprestaria uma quantia substancial de dinheiro para países cujas políticas sejam genericamente endossáveis, antes que entrem em apuros. O empréstimo funcionaria como uma linha de crédito, assim o país não teria que usar dinheiro e pagar juros, a menos que necessite de financiamento.

O programa ofereceria empréstimos de até cinco vezes a cota de um país, ou seja, de sua participação financeira no FMI, com a possibilidade de duplicação após um ano. A Indonésia, por exemplo, tem uma quota de US$ 3,1 bilhões, então seria elegível para uma linha de crédito de até US$ 31 bilhões. Não está claro se muitos dos 187 membros do FMI se interessarão pela nova linha de crédito, ou, em caso afirmativo, de que seriam elegíveis. Isso porque a linha de crédito destina-se a países com políticas que o FMI geralmente aplaude, mas que são vistas como tendo deficiências “moderadas” em uma ou duas de cinco áreas: abertura comercial, política fiscal, política monetária, solidez do setor financeiro e disponibilidade de dados financeiros.
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Luis Nassif

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