Passar o Reino Unido não é tudo, entende diretor da BRAiN

Do Valor


Por Tainara Machado | Valor

SÃO PAULO – Passar a economia do Reino Unido e tornar-se o sexto maior Produto Interno Bruto (PIB) do planeta tem efeito benéfico para a imagem do Brasil. “É muito mais positivo para imagem, o efeito prático é menor”, afirmou André Sacconato, diretor de pesquisa da Brasil Investimentos & Negócios (BRAiN), entidade criada em 2010 com o objetivo de tornar o ambiente de negócios no país mais favorável.

Segundo levantamento do Centro de Pesquisa de Economia e Negócios (CEBR, na sigla em inglês) divulgado nesta segunda-feira pelo jornal britânico “The Guardian”, o Brasil passou o Reino Unido para se tornar a sexta maior economia do mundo. O levantamento do CEBR aponta ainda que a Rússia e a Índia, que também fazem parte do Brics (grupo formado ainda por China, Brasil e África do Sul), devem se beneficiar de um “surto” de crescimento nos próximos dez anos e relegar a economia britânica ao oitavo lugar entre as maiores do mundo.

Para Sacconato, o Brasil tem atualmente um ambiente macroeconômico e institucional que lhe garante vantagens comparativas na competição com outros emergentes, como China e Índia, por exemplo. Na sua avaliação, o Brasil tem condições regulatórias e estabilidade política e civil ausentes em outros Brics que tornam o país atrativo, mesmo com taxas menores de crescimento no longo prazo.

Apesar do ambiente favorável, Saccomato defende um olhar microeconômico, que combata os entraves que limitam o PIB potencial do país (estimativa de capacidade de crescimento sem provocar aumento da inflação) a algo próximo a 4,5%.

Na opinião do diretor, algumas medidas adotadas recentemente, como iniciativas para racionalizar o complexo sistema tributário brasileiro, sinalizam que o governo está olhando para o rumo certo. “É um passo na direção certa, mas o governo também precisa de certa ajuda, a iniciativa privada tem que auxiliar o governo a desenvolver propostas”, afirmou Sacconato.

O diretor do BRAiN avalia que o Brasil ainda precisa diminuir a burocracia e investir em infraestrutura, além de aumentar investimentos e a taxa de poupança da população.

De acordo com o CEBR, o crescimento do Brasil nos últimos anos foi lastreado no aumento das exportações para a China e outros países asiáticos. Sacconato, no entanto, não avalia que a pauta de exportações do Brasil seja muito concentrada em matérias-primas, mas enxerga necessidade de diversificação. No entanto, alerta, “se o país quiser gerar mais valor adicionado, tem que fazer o Brasil ficar mais competitivo e investir em capital humano”, afirmou.

Uma política industrial que beneficie apenas determinados setores não atende essas demandas. “Tem que ser um conjunto de medidas que melhore para todo mundo. Pode ser desoneração da folha, diminuição da burocracia”, afirmou.

Luis Nassif

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